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Filarmônica de Minas Gerais traz a Belo Horizonte o violinista Luíz Filíp e o maestro Celso Antunes
Os brasileiros se unem à Orquestra em concerto com obras de Mozart, Beethoven e Tippett
Dois importantes músicos brasileiros unem-se à Filarmônica de Minas Gerais, no dia 5 de agosto, às 20h30, no Grande Teatro do Palácio das Artes. O violinista Luíz Filíp, membro da Filarmônica de Berlim, volta a dividir o palco com a Orquestra e executa o Concerto para violino nº 3,de Mozart. Estreando com a Filarmônica de Minas Gerais, Celso Antunes, regente associado da Osesp, conduz os músicos na primeiraapresentação, em Belo Horizonte, da Sinfonia nº 2, de Tippett. Uma das mais célebres aberturas de Beethoven, As Ruínas de Atenas, completa o programa.
Este concerto conta com o patrocínio do Mercantil do Brasil por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.
O maestro Celso Antunes
Nascido em São Paulo, Celso Antunes foi nomeado, em 2012, maestro associado da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo por cinco anos. Estudou regência na Musikhochschule Köln, na Alemanha e foi maestro principal da Neues Rheinisches Kammerorchester em Colônia e do conjunto belga de música contemporânea Champ d'Action. Como diretor artístico e maestro principal do National Chamber Choir of Ireland, teve forte influência sobre o desenvolvimento do grupo. Antunes conduziu muitas estreias mundiais, incluindo obras de Michael Tippett, Wolfgang Rihm, Jonathan Harvey, Hans Zender, Brice Pauset, Unsuk Chin e Lera Auerbach.
Atua regularmente como regente convidado de importantes orquestras, como a Netherlands Radio Orkest Filharmonisch e Netherlands Radio Kamer Filharmonie, a NDR Radiophilharmonie, Deutsche Staatsphilharmonie Rheinland Pfalz, RSO Stuttgart, Manchester Camerata, Filarmônica de Bruxelas, Orquestra de Ulster e Sinfônica Nacional da Irlanda. Por muitos anos tem sido ativo no cenário europeu de concertos, com presença nos mais importantes festivais. Também trabalha com alguns dos principais coros da Europa.
O violinista Luíz Filíp
Luíz Filíp, natural de São Paulo, reside na Alemanha desde 2001 e é o único brasileiro membro da Orquestra Filarmônica de Berlim e do Berlin Ensemble, grupo de câmara da Filarmônica de Berlim. Apresenta-se regularmente em cidades como Berlim, Roma, Tóquio, Tel Aviv e Paris, onde fez seu début na série de concertos do Auditorium do Museu do Louvre. Participou de vários festivais de música de câmara, entre os quais o Festival Rolandseck e o Festival Aix-en-Provence. Foi membro da Academia da Filarmônica de Berlim, ocasião em que trabalhou sob a batuta dos mais importantes regentes da atualidade. Em reconhecimento ao seu trabalho, foi convidado pelo governo alemão, em 2009, a se apresentar no Palácio Bellevue, no encerramento da visita oficial do presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, à Alemanha.
No Brasil, Luíz Filíp recebeu diversos prêmios em concursos nacionais. Na Europa, foi premiado no 37º Concurso Internacional Tibor Varga, na Suíça, no I Concurso Internacional Henry Marteau, na Alemanha, e recebeu o primeiro prêmio no Concurso Gerhard Taschner, em Berlim.
Repertório
A Filarmônica de Minas Gerais dá início ao concerto com a Abertura da obra As Ruínas de Atenas, op. 113, de Ludwing van Beethoven (1770-1827). A peça conta a história da deusa Minerva, que, após ser amaldiçoada por Júpiter e dormir por dois mil anos, é acordada pelo deus Mercúrio. É nesse momento que a deusa das artes se depara com o Parthenon em ruínas e ocupado pelos turcos. Desolada, ela busca abrigo em Pest, ondeestão as musas Tália e Melpômene. Lá, a humanidade celebrava a arte, por servir ao enobrecimento dos mortais, abrindo-lhes a mente e sensibilizando os corações.
O compositor, que anteriormente escrevera uma canção para o drama trágico Egmont, de Goethe, em 1810, reforçou com As Ruínas de Atenas sua apreciação pela literatura. Embora seus interesses raramente fossem algo fora da música, ele apreciava os grandes poetas, dramaturgos e filósofos de seu tempo e admirava profundamente Goethe, Schiller e Schelling. A Abertura de As Ruínas de Atenas foi publicada em 1823, em Viena, porém, a versão completa foi impressa somente após a morte de Beethoven, em 1846.
