Notícias

Mostra do carioca Eduardo Masini chega ao Museu Inimá de Paula - O Devir

Tudo começou quando Eduardo Masini foi levado pelo artista plástico Carlos Vergara para registrar em fotos e vídeos a implosão e o interior do Presídio da Frei Caneca, no Rio. A partir daí, a expressão O Devir, que consolida o termo como um conceito filosófico caracterizando o movimento pelo qual as coisas se transformam, passou a ganhar espaço nas obras de Eduardo. Dessa forma, o carioca apresenta, no Museu Inimá de Paula, em BH, o resultado do trabalho de colagem fotográfica – composto por 60 imagens do Frei Caneca e 11 de anônimos – que mesclam-se em sobreposições de pessoas por cima de recortes das celas e demais instalações do lugar, antes de sua implosão total. Segundo Vanda Klabin, curadora da mostra, “O Devir traz diversas peças produzidas por Masini, que ativam o espaço expositivo com um silêncio vibrante por meio do registro de um contexto sociopolítico brasileiro”. A ideia era contrapor essa realidade esquecida – que apesar das paredes quebradas, ainda guardava parte da história dos detentos, contadas a partir de objetos pessoais, como fotos, recortes de jornal e pesos de academia feitos com garrafas pet e cabo de vassouras – à vida paralela do lado de fora daqueles muros, representada por pessoas que, por motivos diversos, poderiam ter passado por lá. ”O artista vai dar um novo ritmo a esse universo anônimo de isolamento, provocando interpretações e ampliando o significado dos aspectos de uma intimidade sofrida, de um mundo esgarçado, submerso e repleto de inquietações, capturando nesse território privado, interditado, a crueza desses vestígios. Aqui estão os fragmentos de seres humanos, fios entrelaçados de uma memória acumulada de vivências”, completa Klabin. Do presídio, saíram composições que trazem à tona a realidade de pessoas que viveram em reclusão. “Ao entrar naquele universo desconhecido, fui envolvido por uma sensação estranha. Estava vazio e destruído, e me aflorou um sentimento de abandono, que, imagino eu, devia ser o que as pessoas sentiam, enquanto pagavam suas dívidas com a sociedade. Tudo soava muito real e assustador, um pouco diferente da vida do lado de fora”, afirma Eduardo. A exposição – que vai até o dia 08 de setembro – conta ainda com uma instalação e a exibição de um videoarte, também assinados por Masini, além de uma instalação datada de 1969, de Carlos Vergara. A obra “Empilhamentos” consiste em peças moldadas a partir de materiais como o papelão, que apresentam corpos humanos massificados, sem rostos definidos, anulando suas identidades. Essa instalação foi produzida durante os anos de Regime Militar brasileiro e representa “a visão crítica que observava com ceticismo as consequências da mercantilização da vida cotidiana numa cultura industrializada”, segundo o escritor Paulo Sérgio Duarte. A obra "Bruno", que faz parte da exposição, foi escolhida, recentemente, pelo curador Paulo Herkenhoff para ser adquirida pelo Museu de Arte do Rio (MAR) e entrará para o acervo da instituição em breve. A mostra tem curadoria de Vanda Klabin e produção executiva de Roberto Padilla. Sobre o artista (www.eduardomasini.com) Carioca, Eduardo formou-se em Desenho Industrial pela PUC–Rio, em 2008, especializando-se em Design Gráfico. No ano seguinte, concluiu o curso de Pós-Graduação “Fotografia: Imagem, Memória e Comunicação”, na Universidade Cândido Mendes. Aos 20 anos, participou do “1° Sarau de Fotografia e Dança”, promovida pelo Centro Deborah Colker, no Rio, e teve suas fotos como fontes inspiradoras para a montagem de um espetáculo idealizado pela coreógrafa que dá nome ao lugar. Em 2008, realizou, na Athena Galeria de Arte (RJ), sua primeira exposição individual, tendo como tema o enfoque pessoal sobre os personagens-ícones na obra do dramaturgo Nelson Rodrigues, intitulada Eduardo Masini: Os Tipos Cariocas de Nelson. Dois anos depois, o artista recebeu o diploma de semifinalista do concurso internacional The Hasselblad Masters Award, com alguns de seus trabalhos incluídos na exposição virtual do evento. Além disso, Eduardo foi convidado pelo artista plástico Carlos Vergara para expor suas imagens na exposição “Liberdade”, e, em 2011, teve suas obras exibidas nas feiras SP-Arte e, na Pinta, em Nova Iorque. Em seguida, expôs na ArtRio, Feira de Arte do Rio de Janeiro, o projeto Pense o que quiser e participou de outras exposições no estado, como FotoSíntese, na Athena Galeria de Arte, Manobras Poéticas e Entrecruzamentos, ambas na Galeria Athena Contemporânea. Sobre a curadora Conhecida por participar de mostras importantes da história cultural nacional, Vanda Klabin é curadora independente de diversas exposições, autora de artigos e ensaios sobre arte contemporânea, além de consultora e historiadora de arte. É graduada em Ciências Políticas e Sociais, pela PUC-Rio, em História da Arte e Arquitetura, pela Uerj, e fez pós-graduação em Filosofia e História da Arte (também na PUC-Rio), curso no qual trabalhou por 16 anos, desenvolvendo pesquisas, como “Guignard e a Modernidade”, patrocinada pelo CNPQ. Nasceu, vive e trabalha no Rio de Janeiro. Sobre a produção executiva Roberto Padilla atua como produtor de diversas exposições de artes visuais desde 1982, através da produtora Artepadilla. Passando por cidades como Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Salvador, Roberto tem ampla experiência em coordenação de exposições – como Portinari na Coleção Castro Maya (2010); Exposição Margaret Mee - 100 Anos de Vida e Obra na Pinacoteca do Estado de São Paulo (2009); e A Arte Indígena de Victor Brecheret (2007) –, além de edições de livros de arte.

Selecionamos os melhores fornecedores de BH e região metropolitana para você realizar o seu evento.