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Teatro em Movimento, com o patrocínio do Itaú e do Instituto Unimed-BH, traz a Belo Horizonte “Krum”

No espetáculo, Marcio Abreu dirige expoentes da cena teatral, nesta primeira montagem brasileira do texto do israelense Hanoch Levin. Peça é segunda parceria entre a atriz Renata Sorrah e a Cia Brasileira de Teatro, marcada pela presença da mineira Grace

Após três anos de sucesso da peça “Esta Criança” — vencedora de quatro prêmios Shell 2012 —, a Companhia Brasileira de Teatro e o diretor Marcio Abreu estão novamente ao lado da atriz Renata Sorrah. Desta vez, eles encenam “Krum”, texto inédito no Brasil, do israelense Hanoch Levin (1943-1999). O elenco  reúne os atores Edson Rocha, Rodrigo Bolzan, Rodrigo Ferrari, Ranieri Gonzalez - integrantes e colaboradores da Cia Brasileira de Teatro em outras produções -, além dos nomes de destaque na cena teatral brasileira Cris Larin, Danilo Grangheia, Inez Viana e a mineira Grace Passô. Na montagem, tudo começa quando Krum retorna de uma viagem. Ele volta para a mesma cidade, mesmo bairro de infância e para a casa da mãe. No entanto, o que se vê em cena, não é o desenrolar da volta para a casa do herói clássico. O ponto de partida de “Krum” é o momento da chegada à casa de um anti-herói fracassado, que a partir daí tenta se reconciliar com o passado, com aquilo de que um dia tentou se livrar quando partiu em viagem. 

 

Em Belo Horizonte, a montagem integra a programação do Teatro em Movimento (TM), e é feita em co-realização com o Sesc Palladium, contando com três apresentações, dias 28 e 29 de agosto, sexta, às 21h e sábado, às 18h e às 21h, no Sesc Palladium.   Com essa parceria a Rubim Produções, responsável pelo TM, e o Sesc comemoram os quatro anos do teatro,  uma vez que este espetáculo integra repertório comemorativo. 

 

Para a realização de suas atividades o projeto conta com os patrocínios do Itaú e do Instituto Unimed-BH, via Lei Federal de Incentivo à Cultura. 

 

A montagem 

“O fim está no começo e, no entanto, continua-se”. De acordo com Marcio Abreu, as palavras de Beckett descrevem com perfeição o princípio estrutural de ‘Krum’, que estreou em março de 2015, no Rio de Janeiro. O texto foi escrito nos anos 70 por Hanoch Levin, na época um jovem autor influenciado por Tchekhov e Beckett, em um país recente e mergulhado em conflitos e contradições. Apenas no período de vida do autor, de 1943 a 1999, foram sete guerras. “Há em Tchekhov do entretempo, Beckett do pós-guerra, Levin do final do séc XX e nós hoje, algo em comum. Enquanto o mundo turbulento destila suas violências, as pessoas tentam seguir suas vidas, muitas vezes, sem brilho, confinadas em suas casas ou alimentando expectativas, sonhos de consumo, esperança de dias melhores’, analisa Marcio Abreu. 

 

‘Krum’ é uma peça com dois enterros e dois casamentos. Não existem grandes feitos, tudo é ordinário. Entre as duas cerimônias, acontece uma sequência de cenas curtas, o quadro da vida dos habitantes de um bairro remoto. “É uma peça sobre pessoas. O que está em jogo é a matéria humana. Habitam o mundo de Krum seres pequenos, sem pudor na palavra, vivendo sob um teto baixo. Há um olhar, ao mesmo tempo, cruel e generoso sobre vidas mínimas ou, como em Tchekhov, sobre o que existe de mínimo no ser humano”, sublinha Marcio. 

 

A peça se inicia com o retorno ao lar do personagem-título, que, depois de perambular pela Europa em busca de experiências e quiçá de aprendizado, volta para casa – na periferia de uma cidade– de mãos vazias. Ao chegar, Krum confessa que não viu nada, não viveu nada, que nem mesmo no estrangeiro foi capaz de encontrar o que buscava. 

 

Ao recusar a possibilidade de qualquer transformação existencial e de qualquer escapatória de um mundo onde o céu parece sempre tão baixo, o ar tão pesado e as estruturas sociais tão opressoras, Krum formula uma questão (humana) universal: até que ponto é possível sonhar a mudança? Será que estamos condenados a repetir indefinidamente os mesmos ritos incompreensíveis, a viver uma sucessão interminável de casamentos e funerais que, vistos sem ilusões, não significam nada? Por que continuar? Para que continuar? 

