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Radical Tee – estrada e legado para o Hip Hop celebrados em festa que marca 25 anos de carreira e o primeiro disco solo
Com 25 anos de estrada, a maior parte dessa caminhada ao lado do Retrato Radical, grupo histórico do rap brasileiro do qual é um dos fundadores, Anderson Luiz de Paula, mais conhecido como Radical Tee é uma referência inegável para as gerações posteriores do rap em Minas Gerais, tamanha a importância da sua contribuição para o reconhecimento do estilo na capital mineira. O disco solo “Ideia Demais, Evolução de Menos”, publicado nas redes em 2014, é outro ponto importante dessa caminhada. O trabalho foi produzido pelo DJ Spider e conta com as participações de alguns dos principais nomes do cenário rap local, como Monge MC (Família de Rua), Roger Deff (Julgamento), Preto Fi e DJ Pooh, também parceiro do rapper no grupo Retrato radical, além de Kapella (RJ).
Apesar de ter sido lançado oficialmente a cerca de dois anos, o álbum não contou com um show de lançamento, evento que será realizado no dia 7 de agosto, de 13h às 18h, no Nova Gameleira (avenida Miguel Moysés – 382) Vila Embaúba, Zona Oeste de Belo Horizonte, não por acaso, local de nascimento do grupo Retrato Radical. A festa, que conta as participações de vários artistas da cena Hip Hop, celebra as mais de duas décadas da carreira do rapper, bem como a importância do Retrato Radical para o cenário.
De volta às raízes
A década de 90 foi marcada pela profusão intensa de bailes e pequenos shows nas periferias, num período em que os jovens das regiões menos favorecidas tinham menos condições de circular pela cidade. Foi neste contexto que surgiram grupos como Black Soul, União Rap Funk e Retrato Radical, alguns dos pioneiros do rap produzido em BH. “A ideia de fazermos o show de lançamento do disco na Vila Embaúba, onde crescemos, é justamente para resgatar esse espírito, de fazer eventos mais próximos das nossas famílias e amigos”, enfatiza.
A escolha do local não poderia ser mais adequada. Poucos artistas do rap em BH falam tanto para e pela periferia como Radical Tee e o Retrato Radical. O grupo, um dos mais importantes da história do rap mineiro, produziu verdadeiros clássicos do gênero, a exemplo de músicas como “Faça a Coisa Certa”, “Epidemia” e “Canela Fina”. São três discos lançados: “Seja Mais Um” (1996), “O Barril Explodiu” (2000) e “Homem Bomba” (2011). Após o falecimento de Anderson Luiz de Paula, o rapper Canela Fina, em 2015, os únicos integrantes remanescentes são o próprio Radical Tee e o DJ Pooh.
O rap em festa
O evento será uma grande festa para a comunidade, começando às 13h e com encerramento às 18h. A celebração incluirá participações de diversos artistas ligados à produção cultural das periferias, todos influenciados pela trajetória do rapper. O evento contará com nomes de gerações distintas da cena Hip Hop de BH, como Dokttor Bhu e Shabê, Monge Mascavo, Easy, Marcelo LA, Paula Itassu, Sem Meia Verdade, Negra Lud, W Wil, Kroif, Vinicin, DJ Sense, Black Sing, Marcos Nascimento, DJ Tavim, Spin Force Crew, Preta Ci, os grafiteiros BA MC e Nego, além dos roqueiros da banda Márcio Aranha e a Têia.
A festa conta com atrações para as crianças também, com brinquedos e as intervenções dos palhaços Torresmo e Pipoca. O encerramento da festa se dará com o show de Radical Tee, onde serão apresentadas músicas do disco solo e alguns dos clássicos que fizeram parte da história do Retrato Radical. “Será como uma espécie de rua de lazer, como as que eram feitas há anos atrás. A ideia é agregar pessoas de todas as idades, uma festa para ir com a família”, conclui o produtor cultural Roberto Raimundo.
O poeta Radical Tee
O trabalho do rapper Anderson Luiz de Paula, mais conhecido como Radical Tee, integrante do lendário Retrato Radical, reflete as influências musicais vindas dos bailes dos anos 80 e 90, período em que as festas blacks realizadas nas quadras esportivas espalhadas pelos bairros da cidade reuniam multidões de jovens, tanto oriundos das periferias quanto das regiões mais privilegiadas. As referências, portanto não poderiam ser outras: o caleidoscópio sonoro inclui rap, samba, disco, funk carioca e os demais ritmos que dialogam diretamente com a vida dos jovens moradores dos morros, vilas e favelas. Poeta exímio, suas rimas apresentam o olhar de quem vivenciou de perto as mazelas, alegrias e contradições do cotidiano nos guetos, longe dos clichês e desafiando lógicas simplistas e categorias estabelecidas. Subvertendo (pré) conceitos, na música desafiadora de Radical Tee a periferia é o centro e as fronteiras não estão estabelecidas. “Tá tudo torto, vamos alinhar de novo, nós é preto louco, sarará criolo” (trecho da música “78”)
Foto: Beco Ronald Nascimento
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