Notícias
Suricato completa dez anos com nova casa
Após uma experiência de três meses na Serra, uma nova realidade abre as portas no bairro Floresta
“Entrei na Suricato por indicação da minha psicóloga para fazer um curso de vendedor, mas percebi, chegando lá, que queria estar na produção, e fui para o Núcleo da Marcenaria. A Suricato deu um norte para a minha vida, eu tenho um porque para acordar de manhã, me deu uma orientação. Foi tão bom que logo comecei a fazer um curso pré-vestibular e hoje estou no 2º período de História na UFMG. Da marcenaria, passei para a Comissão de Finanças até chegar à Coordenação Geral”, conta Iraci Fernandes da Silva Jr.
No dia 27 de junho, Iraci e outros membros, parceiros e usuários da Suricato, estiveram reunidos para uma noite de celebração em uma nova casa. Há 10 anos nascia a Associação de Trabalho e Produção Solidária – Suricato, e todos têm muito para comemorar. Essa Associação é formada por pessoas acometidas pelo sofrimento psíquico, que utilizam um sistema vanguarda de tratamento em saúde mental, adotado em Belo Horizonte desde a década de 90.
Entre 2011 e 2012, por três meses, foi realizada uma experiência de trabalho, que congregou a Suricato em uma empreitada desafiadora. Em uma casa no bairro Serra funcionou um showroom com os produtos produzidos pelos usuários e, ainda, outras manifestações culturais e gastronômicas. Agora, todo a artesanato, móveis, mosaicos, e culinária, feitos por eles, fazem parte de uma nova casa no bairro Floresta (Rua Souza Barros, 175 – entre Silviano Brandão e Jacuí). O local tem, também, um lindo quintal, onde funciona o bar e oficinas de várias áreas da arte e da cultura, além de apresentações musicais, teatrais e audiovisuais, conversas na roda e lançamentos de livros.
Em 2004, a Suricato já tinha núcleos de produção, fruto dos trabalhos desenvolvidos desde 1999, quando foi iniciada uma proposta para expandir o universo da saúde mental na cidade. Tal iniciativa partiu da demanda dos usuários da rede de saúde mental, por meio do apoio do Fórum Mineiro de Saúde Mental, a partir da elaboração do projeto e captação de recursos junto ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), para a qualificação técnica e conceitual dos interessados, entre 1999 e 2006.
A Suricato foi formalizada, em 2004, e seu objetivo é gerar trabalho, renda e cidadania, orientada pelas premissas do trabalho enquanto um valor, produzindo o que dá prazer e, ainda, o respeito ao ritmo e a singularidade. Trata-se de uma organização horizontalizada, norteada pelos princípios da Economia Solidária, como a autogestão e o protagonismo de seus participantes, onde se compartilham poderes e saberes. ‘“É um trabalho de resgate social, onde a equipe incubadora da Secretaria Municipal de Saúde, da qual faço parte, trabalha com a preciosidade dos sonhos que cada um tece para si e coletivamente”, destaca Marta Soares, terapeuta ocupacional e referência para a referida equipe.
A Suricato tem atualmente quatro núcleos de produção: culinária (CAC SP), artesanato (Edifício Central), marcenaria (CAC SP) e mosaico (Central de Abastecimento no bairro SP). O resultado do trabalho nas áreas relacionadas, bem como no seu espaço cultural, corresponde aos desafios da inclusão social digna e do resgate do trabalho como suporte identitário.
História e significado
O nome é uma comparação ao suricate, um animalzinho africano que utiliza a solidariedade para escapar dos perigos da Savana e sobreviver. “Para nos mantermos vivos no mercado capitalista, não podemos estar sozinhos e nem competindo uns com os outros, mas se unindo, se respeitando e se protegendo, como os suricates, comenta Marta.
Em 2008 foi realizada, pela Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte, a 1ª Mostra Arte Insensata, na Casa do Conde. Vários artistas mostraram seus trabalhos em três dias de Mostra, com show de encerramento do cantor e compositor Tom Zé. Na ocasião, a Suricato marcou presença no Mercado Maluco e teve uma incursão tímida no mundo da culinária. Em outubro de 2010 aconteceu a 2ª Mostra de Arte Insensata, com o 1º Desfile da Suricato (com peças e acessórios desenvolvidos pelos próprios usuários), no Espaço CentoeQuatro. E desta vez, de forma mais ousada, a Suricato compôs o Mercado Maluco e arriscou um pouco mais na culinária, assumindo o balcão das guloseimas. No palco, Chico César, Barbatuques e um grupo de artistas da rede de saúde mental.
Em 2011 foi lançada a logomarca da Associação e em 2012 veio a 3ª Mostra de Arte Insensata, também no CentoeQuatro. Mais uma vez fizeram parte da programação, o Desfile, o Mercado Maluco e a culinária, com a Suricato assumindo o desafio de assumir a cozinha do CentoeQuatro, durante todo o evento. Foram três dias de festa, boa comida e com apresentações de Jorge Mautner e Antônio Nóbrega. Já 2013 foi um ano de definições para concretizar o sonho de conquistar uma nova casa e estabelecer o Espaço Cultural Suricato.
Desde 2010 a direção artística dos desfiles da Suricato nas Mostras Insensatas é do artista Aleixo da Cruz, que é o diretor de arte do ateliê de costura. “O trabalho ajuda, estabiliza as emoções dos usuários”, conta. Aleixo é integrante do grupo de teatro Reviu a Volta. Já trabalhou com João das Neves, Marcos Vogel, entre outros diretores.
Selecionamos os melhores fornecedores de BH e região metropolitana para você realizar o seu evento.