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BDMG Cultural recebe ciclo de conferências mutações idealizado e dirigido por Adauto Novaes

De volta a Belo Horizonte, série de debates reunirá pensadores para discutir o tema “Mutações: o novo espírito utópico”

Estão abertas as inscrições para o novo Ciclo de Conferências, idealizado e dirigido pelo filósofo Adauto Novaes. Trata-se deMutações: o novo espírito utópico, que reunirá pensadores do Brasil e da França no BDMG Cultural, de 13 de agosto a 22 de setembro, às segundas e terças-feiras, às 19h. As inscrições podem ser feitas pelo site www.mutacoes.com.br e os valores para o ciclo completo são de R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia). Além de Belo Horizonte, o Ciclo contará com conferências em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Brasília.

 

Dentre os convidados, destaque para o francês Francis Wolff (“As três utopias da Modernidade”), o músico, professor e ensaísta José Miguel Wisnik (“Arte e dispositivos de contra-poder”), o historiador Marcelo Jasmin (“Do espaço ao tempo), o crítico de arte Jorge Coli (“Formas estéticas do discurso autoritário”), a psicanalista Maria Rita Kehl (“A utopia da cura em psicanálise”), o físico Luiz Alberto Oliveira (“Antropoceno, objetos invisíveis, utopia”), o professor de filosofia da USPVladimir Safatle (“O afeto como utopia”), o ensaísta Marcelo Coelho (“Socialismo utópico, capitalismo científico?”), o professor de filosofia Franklin Leopoldo e Silva (“Experiência histórica e imaginação”), o arquiteto Guilherme Wisnik(“Projeto e destino”), o cientista político Renato Lessa (“Utopia e negatividade – modos de reinscrição do irreal”), o jornalista e professor da USP Eugênio Bucci (“Ladrões da utopia”) e a filósofa Olgária Matos (“Sem fronteiras e sem passagens”).

 

Adauto Novaes explica que a sociedade atual despreza e faz pouco da utopia, esquecendo que sem o pensamento utópico, o mundo não vive. “Esta edição das Mutações vai pôr em discussão as novas formas de utopia, sejam elas de áreas humanistas ou pós-humanistas. Há uma crise no mundo atual, a sociedade não sabe o que quer e não é possível se organizar sem aquilo que o poeta e ensaísta Paul Valéry chama de "coisas vagas", isto é, os ideais políticos, as artes, as utopias. Hoje há pragmatismo e positivismo absolutos, sem utopia, o que impede que nos estruturemos. Fala-se que chegamos à era do fim das utopias e que a política libertou-se, enfim, dos sonhos de uma sociedade que jamais poderia existir. Mas utopia não se reduz a essa ideia. É o abstrato que ajuda a ordenar a vida e a sociedade. Precisamos sair da 'barbárie', da era dos fatos, ignorar a passividade e para isso temos como desafio enxergar e aceitar a utopia”, completa o filósofo.

 

Mutações: o novo espírito utópico é uma realização da Artepensamento, do Sesc São Paulo e da Associação Pró-CulturaPromoção das Artes – APPA. O evento conta com patrocínio, em Belo Horizonte, do BDMG Cultural.

 

O novo ciclo, segundo Adauto Novaes

“Utopia, o livro célebre de Thomas Morus, faz 500 anos. Durante meio milênio, esta bela palavra, que quer dizer não lugar,mas também se pode traduzir por eutopia – lugar da felicidade –, fez um longo percurso cheio de enigmas. Promessa, esperança, simulação antecipadora, horizonte de nossos desejos, a utopia tem um destino comum: a ‘severa e lúcida crítica da realidade’. Ou, como diz Marx, ela é a ‘expressão imaginativa de um mundo novo’. O fundamento da utopia é, pois, a crítica do presente. Hoje vemos, entretanto, a construção de um silêncio não só sobre o desejo utópico, mas também sobre seu pensamento. Um dos lugares comuns da nova opinião – lembra Abensour – consiste em dizer que quem pensa a democracia deve fazer o luto da utopia; inversamente, quem insiste em pensar a utopia afasta-se da democracia. Nada mais danoso para a política e para o pensamento: ‘Esta hipotética contradição entre o pensamento do político e o pensamento da utopia faz pouco caso de toda uma tradição da filosofia política moderna’, diz, ainda, Abensour. O ódio da utopia alimenta-se do ódio à emancipação. O pensamento conservador vai além e tenta justificar esse ódio de maneira sinuosa, desqualificando a utopia com mais um lugar comum: ‘a política é pensamento; a utopia é ilusão’. Um ciclo de conferências que relaciona mutações e utopia nos remete, ainda, às perspectivas criadas pelas revoluções tecnocientífica, digital e biotecnológica ou, mais precisamente, ao futuro pensado pelo que se convencionou chamar de advento do pós-humanismo: 2030 seria a data da grande virada: triunfo da inteligência artificial sobre a inteligência biológica, milhões de nanorobôs circulando por todo o corpo humano, no sangue, nos órgãos, no cérebro para corrigir erros do DNA; a vida poderá ser prolongada ao infinito e seria anunciada, então, ‘a morte da morte’”.

