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No palco sete mulheres visitam internos do sistema penitenciário. Mas, em lugar do preso, há apenas o olhar do espectador. A ele os conflitos apresentam-se e evoluem a partir de um diálogo em que apenas uma das partes é audível – a da visitante. Assim se desenrola o espetáculo “Jumbo – Eu visito a tua ausência”, da companhia carioca Baú da Baronesa, que estará em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB BH) de 11 a 14 de setembro. Com direção de Joana Lebreiro e texto de Cilene Guedes, a peça - vencedora do Prêmio Funarte Myriam Muniz - é resultado de extensa pesquisa trazendo personagens e roteiro que são mosaicos de realidade e ficção, dramaturgia e documento.

“Jumbo – Eu visito a tua ausência” é o primeiro espetáculo desenvolvido pela cia Baú da Baronesa, um grupo de jovens atrizes que se conheceram na Casa das Artes de Laranjeiras (CAL), no Rio de Janeiro, onde estudaram juntas. A ideia para essa primeira criação veio de uma realidade comum em todo o país, onde meio milhão de pessoas vive em prisões. A maioria, homens. Do lado de fora, uma outra população enorme - de mulheres - está presa a eles. Esposas, namoradas, mães, avós, filhas, que somam 90% do público visitante de penitenciárias. Para ver seus presos, essas mulheres passam privações, humilhações e criam rotinas duras estabelecendo regras de sobrevivência e coleguismo.

Durante a peça, parte da plateia fica segmentada em sete pequenos grupos, representando, cada um, um preso a ser visitado. As visitas são simultâneas. Cada grupo de espectadores mergulha no dilema de uma das sete personagens. Entre as visitas, cenas que revelam rotinas de esforço e constrangimento, as restrições minuciosas ao que pode entrar na cadeia, as relações ambíguas que criam entre si e com seus homens, os discursos que constroem para conseguir tocar a vida.

Neste universo, o termo jumbo significa uma espécie de pacote que as mulheres preparam e que aglutina coisas heterogêneas, como comidas e objetos de uso e de higiene pessoal. Jumbo se refere a um pacote de cuidados que a dramaturgia e a encenação tratam de materializar por meio de escolhas que expõem intimidades das personagens e momentos particulares com seus entes queridos

Foto: Divulgação