Notícias

De 1º a 5 de setembro (quinta a segunda), as companhias mineiras Grupo de Teatro Armatrux, Grupo Atrás do Pano e Grupo Dos Doisabrigam em suas sedes, no município de Nova Lima (MG), a primeira edição do Encontro Latino Americano de Teatro de Grupo. O evento é uma realização das companhias, em parceria com o CLT - Corredor Latinoamericano de Teatro, com o apoio cultural do BDMG - Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais.

São ao todo sete espetáculos, sendo cinco internacionais inéditos na capital mineira: "Yo Cual Delmira" (Uruguai), "No Limite da Dor" (Portugal), "La Niña Astronauta"(Chile), "Una Furia Patria"(Argentina), Pichanga (Chile), além de dois trabalhos locais, "No Pirex", do Grupo de Teatro Armatrux, e "Por Parte de Pai", do Grupo Atrás do Pano. Os ingressos custam R$10 (preço único) e estão à venda na bilheteria dos espaços, no dia das apresentações, até duas horas antes.

A programação prevê ainda atividades gratuitas, como: mesas redondas com pesquisadores e profissionais do teatro de Belo Horizonte e de outros países, com discussões sobre dramaturgia latinoamericana, teatro e comunidade, gestão e internacionalização de grupo, a oficina de dramaturgia"Um Olhar feminino" com Lívia Gaudêncio (BRA) e Verónica Mato (URU), o "Café com Trocas", destinado ao encontro e à troca de saberes e de processos entre as companhias envolvidas e artistas convidados, e o "Bar do Encontro", com atrações musicais e intervenções artísticas.  

Todas as atividades do encontro acontecem no Soller Centro de Artes / Grupo Dos Dois (Av. Oscar Niemeyer, 154/subsolo – 6 Pistas),  Casa Cultural Atrás do Pano (R. Dr. Lund, 632 – José de Almeida) e C.A.S.A. - Centro de Arte Suspensa Armatrux (R. Himalaia, 69 – Vale do Sol). Mais informações para o público: 31 3517 8282.

A ideia de criar o Encontro Latinoamericano de Teatro de Grupo surgiu há um ano. O Grupo Dos Dois e o Grupo de Teatro Armatrux, localizados em Nova Lima (MG), já vinham circulando, há algum tempo, com seus espetáculos, por festivais da América Latina e, em setembro de 2015, as atrizes e fundadoras das companhias, Carolina Correa e Tina Dias, estavamjuntas no MICA - Mercado de Industrias Culturales, em Buenos Aires. Lá tiveram contato com diversos programadores e curadores e perceberam que, com espaço e orçamento reduzidos, os artistas latinoamericanos conseguiam realizar diversos eventos culturais, em seus países de origem. "Quando a gente se deparou com essa realidade, pensamos que tínhamos sedes com certa estrutura, em Nova Lima (MG), e que poderíamos fortalecer o nosso trabalho e a região, trazendo outras companhias para promover intercâmbios e discussões sobre processos de criação, internacionalização e gestão de grupos", explica uma das idealizadoras do evento, Carolina Correa (Grupo Dos Dois).

A ideia ganhou corpo em conversas com o diretor teatral Eid Ribeiro, parceiro do Grupo de Teatro Armatrux. Para o artista, em momentos de crise política e ideológica, como atualmente no Brasil, é que se mostra ainda mais necessária a criação de iniciativas que busquem discutir o teatro como locus de reinvenção da própria cultura, de troca de propostas e pensamentos sobre a investigação de linguagem, que vão além de uma vitrine de repertório de companhias. "Propostas como essas abrem espaço para o aprofundamento e reverberação das utopias tão necessárias para o atual 'século de trevas', de intolerância e de violências contra minorias. E portanto, também contra a arte, que sofre com orçamentos reduzidos e desvalorização por parte do poder público; como se o bem cultural não fosse prioridade na formação de cidadãos conscientes", explica.

O Grupo Atrás do Pano, que movimenta há anos a comunidade de Nova Lima, com atividades em sua sede, foi convidado também para se juntar ao projeto. Segundo uma das idealizadoras do encontro, Tina Dinas (Grupo de Teatro Armatrux), "a proposta é exatamente essa, estimular a criação de uma plataforma de internacionalização das artes cênicas, em Minas, explorando a vocação do teatro de grupo já existente no Estado, e dando oportunidade para que outros coletivos também possam caminhar junto com a gente, num movimento de profissionalização e continuidade do teatro de pesquisa, que se torna cada dia mais urgente no contexto da arte ibero-americana", afirma.

O encontro nasce, então, com esse objetivo de fortalecer a cena local e promover o diálogo sobre o fazer teatral entre grupos da América Latina e Europa, escolhidos para esta primeira edição, por afinidades geográficas e históricas. "Nosso encontro é realizado, portanto, por grupos de teatro, mas aberto a artistas e coletivos que se organizam em outros formatos, e que cumprem uma função de resistência em sua comunidade. O importante é a troca de experiências e o investimento em relações de parceria duradouras", garante Carolina Correa (Grupo Dos Dois).

Foto: Guto Muniz