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Conflitos culturais da colonização francesa e abordagem de temas tabus são destaques na mostra da cineasta CLAIRE DENIS
Em Belo Horizonte, obras foram exibidas apenas em Festivais
Sete filmes da trajetória de uma das mais importantes cineastas francesas da atualidade serão exibidos no Cine Humberto Mauro na Mostra Claire Denis. O evento é resultado de uma parceria entra a Fundação Clóvis Salgado, Cinemateca da Embaixada da França no Brasil, Embaixada da França no Brasil, Aliança Francesa e Institut Français. A curadoria é de Vitor Miranda, Assessor da Gerência de Cinema.
O público terá a rara oportunidade de assistir a um recorte das produções da cineasta. A maioria dos filmes selecionados não entraram em circuito comercial e só puderam ser vistos em Festivais. São eles: Dane-se a Morte; Noites sem Dormir; Bom trabalho; Desejo e obsessão; O Intruso; Do Lado de Mathilde e 35 Doses de Rum.
Inserida no universo cinematográfico antes mesmo de se tornar diretora, Claire Denis tem uma trajetória singular no cinema. Filha de um administrador colonial, a cineasta nasceu na França mas, desde muito nova, morou em antigas colônias do país como Camarões, Burkina Faso e Djibuti. “Ela sempre teve o interesse de abordar o intercâmbio cultural, um possível reflexo de toda a sua experiência”, comenta Vitor Miranda
Antes de iniciar carreira no cinema, cursou faculdade de economia na França. Encorajada pelo marido, largou a economia e passou a estudar cinema. Foi assistente de diretores importantes como Jacques Rivette, Costa-Gravas, Jim Jarmusch e Wim Wenders.
Cineasta independente, seu primeiro longa foi filmado em 1988, aos 42 anos, e seus filmes, comumente, abordam relações de choque e intercâmbio cultural. As obras refletem as diversas vivências que Denis teve ao longo de sua vida. A autora é reconhecida por capturar as questões da França contemporânea e retratá-las com o lirismo característico do Cinema Francês.
Suas produções destacam-se por, através de elementos simples e características que remetem ao chamado cinema de fluxo, se distanciar do cinema clássico narrativo e se aproximar das experiências sensoriais e da vivência dos seus personagens. Ao mesmo tempo, ela utiliza de maneira orgânica elementos de gêneros estabelecidos do cinema para construir suas obras, como o terror em Desejo e Obsessão, o faroeste em O Intruso e o musical em Bom Trabalho.
Temas tabus – Com olhar minucioso e rico em detalhes, Claire Denis aborda, de forma poética e delicada, temas tabus como sexo, canibalismo, incesto, política, homossexualidade e racismo.
Conflitos culturais provenientes da colonização francesa em países africanos e asiáticos são temas amplamente explorados pela cineasta, mostrando, inclusive, como é a inserção desses ex-colonizados na França atual. É o caso de Dane-se a morte, filme de 1990 que rendeu reconhecimento internacional à Claire. A obra retrata, em estilo quase documental, a vida de Dah e Jocelyn, dois negros que treinam galos para rinhas ilegais na França.
Outra obra que se destaca pela apropriação de elementos cinematográficos é Do lado de Mathilde. Neste documentário, Claire acompanha a coreógrafa Mathilde Monnier em uma investigação sobre o movimento, os corpos e sua linguagem. A cineasta estabelece uma linguagem cinematográfica detalhista, com o estabelecimento de uma mise en scene sofisticada.
Foto: Divulgação
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