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Fundação Clóvis Salgado, em parceria com a Ensemble OrQuestra, do Reino Unido, realiza ciclo de atividades e palestras Academia de Ópera Barroca
A Ópera Barroca é o tema da segunda atividade deste ano do Núcleo de Óperas/Extensão do CEFART – Centro de Formação Artística e Tecnológica, que será realizada a partir de parceria entre Fundação Clóvis Salgado e a Ensemble OrQuestra, com sede na Inglaterra, sob a Direção Artística do brasileiro Marcio da Silva. Serão oferecidas diversas atividades de formação para cantores líricos incluindo palestras,masterclass e a montagem de dois títulos operísticos: Marco Antônio e Cleópatra, de Adolf Hasse, e Dido & Eneas, de Purcell.
O Ciclo de Palestras e Atividades busca aprofundar as pesquisas sobre ópera e, neste caso, o foco é música barroca, considerada o alicerce da música erudita ocidental. Foi nesse período que o gênero operístico surgiu, já com seus elementos básicos estabelecidos, mas com regras e formas rígidas, que mudariam muito nos anos seguintes.
De acordo com a Diretora de Produção Artística da Fundação Clóvis Salgado, Cláudia Malta, o evento é uma rara oportunidade para artistas e público conhecerem a Ópera Barroca, estilo pouco estudado no Brasil. “Não é tradição da FCS produzir óperas do período barroco, mas é de extrema importância que os integrantes dos Corpos Artísticos saibam as diferenças entre os estilos, sabendo interpretar a obra em diferentes situações. Além disso, é muito importante a presença do Marcio, com um grupo de artistas muito bem formados, especializados no estilo barroco”, completa.
Para Marcio da Silva, que realiza pela segunda vez a Academia de Ópera Barroca no Brasil, o repertório barroco é o alicerce da música clássica ocidental. “Acredito que não há nada melhor do que a ópera barroca para o desenvolvimento da técnica, das habilidades cênicas, da criatividade, da sensibilidade e, principalmente, da flexibilidade que é tão importante no mundo artístico”.
Para Cibele Navarro, Diretora do Centro de Formação Artística e Tecnológica da Fundação Clóvis Salgado, responsável pelo Núcleo de Óperas, esse trabalho é resultante da aproximação das Diretorias da Fundação Clóvis Salgado. “O estabelecimento dessas atividades só é possível graças a uma gestão conjunta, uma acolhida mútua, um trabalho compartilhado, buscando o mesmo fim”, explica.
O objetivo das atividades promovidas pelo Núcleo de Óperas/Extensão do Cefart é fornecer aos participantes a possibilidade de entrar em contato com períodos distintos da produção operística e, ao mesmo tempo, viabilizar uma experiência de formação diferenciada e plural para os alunos do Cefart e a constante capacitação para integrantes dos Corpos Artísticos da FCS.
Outras atividades do Núcleo de Óperas estão previstas para o final do ano com palestras sobre a ópera O Guarani, que será apresentada pela Fundação Clóvis Salgado, em novembro próximo.
Palestras, masterclass e montagem operística – O Clico de atividades da Academia de Ópera Barroca está dividido entre palestras, abertas a estudantes e profissionais do canto e ao público em geral, e Masterclass específicos para alunos do Cefart e integrantes do Coral Lírico de Minas Gerais sobre o estilo barroco, a ópera barroca e sua relação com os demais estilos que se seguiram.
As palestras, que acontecem nos dias 17, 18, 23 e 25 de agosto, serão ministradas pelo Secretário de Estado de Cultura, Angelo Oswaldo de Araújo Santos; pelo Regente Titular da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, Silvio Viegas; pelo Regente Titular do Coral Lírico de Minas Gerais, Lincoln Andrade e pelo Contratenor e Professor de canto na Lenzburger Kantorei (Suíça), Victor Soares. Nos dias 22 e 24 acontecemmasterclasses voltadas apenas aos alunos do Cefart e profissionais dos Corpos Artísticos da FCS, ministradas por Marcio da Silva – Diretor Artístico do Woodhouse Opera e Stephanie Gurga – Pianista e cravista (EUA).
Segundo Márcio da Silva, não há a intenção de levar aos participantes todas as respostas prontas, mas de desenvolver neles uma cultura de procura de conhecimento, desenvolvimento e perfeccionismo em padrão internacional. “Eu sou da opinião de que o conhecimento, as horas de trabalho, a profundidade e a excelência daquilo que nós artistas apresentamos ao público são proporcionais ao número de pessoas que vêm nos assistir e do quanto elas levam para casa”, ressalta.
Paralelamente ao Ciclo de Palestras e Atividades do Núcleo de Óperas, os profissionais previamente selecionados pela Ensemble OrQuestra estarão trabalhando na montagem de dois títulos operísticos que serão apresentados nos dias 19 e 20 de agosto: Marco Antônio e Cleópatra, de Adolf Hasse, e Dido & Eneas, de Pursell.