Na sequência, o Concerto para violino nº 3 em Sol maior, K. 216, de Wolfgang Amadeus Mozart (Áustria, 1756-1791), ganha o palco do Palácio das Artes com a presença do violinista Luíz Filíp. Tendo vivido apenas 35 anos, Mozart construiu uma obra farta e extraordinária, e nela se destacam suas óperas e missas. Sua obra instrumental transparece nos cinco concertos para violino que ele criou.
Estreado em 1775, o luminoso Concerto em Sol maior, terceiro dos cinco, não traz maiores novidades formais ou melódicas. Trata-se de umconcerto bem ao gosto do modelo clássico, com três movimentos bastante distintos: o primeiro em forma sonata; o segundo, um adágio de modelo nitidamente vocal; e o terceiro, um rondó final. É de se notar o diálogo que o violino trava com o oboé no primeiro movimento. E igualmente notável é o final do último movimento, que, ao invés de brilhante, opta por ser, por assim dizer, delicado, o que lhe reforça o caráter de dança.
É com a Sinfonia nº 2, de Michael Tippet (Grã-Bretanha, 1905-1998), interpretada pela primeira vez em Belo Horizonte, que a Orquestra encerra a noite. Após um longo hiato de duzentos e cinquenta anos (desde Purcell), a Inglaterra conheceu dois artistas nacionais dispostos a escreverem óperas e sinfonias: Benjamim Britten e Michael Tippett, um artista dotado de uma rara profundidade intelectual e consciência social. A composição de sua Sinfonia nº 2 durou cinco anos, desde a ideia, oriunda de uma nota dó grave ouvida de Vivaldi e que marca o início e o final da obra, dando a ela o sentido de continuidade cíclica. Preparando sistematicamente sua estrutura, Tippett iniciou a obra somente quando estava certo das formas de cada movimento. Para cada um deles esquematizou também quatro diferentes ambientes emocionais: “alegria, ternura, travessura e fantasia”. Segundo Tippett, “quando o dó grave reaparece no final da sinfonia, temos a sensação de satisfação, de trabalho concluído”. Na partitura, anotou a seguinte indicação para o último acorde: “deixar vibrar no ar”.
A Sinfonia nº 2 foi estreada em fevereiro de 1958 pela Orquestra Sinfônica da Rádio da BBC de Londres, sob a batuta de Sir Adrian Boult. Tratava-se de uma comemoração em virtude dos dez anos do 3º programa – programa radiofônico da BBC destinado à difusão da música clássica – para o qual a obra fora encomendada. Embora experiente, o maestro trazia consigo um conservadorismo inadequado para o trabalho. Como consequência, a estreia foi um desastre. A flauta acabou entrando um compasso antes do necessário, e as madeiras, um compasso depois. Sir Adrian Boult interrompeu a execução, ao vivo, e, reiniciando a obra, se desculpou: “o erro foi totalmente meu, senhoras e senhores”.
Sobre a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais
A Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, criada em 2008 com o intuito de inserir o Estado de Minas Gerais nos circuitos nacional e internacional da música orquestral, é um corpo artístico administrado pelo Instituto Cultural Filarmônica, uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip). Formada por 90 músicos provenientes de todo o Brasil, Europa, Ásia, Américas e Oceania, a Filarmônica pauta seu trabalho pela excelência artística e vigorosa programação. Sua constante preo¬cupação com a qualidade foi re¬conhecida com importantes premiações: em 2012 recebeu o Prêmio Carlos Gomes de melhor orquestra brasileira; em 2010 foi eleita como melhor grupo musical erudito do ano pela Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA); e seu diretor artístico e regente titular, maestro Fabio Mechetti, recebeu o Prêmio Carlos Gomes em 2009 como melhor regente brasileiro.
Mais de meio milhão de pessoas já ouviram a Filarmônica de Minas Gerais que apresenta, regularmente, as séries Allegro e Vivace no Palácio das Artes, Concertos para a Juventude e Concertos Didáticos no Sesc Palladium, além de Clássicos na Praça e Concertos de Câmara em diferentes espaços culturais de Belo Horizonte. Realiza turnês por Minas Gerais e pelo Brasil, tendo feito sua primeira turnê internacional em 2012, com cinco concertos na Argentina e no Uruguai.
Como ações de estímulo à música, a Filarmônica promove o Festival Tinta Fresca, destinado a compositores de todo o país, e o Laboratório de Regência, atividade inédita no Brasil, que abre oportunidade para jovens regentes brasileiros.
Em 2013, a Orquestra gravou seu primeiro CD comercial e firmou parceria com o selo Naxos, para o registro, no momento, de obras de Villa-Lobos. Para 2015, a Filarmônica aguarda a inauguração de sua sala de concertos, a Sala Minas Gerais.
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