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37º Festival Internacional de Teatro de Manizales recebe quatro grupos mineiros de teatro
Espanca!, Teatro Andante, Cia Lua Lunera e Teatro Invertido integram a programação de um dos mais importantes festivais de teatro da América do Sul como convidados especiais
Entre os dias 04 e 13 de setembro, a cidade de Manizales, na Colômbia, abriga o XXXVII Festival Internacional de Teatro de Manizales, considerado como importante ponto de encontro da dramaturgia contemporânea. Nesta edição, quatro grupos da capital mineira cidade estão na programação como convidados especiais do festival. Eles irão apresentar versões em espanhol de espetáculos bastante conhecidos do público mineiro como Amores Surdos, do Espanca!; Olympia, do Teatro Andante; Aqueles Dois, da Luna Lunera; e Os Ancestrais, do Teatro Invertido. Cada grupo fará duas sessões de cada espetáculo. Durante o mês de agosto, público belo-horizontino também teve a oportunidade de conferir as versões em espanhol das quatro montagens durante o Intercâmbio Teatral Via Dupla.
Criado há 47 anos, o Festival Internacional de Teatro de Manizales celebra, em 2015, sua 37ª edição. Durante toda a sua existência, o evento já recebeu representantes de mais de 40 países, ultrapassando a marca de 700 companhias de teatro e 6.500 artistas. Em 2015, serão 13 atrações nacionais e 24 companhias de teatro internacionais, somando 278 artistas. Nesta edição, o convidado de honra será o Teatro Colón, de Bogotá. Os grupos mineiros aparecem como convidados especiais, sendo as únicas representantes do Brasil no festival.
Em conjunto, as companhias formam a Platô, uma plataforma criada em 2013 com a proposta de promover a internacionalização de espetáculos produzidos por grupos de Minas Gerais. Dirigida por Marcelo Bones, a plataforma atua em festivais, simpósios, feiras e rodadas de negócios internacionais, difundindo a produção teatral mineira contemporânea.
A Platô funciona como uma espécie de consórcio. Por meio dela, os grupos participantes dividem despesas relativas à promoçãoe a participação em eventos no Brasil e no exterior, incluindo viagens e a produção de material de divulgação, apresentado eminglês, espanhol e português. O projeto já foi contemplado com o prêmio Iberescena, um fundo de ajuda às artes cênicas ibero-americanas.
Sobre as companhias e montagens apresentadas
Grupo Espanca! - Sediado em Belo Horizonte, o grupo Espanca foi fundado em 2004. Nesse período, a companhia criou 6 peças de teatro, um conjunto de obras que revela sua pesquisa sobre a encenação de dramaturgias contemporâneas, propondo discussões sobre os códigos do fenômeno teatral e uma escrita cênica chamada de “poética da violência”. Há mais de 3 anos, o grupo ainda mantém um espaço cultural no hipercentro de Belo Horizonte, aberto a propostas artísticas de diversas linguagens. Com ‘Por Elise’ (2005), ‘Amores Surdos’ (2006), ‘Congresso Internacional do Medo’ (2008) e ‘Marcha Para Zenturo’ (2010), o Espanca criou espetáculos inéditos escritos pela dramaturga Grace Passô. Estes textos foram publicados numa coleção de livros que pode ser adquirida em livrarias de todo o país, pela internet ou com o próprio grupo. ‘O Líquido Tátil’ (2012) foi escrito e dirigido pelo argentino Daniel Veronese, um dos maiores nomes do teatro mundial. O grupo estreou em 2014 a montagem ‘Dente de Leão’, com dramaturgia de Assis Benevenuto. Na última década, todos estes trabalhos somaram 587 apresentações em 57 cidades de 15 estados brasileiros, além de Alemanha, Colômbia e Uruguai.
Amores Surdos -Um pai ausente e uma mãe superprotetora criam seus filhos com muito zelo. Pequeno tem problemas respiratórios, a adolescente se refugia em seus fones de ouvido, Samuel tem dificuldades para sair de casa, o mais velho é sonâmbulo e dá trabalho nas madrugadas, Júnior mora longe e sempre liga para matar saudades. Uma família comum convive em situações corriqueiras: toma café, briga entre si, alguém adoece… enfim, vive seus problemas cotidianos. O espetáculo fala da capacidade do homem de estar dormindo, mesmo quando acordado; porque, mesmo quando acordados, os personagens não se ouvem, não se enxergam, não se percebem, em rituais do cotidiano que conduzem à alienação e à incomunicabilidade. Tudo corre como o esperado, até que todos são obrigados a reconhecer e conviver com as consequências desse amor alimentado por todos, diariamente. Segunda peça do grupo, trata de um silencioso acordo de amor que se chama intimidade. Por isso, vem dela a força que consolidou o Espanca!. Em princípio uma história normal, afinal, todas as histórias do mundo já foram contadas.