 

Sobre o Ciclo Mutações

A série de conferências começou em 2007, com o ciclo Mutações – novas configurações do mundo, quando se analisou de que maneira a ciência e a técnica produziam transformações em todas as áreas da atividade humana. Em 2008, foi a vez deMutações – a condição humana, que abordou as razões do viver neste mundo, dominado pela tecnociência. No ciclo de 2009, o tema foi o vazio do pensamento, em Mutações – a experiência do pensamento; em 2010, debateu-se o papel das crenças ativas e passivas  em Mutações – a invenção das crenças; em 2011, Elogio à preguiça refletiu sobre a  condenação da preguiça, pelo mundo do trabalho mecânico e da importância do ócio no desenvolvimento do trabalho intelectual e artístico.

 

Em 2012, o tema “O futuro que não é mais o que era” discutiu a ideia do tempo acelerado na modernidade líquida, em que o presente é substituído pela imediatez das coisas, pelo provisório e pelo fim das grandes narrativas. Já em 2013, o Ciclo Mutações abordou o tema “O silêncio e a prosa do mundo”, que tratou do conceito de fala, que dá forma e expressão às reflexões e às paixões, e do silêncio que, atualmente, diante do volume de informações produzido a todo instante, pode ser transgressor. Em 2014, “Mutações: fontes passionais da violência”, tratou das paixões violentas que dominam os homens: ódio, ressentimento, fanatismo, patriotismo, embriaguez de poder. Os três últimos ciclos não foram realizados em Belo Horizonte.

 

Sobre o filósofo, jornalista e professor Adauto Novaes

Filósofo, jornalista e professor, Adauto Novaes foi, por 20 anos, diretor do Centro de Estudos e Pesquisas da Fundação Nacional de Arte, do Ministério da Cultura. Em 2000, fundou a empresa de produção cultural Artepensamento. Os ciclos de conferências que organizou resultaram nos seguintes livros de ensaios: Os sentidos da paixão; O olhar; O desejo; Ética; Tempo e história (Prêmio Jabuti); Rede imaginária: televisão e democracia; Artepensamento; A crise da razão; Libertinos/libertários; A descoberta do homem e do mundo; A outra margem do Ocidente; O avesso da liberdade; Poetas que pensaram o mundo; O homem-máquina; Civilização e barbárie, e O silêncio dos intelectuais, todos editados pela Companhia das Letras. Publicou ainda, Muito além do espetáculo (Senac São Paulo, 2000); A crise do Estado-nação (Record, 2003); Oito visões da América Latina (Senac São Paulo, 2006); Ensaios sobre o medo (Edições Sesc SP / Senac São Paulo, 2007); O esquecimento da política(Agir, 2007); Mutações: ensaios sobre as novas configurações do mundo (Edições Sesc SP /Agir , 2008); Vida, vício, virtude(Edições Sesc SP / senac São Paulo, 2009); Mutações: A condição humana (Edições Sesc SP / Agir, 2009);  Mutações: a experiência do pensamento (Edições Sesc SP, 2010); Mutações: a invenção das crenças (Edições Sesc SP, 2011), Mutações: elogio à preguiça (Edições Sesc SP, 2012; ganhador do Prêmio Jabuti em 2013) e Mutações: o futuro não é mais o que era.

 

Foto: Divulgação 

 

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