Cada participante receberá orientação dos instrutores sobre estilo, ornamentação na música barroca, técnica vocal, pronúncia e atuação. As montagens terão orientação cênica e musical de Marcio da Silva, e dos especialistas em música barroca Victor Soares, brasileiro radicado na Suíça, e Stephanie Gurga, norte-americana também radicada na Suíça. As montagens contarão, ainda, com o norte-americano Patrick Dailey, que será responsável pelo movimento cênico, e Sarah Gilford, do Reino Unido, auxiliando na técnica vocal e orientando sobre a pronúncia do inglês.
As apresentações serão abertas ao público e terão formato diferenciado: a plateia estará alocada no palco do Grande Teatro do Palácio das Artes, onde acontecerão as encenações. Por esse motivo, para cada apresentação, serão disponibilizados para venda apenas 100 ingressos.
A ópera Barroca – Tendo como inspiração textos mitológicos ou bíblicos, a ópera barroca marca o surgimento da ópera como um gênero, já com elementos estruturais que se mantêm até hoje, como recitativos, árias e atos.
Com características muito próprias e estrutura muito rígida, Coro e Orquestra possuíam uma participação muito diferente da ópera moderna. “O coro funcionava como um comentarista, ele apenas refletia sobre o que acontecia no espetáculo, muito inspirado no Coro Grego. A orquestra tem uma importância muito grande de colorir esse drama”, explica o maestro Silvio Viegas. Segundo ele, na ópera barroca, quem realmente brilhava eram os cantores, em especial, os contratenores.
A música, e consequentemente a ópera barroca, foi influenciada pelos pensamentos da Camerata Fiorentina, um grupo de intelectuais de Florença, na Itália, que debatiam sobre variados assuntos, como música, literatura e ciência. Uma das grandes críticas do grupo era quanto ao uso da polifonia na música renascentista. Os intelectuais da Camerata Fiorentina acreditavam que, para expressar um sentimento, uma emoção e representar o que realmente se passava dentro de uma alma, o uso de uma voz solista era o mais indicado, até para possibilitar a inteligibilidade do texto cantado.
Neste momento, em que a participação da mulher na sociedade era incrivelmente restrita, a voz de contratenor – um homem com tessitura correspondente ou com alcance vocal equivalente ao das vozes femininas de contralto ou mezzosoprano – era amplamente valorizada, o que popularizou os castrati. Antes de atingirem a puberdade, alguns rapazes, dependendo de sua aptidão musical, eram castrados para que a produção de hormônio cessasse e permanecessem com a voz de contratenores.
Outra característica marcante do período barroco foi a busca por elementos polifônicos e o uso de dissonâncias tentando ampliar os horizontes harmônicos, rítmicos possibilitando a gama de interpretações do sentimento humano. “Eu costumo dizer que todas as coisas feias que acontecem na música são por causa do barroco. Porque a música em si é o quê? A busca pela consonância, pela beleza, mas o barroco subverte isso. Toda vez que você coloca um personagem que tem algum defeito, por exemplo, você abre uma possibilidade de colocar na música algo que seja feio. A dissonância, que está associada às imperfeições, começam a ter justificativa”, explica Silvio Viegas.
Além das contribuições para a música, a ópera barroca foi responsável por revolucionar o entretenimento, gerando demandas até então inexistentes. É o que explica o maestro do Coral Lírico de Minas Gerais, Lincoln Andrade: “Foi no surgimento das óperas que se começou a pensar em uma série de coisas: figurino, maquinário, encenação. E foi preciso então criar novos espaços, que davam conta de montagens mais complexas. Antes disso, se apresentava em igrejas ou em salões da corte, que não possuíam a infraestrutura necessária, daí surgiu o teatro. As pessoas passaram a sair de casa para ir ao teatro, procurando entretenimento”, explica Lincoln Andrade.
PROGRAMAÇÃO
17/08 - 18h
Tema: Gestão de carreira e estudos do canto lírico
Palestrante: Victor Soares – Contratenor; Professor de canto na Lenzburger Kantorei (Suíça)
18/08 - 18h
Tema: O Coro e a Orquestra na Ópera Barroca
Palestrante: Maestro Lincoln Andrade – Regente Titular do Coral Lírico de Minas Gerais
22/08 - 18h – Masterclass de canto para alunos do CEFART e membros do Coral Lírico de Minas Gerais.
Tema: Abordagem de repertório: como aprender um estilo? O que é prática histórica musical? Quais as peculiaridades da prática da música barroca e o que pode ser transportado para outros estilos?
Ministrante: Marcio da Silva – Diretor Artístico do Woodhouse Opera e Stephanie Gurga – Pianista e cravista (EUA)
23/08 - 18h
Tema: Contraponto à ópera barroca
Palestrante: Maestro Silvio Viegas – Regente Títular da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais
24/08 - 16h – Masterclass de canto para alunos do CEFART e membros do Coral Lírico de Minas Gerais.
Tema: Direção e Produção Artística da ópera Barroca
Ministrante: Marcio da Silva e Stephanie Gurga
25/08 – 19h
Tema: Barroco: Estilo de arte e de vida
Palestrante: Angelo Oswaldo de Araújo Santos -– Secretário de Estado da Cultura
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