Teatro Andante - O Grupo Teatro Andante é hoje um dos mais atuantes e importantes de Belo Horizonte, tendo participado de festivais nacionais e internacionais. Fundado por Marcelo Bones e Ângela Mourão, em 1990, tem, atualmente, três espetáculos em repertório ativo: “Olympia”, “Musiclown” (espetáculo de palhaços músicos já visto por mais de 200 mil pessoas) e “Grande Cello” (solo de palhaço e mágicas, com Marcelo Bones), com os quais o grupo roda o Brasil. Durante os 16 anos de existência, o Andante é movido pela descentralização artística e difusão do teatro para parcelas da população que não têm acesso às casas de espetáculos e que estão fora dos eixos culturais.
Olympia - O espetáculo Olympia é baseado na história da mais famosa errante brasileira, que nas ruas de Ouro Preto encantava turistas, artistas e moradores da cidade, contando a sua maneira, divertida e engraçada, histórias do Brasil, de Minas de e Ouro Preto . Em primoroso trabalho corporal e vocal, a atriz Ângela Mourão utiliza várias técnicas do teatro contemporâneo para transitar entre a personagem Olympia, a narradora da história; a máscara, que representa os delírios da "Senhora" e a própria atriz, que se revela em cena.
Cia Luna Lunera - A Cia. Luna Lunera foi fundada em 2001, em Belo Horizonte. Ao longo destes 12 anos, a Cia. tem investido em diversificados caminhos de criação, através da pesquisa continuada e do diálogo com outros criadores contemporâneos. Nestes percursos foram construídos seis espetáculos: “Perdoa-me por me traíres” (de Nelson Rodrigues; direção Kalluh Araújo, 2001); “Nesta Data Querida”, (dramaturgia de Guilherme Lessa; direção Rita Clemente, 2003); “Não desperdice sua única vida ou...” (dramaturgia e concepção Cia. Luna Lunera e Cida Falabella; direção Cida Falabella, 2005); “Aqueles Dois” (da obra de Caio Fernando Abreu; direção Cia. Luna Lunera, 2007); “Cortiços” (da obra de Aluísio Azevedo; direção Tuca Pinheiro, 2008) e agora, “Prazer” (com direção e dramaturgia da Cia. Luna Lunera, 2012-2013). A Cia. produziu ainda, em 2009, o espetáculo infantojuvenil “Um gato para Gertrudes”, com direção e dramaturgia de Fafá Rennó, ex-integrante do grupo, e a Siana – Semana Internacional de Artes Digitais e Alternativas, evento integrante do calendário oficial do Ano da França no Brasil (França.Br).
Aqueles Dois - Da rotina de uma “repartição” – metáfora para qualquer ambiente inóspito e burocrático de trabalho, revela-se o desenvolvimento de laços de cumplicidade entre dois de seus novos funcionários, Raul e Saul. É que “num deserto de almas também desertas, uma alma especial reconhece de imediato a outra”. No entanto, essa relação acaba gerando incômodo nos demais colegas de profissão. O espetáculo Aqueles Dois foi criado a partir do conto homônimo do escritor gaúcho Caio Fernando Abreu (1948-1996).
Teatro Invertido - Grupo de atores de Belo Horizonte, que surgiu no ano de 2004, com o principal objetivo de aprofundar a pesquisa em treinamento do ator e criação cênica que iniciada no curso de graduação em teatro da UFMG. A cada nova montagem, reafirma o interesse pela investigação artística e pela colaboração como princípios fundamentais de trabalho. Em seus espetáculos buscam uma dramaturgia que dialogue com seus desejos e com o tempo em que vivem. Atualmente têm em repertório seis peças: Nossa Pequena Mahagonny (2003), Lugar Cativo (2004), Medeiazonamorta (2006), Proibido Retornar (2009), Estado de Coma (2010) e Os Ancestrais (2013).
Os Ancestrais - Os Ancestrais parte de uma situação fantástica para abordar temas como os laços familiares e a noção de propriedade da terra no Brasil. A história trata das contradições dos relacionamentos familiares e o abismo existente entre os desejos individuais que permeiam essa convivência numa situação limite, de construção de uma nova ordem após uma grande tragédia. Entretanto, através do microcosmo do lar desfeito, da casa que ruiu, expandimos nosso olhar para a construção da identidade brasileira, de um país que traz em sua gênese a invasão, o desterro e a desigualdade. É da sobreposição dessas e de diversas outras camadas e, mais ainda, na mistura de todas elas, que surgem os escombros de nossa (H)história.
Foto: Divulgação
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