Notícias
Atriz Maria Lúcia Dahl e o produtor Aníbal Massaini Neto são os convidados da última sessão do Curta Circuito 2016
A programação 2016 da Mostra de Cinema Permanente Curta Circuito está chegando ao fim. Depois de três bimestres, totalizando 15 sessões com clássicos do cinema nacional (exibidos no Cine Humberto Mauro e na Benfeitoria), o Curta Circuito se despede deste ano que foi marcado por comemorações e novidades, incluindo a nova coordenação, que ficou nas mãos de Daniela Fernandes. São 15 anos de história, trazendo sempre filmes nacionais, com exibições gratuitas. Para encerrar a programação de 2016, que teve como tema o Cinema de Afeto, a mostra traz para BH o renomado diretor e produtor, Aníbal Massaini Neto, e a atriz e uma das musas do cinema brasileiro, Maria Lúcia Dahl. Os dois irão comentar o filme Mulher Objeto, dirigido por Sílvio de Abreu - mais conhecido como autor de novelas - com Nuno Leal Maia, Helena Ramos e Kate Lyra no elenco. Maria Lúcia interpreta a personagem Maruska e Aníbal assina a produção do longa, lançado em 1981. A sessão de encerramento acontece na próxima segunda, dia 29 de agosto, às 20h, no Cine Humberto Mauro. A entrada é gratuita com distribuição de ingressos 30 minutos antes da exibição.
Neste último bimestre, o Curta Circuito exibiu filmes que foram sucesso de público na época de seus lançamentos, como O Puritano da Rua Augusta (1965, Amácio Mazzaropi) e Amada Amante (1978, Cláudio Cunha). Com o tema Figuras Populares no Cinema Nacional, a mostra apresentou clássicos que lotaram os cinemas, mesmo não agradando à crítica. “Para além da tela pintada pelo Cinema Novo está a mais fina flor do cinema popular brasileiro: movimentos, cineastas e filmes que conseguiram retratar as mais diversas figurações do povo brasileiro na tela e promover um sentido completo de identificação entre público e filme”, relata o curador Affonso Uchôa, dando uma possível explicação para o motivo do sucesso desses filmes.
“Apresentamos nesse bimestre quatro filmes devotados ao imaginário popular brasileiro, em especial a nossa maior obsessão (e trauma) cinematográfico: o sexo. A arte do corpo sempre foi a maior das linha divisórias no cinema brasileiro: separou ricos dos pobres, a cultura da baixaria, o nobre do reles, a elite do povão. A aceitação ou repulsa ao sexo nas telas determina qual círculo de giz se ocupa. Grande parte da ojeriza dos meios oficiais (e estatais) às pornochanchadas deriva do fato de que os filmes produzidos na Boca do Lixo ou no Beco da Cinelândia eram “pornográficos”. Tal afirmação é hoje simplesmente risível, mas fundamentou o abismo entre a pornochanchada e a história do Cine Brasilis. Enquanto a Embrafilme, a crítica e a intelligentsia cinematográfica brasileira torciam o nariz para as quase inocentes histórias contaminadas pelo desvario do tesão, o público abraçava sem pestanejar os filmes dedicados às agruras do belo esporte”, finaliza Uchôa.
Mulher Objeto|Sílvio de Abreu, SP, 1981, 125'
Regina não passa de uma submissa e reprimida ex-secretária que só alcança o prazer através de fetiches que não abandonam sua imaginação. Ela sofre com essa situação incomum, que ameaça o confortável casamento com o rico empresário Hélio e, atormentada pela intensidade dos devaneios picantes, não consegue se relacionar sexualmente com o marido.
Exibição em 35mm. Copia Cinemateca Brasileira.
Maria Lúcia Dahl
Maria Lúcia Dahl é uma atriz, roteirista, escritora e colunista brasileira. Com 47 anos de carreira, participou de mais de 30 filmes, entre eles Menino de Engenho, de Walter Lima Jr., Macunaíma, de Joaquim Pedro de Andrade, Eu Te Amo, de Arnaldo Jabor. Na TV, fez Dancing Days (1978), a minissérie Anos Dourados (1992) e uma aparição em Cobras e Lagartos, na Globo. Foi casada com o diretor Gustavo Dahl e foi uma das musas da pornanchanchada, tendo participado da maior bilheteria do gênero, o filme Giselle, de 1980.
Aníbal Massaini Neto
Diretor e produtor, começou no cinema em 1961, trabalhando ao lado do pai, Osvaldo Massaini, na Cinedistri, produtora que distribuiu, entre outros, O pagador de promessas (1962), de Anselmo Duarte, vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes, e Lampião, rei do cangaço (1962), de Carlos Coimbra. Aos 20 anos, foi gerente de produção de O santo milagroso (1966), de Carlos Coimbra. Em 1968, produziu o longa-metragem Corisco, o diabo loiro, também de Coimbra, e em 1969 formou-se em economia pela Universidade Mackenzie. Nos anos 70, produziu comédias recordistas de público como Histórias que nossas babás não contavam (1979) e O bem-dotado - O homem de Itu (1978). Estreou na direção com A superfêmea (1973), estrelado por Vera Fischer. Destacou-se também como produtor executivo de filmes de grande porte, como Independência ou morte (1972), de Carlos Coimbra, e O caçador de esmeraldas (1979), de Oswaldo de Oliveira. Em 1980, fundou sua própria produtora, a Cinearte, onde realizou obras marcantes dos anos 80, como Mulher objeto (1980), de Silvio de Abreu, coproduziu Das tripas coração (1982), de Ana Carolina, e Filme demência (1985), de Carlos Reichenbach. Ficou conhecido como produtor dos filmes mais marcantes de Walter Hugo Khouri, como Amor, estranho amor (1982). Em 2003, produziu e dirigiu Pelé eterno, selecionado para a mostra Cinéma de la Plage, do Festival de Cannes.
Sobre o Curta Circuito - Cinema de Afeto
Com o tema Cinema de Afeto, o Curta Circuito completa 15 anos de atividade em 2016 e tem muito o que comemorar. Durante sua trajetória, a Mostra de Cinema Permanente, que exibe exclusivamente filmes nacionais, sempre com entrada franca, conseguiu reunir um público de mais de 70 mil pessoas, que estiveram presentes em quase cinco mil sessões. A mostra, que a partir deste ano é dirigida por Daniela Fernandes, da Le Petit Comunicação Visual e Editorial, é uma das referências em Minas e no Brasil como ação de formação qualificada de público, espaço de reflexão, debates sobre a cultura audiovisual e todos os aspectos que a envolvem, sejam técnicos, narrativos, estéticos, culturais e políticos. Tendo já atuado em 18 cidades de Minas Gerais, São Paulo, Bahia e Pará, a mostra hoje foca no público belo-horizontino e tem como “sede” de suas exibições o Cine Humberto Mauro. Já passaram pelo projeto convidados como Nelson Pereira dos Santos, Zé do Caixão, Sidney Magal, Othon Bastos, Antônio Pitanga, entre outros. O Curta Circuito atua também na preservação e memória do cinema brasileiro, trabalhando na restauração de filmes, em parceria com a Cinemateca do MAM-RJ. A iniciativa recebeu Mention do D'Hounner em Milão, em 2013, pela restauração do filme “Tostão, a fera de Ouro”, da década de 1970.
Foto: Divulgação
Selecionamos os melhores fornecedores de BH e região metropolitana para você realizar o seu evento.