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Concerto “Retratos da Canção Brasileira” revisita origens da música popular brasileira

O recital “Retrato da Canção Brasileira”, do duo de canto e violão Valquíria Gomes e Anderson Reis, consiste em uma série de 15 concertos didáticos que serão apresentados no meses de agosto e setembro em centros culturais da Prefeitura, em diferentes regionais da cidade de Belo Horizonte.

 

De Alberto Nepomuceno à Tom Jobim, o recital se volta ao surgimento e ascensão da canção brasileira, explorando principalmente as músicas de câmara, como são chamadas as peças compostas para serem executadas por um número reduzido de instrumentos ou vozes na atmosfera íntima de pequenas salas e pequenos públicos.

 

A busca pela identidade nacional

No fim do século XIX, havia um consenso entre os críticos musicais brasileiros de que a língua portuguesa era inadequada ao belcanto, que deveria ser realizado sempre em italiano. Qual não foi a polêmica quando em 1895 o compositor cearense Alberto Nepomuceno (1864-1920) realizou um concerto no Instituto Nacional de Música apresentando uma série de canções em português, de sua autoria. Na época, mediante as críticas, Nepomuceno afirmaria:  "Não tem pátria um povo que não canta em sua língua".

 

O nacionalismo na música ganha novo fôlego algumas décadas depois com Heitor Villa-Lobos (1887-1959), cujas composições ao mesmo tempo que seguiam a tradição erudita européia bebiam da fonte do folclore e das expressões regionais da musicalidade brasileira, criando uma linguagem musical sincrética, complexa e individual.

 

Intercâmbios entre o erudito e o popular

Se na busca pela constituição de uma música brasileira, compositores eruditos como Villa-Lobos e Nepomuceno incorporaram em suas peças aspectos populares como ritmos e lendas, por outro lado, é verdade também que há músicas que na era de ouro do rádio tiveram status de popular e hoje são consideradas eruditas.  

 

“Antigamente a voz nas canções de rádio era mais impostada. A partir de João Gilberto principalmente, a música popular ganhou uma nova forma de cantar. A projeção que antes era o foco, perdeu significado devido aos avanços tecnológicos e do surgimento de novos estilos como a bossa nova, ficando mais próximo da voz falada, mais fluida. Com isso, o público foi se distanciando do repertório que envolvia a maneira “lírica” de cantar. Logo, o que era popular no começo do século, hoje ganha ares de “erudito”, explica Valquíria Gomes, a voz do duo.

 

Na construção do concerto didático, Valquíria Gomes e Anderson Reis selecionaram temas recorrentes no cancioneiro nacional, que serão apresentados através de retratos musicais. Além do nacionalismo (Facetas Nacionais) e de músicas que revelam o fluxo entre o popular e o erudito (Entre Salões e Ruas), mais três temas foram eleitos: “Amor pelas décadas”; “Natureza em canto” (que revela a presença constante da exaltação da natureza como poesia e metáfora para outros sentimentos) e “Chora Viola” (ode à representação do violão e do violeiro,  um dos ícones marcantes da música brasileira e imagem recorrente no cancioneiro popular).

 

Duo de canto e violão

Bacharel em canto lírico pela UFMG, Valquíria Gomes é soprano efetiva no Coral Lírico de Minas Gerais do Palácio das Artes. Foi solista em grandes apresentações, como o Concerto Sacro Duke Ellington (2013), no Grande Teatro do Palácio das Artes, e  na ópera Apollo et Hyacinthus, de W.A. Mozart, realizada pela UFMG (2012). No início de 2014 participou do Festival “Musikferien am Starnberger See” na Alemanha onde estudou com Susanne Bernhard e teve a oportunidade de apresentar canções brasileiras.

 

Aluno do último período de bacharelado em música/violão na UFMG o violonista Anderson Reis, além do Duo Canto e Violão, é membro do Quarteto Corda Nova e do Duo de Violões com Leonardo Araújo. Selecionado no Programa Jovem Músico BDMG 2011, já se apresentou por três vezes na TV Assembleia e em recitais e festivais diversos, como nas edições de 2010 e 2011 do Festival de Inverno de Ouro Branco.

 

Juntos nesta formação desde 2011,  Valquíria Gomes e Anderson Reis  têm se dedicado ao repertório de canções brasileiras, difundindo o material que foi encontrado e trabalhado sendo orientados pelo professor Flávio  Barbeitas, da Escola de Música da UFMG.

 

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