 

Articulada em torno dessas questões, a peça apresenta o reencontro do recém-chegado Krum (Danilo Grangheia) com os curiosos habitantes de seu mundo: sua mãe (Grace Passô) e a sua ex-namorada Tudra (Renata Sorrah), que, depois de abandonada, casa-se com o ordinário e bem-sucedido Tachtich (Rodrigo Ferrarini). Como eles, há o casal de desapaixonados Tugati (Ranieri Gonzalez) e Dupa (Inez Viana), mulher que sonha em se livrar do adoentado marido e fugir para a Ilha de Capri com o canastrão italiano Bertoldo (Rodrigo Bolzan). Além deles, Felicia (Cris Larin) e Dolce (Edson Rocha) formam outro casal, que se contenta com as pequenas cerimônias das redondezas: os dois casamentos e os dois funerais que acontecem na trama. Breves episódios de suas vidas desenrolam-se diante dos espectadores, que são instados a se identificar com a perspectiva distanciada e irônica de Krum.

 

A Companhia Brasileira de Teatro e Renata Sorrah 

A estreia do autor israelense no Brasil é o segundo projeto produzido a partir da bem-sucedida parceria entre a atriz Renata Sorrah e da companhia brasileira de teatro. A primeira foi “Esta Criança”, do autor francês Joël Pommerat, imenso sucesso de público e crítica que estreou no Rio de Janeiro no fim de 2012 e ainda hoje viaja pelas principais cidades do país. Em mais de 40 anos de carreira, impactantes atuações em espetáculos, no cinema e na televisão fizeram de Renata, indiscutivelmente, um dos grandes nomes do teatro brasileiro.

 

Ao lado dela, neste projeto, está a premiada companhia brasileira de teatro, fundada há 12 anos, em Curitiba, pelo ator, dramaturgo e diretor Marcio Abreu, considerado pela crítica especializada como uma das mais consistentes do país, responsável por montagens marcantes para a história recente da dramaturgia e da encenação teatral brasileiras. Curiosamente, Renata e a CBT têm em comum, entre outras investigações artísticas, a descoberta de dramaturgos contemporâneos, inéditos no Brasil, a exemplos do siberiano Ivan Viripaev (Oxigênio) e de Jean-Luc Lagarce, com “Apenas o fim do Mundo”, dirigidos por Marcio, na Companhia e dos autores Botho Strauss (Grande e Pequeno, 1985) e do norueguês Jon Fosse (Um dia, no verão, 2007), trazidos em espetáculos produzidos por Renata Sorrah – que também atuou nas antológicas montagens do alemão Rainer Werner Fassbinder (Afinal... Uma Mulher de Negócios, 1977, e As Lagrimas Amargas de Petra Von Kant, 1982) . 

 

Críticas 2015- “Krum”

“(…) o drama evoca duas influências assumidas pelo autor: Tchekov, com seus personagens estanques, e Beckett, pelo desencanto conciliável com o riso. De fato, por trás do niilismo, vislumbra-se um humor negro, por vezes angustiante, muito bem explorado nesta irretocável montagem da Companhia Brasileira de Teatro (…) o elenco mostra-se perfeitamente coeso e entrosado, mas cumpre ressaltar o timing de humor de Inez Viana, a notável capacidade de modulação de Renata Sorrah e o domínio de cena de Danilo Grangheia. (…)” - VEJA RIO RECOMENDA - (avaliação 5 estrelas) Rafael Teixeira 

 

“(…) o desempenho de movimento de Marcia Rubim é uma verdadeira codireção, não só no ajuste perfeito à concepção de Marcio Abreu, como detalhamento gestual de cada ator. O cenário de Fernando Marés surge aos poucos, em progressão dramática, e a serviço das interpretações. A iluminação de Nadja Naira é decisisiva no visual límpido, enquadrando cada cena aos movimentos. Como destaque, o mergulho no escuro do cinema. A trilha e os efeitos sonoros de Felipe Storino são marcantes. A tradução de Giovana Soar tem fluência, e o figurino de Ticiana Passos, a discrição dominante a montagem. O elenco equilibra o coletivo adensamento formalista, com a quebra individual de empostações. (…)” - O Globo - Cotação - ótimo - Macksen Luiz


Foto: Divulgação

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