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10ª Mostra Mundo Árabe de Cinema: além da programação de filmes, Belo Horizonte recebe debate e apresentação musical esta semana
A 10ª Mostra Mundo Árabe de Cinema, que começou dia 20 em Belo Horizonte, traz esta semana duas atrações integradas aos filmes: um encontro com Nirah Shirazipour, produtora de “Marte ao Amanhecer”, após a exibição do filme, em 28 de agosto, e a apresentação musical Latino-Árabe, no dia 29, com Cláudio Qairouz (qanoun), o tunisiano Raouf Jemni (qanoun) e Júnior Pita (violão de sete cordas), com repertório montado originalmente para a Mostra Mundo Árabe de Cinema, após a exibição de “Sotto Voce”.
Nirah Elyza Shirazipour é produtora cinematográfica, antropóloga, escritora e musicista. Atua como produtora do coletivo cinematográfico Eyes Infinite Films, onde produziu filmes que abordam a relação entre a militarização da cultura e a criatividade, principalmente nos territórios da Palestina e Israel, como “Marte ao Amanhecer”, dirigido por Jessica Habie e diversos documentários. Nirah é uma das principais organizadoras do Eyes Wide Open Artistic Peace Movement, um coletivo de artistas e hip-hop em Montreal.
Esta edição da Mostra, a maior já realizada e a primeira que inclui a capital mineira, promove o diálogo do cinema com outras artes, como a literatura, a música e o teatro na construção da crítica política de nosso tempo. A Mostra é realizada pelo Instituto da Cultura Árabe (ICArabe), em parceria com o Sesc-SP, o Sesc-ES, o Centro Cultural Banco do Brasil – São Paulo, o Centro Cultural Banco do Brasil – Belo Horizonte, o Centro Cultural São Paulo e a Câmara de Comércio Árabe-Brasileira.
A programação apresenta mais de 30 filmes e diversas atividades abertas ao público, como debates com convidados nacionais e internacionais e encontros musicais em quatro cidades: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Vitória (veja abaixo a programação de Belo Horizonte).
Os filmes integrados aos eventos:
Inédito no Brasil “Sotto Voce”, do diretor marroquino Kamal Kamal, lida com os sentimentos e os sentidos dentro de uma realidade complexa, um retrato simbólico de uma região que passa por um momento de impasse e de extrema violência política. Por meio de uma sensibilidade aguda, transitando entre o subjetivo e o político, os projetos são colocados em xeque. O filme é a jornada de uma região por suas complexidades, permeada por música de Kamal Kamal, que também é compositor.
Também inédito, o filme “Marte ao Amanhecer” (Palestina/Canadá/EUA) narra o conflito entre dois artistas frustrados que residem em lados opostos das fronteiras militarizadas de Israel. Inspirado pela jornada criativa do renomado artista visual palestino exilado Hani Zurob e em histórias verídicas da região, o filme demonstra os sentimentos do poeta judeu norte-americano Azzadeh e o pintor palestino Khaled, para retratar uma vida marcada pelo conflito.
A programação em Belo Horizonte terá, em seu primeiro dia, duas produções do Iêmen: “Indignação não tem muros”, que concorreu ao Oscar no ano passado na categoria Curta Documentário, e “A casa das amoreiras”, ambos da diretora Sara Ishaq. O documentário retrata as revoltas populares naquele país a partir das vidas de dois pais de família em meio à repressão violenta aos protestos de 18 de março de 2011, quando atiradores pró-governo assassinaram brutalmente 53 pessoas e deixaram milhares feridos.
10 anos de cinema árabe no Brasil
Referência como evento cinematográfico, a Mostra Mundo Árabe de Cinema consagra-se em 2015 como evento internacional, aproximando o público da produção cinematográfica do mundo árabe e de outros países que abordam a temática árabe, como produções europeias e latinas.
A Mostra vem, ano a ano, contribuindo para dialogar com a sociedade brasileira e mostrar uma parte considerável da cultura árabe para esse público. “Não só a cultura árabe do passado, mas a cultura árabe do presente, que é muito viva. Mostrar as questões sociais, sociológicas, antropológicas, porque cultura é isso. Cultura não é uma coisa estática. É algo muito dinâmico”, ressalta sua idealizadora, Soraya Smaili.
Para o curador e diretor da Mostra, Geraldo Adriano Godoy de Campos, os filmes apresentados desestabilizam referenciais que muitas pessoas têm como certos, como por exemplo, a dicotomia entre Oriente e Ocidente. “Neste percurso, a Mostra permite uma permanente interação entre componentes estéticos e políticos. Políticos em vários sentidos. Primeiramente, em um sentido da aproximação com questões geopolíticas e econômicas do Mundo Árabe e do Oriente Médio. Mas é também política a constatação de que as questões que a Mostra reflete falam também sobre nós.”
Foto: Divulgação
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