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Cine Humberto Mauro realiza mostra virtual com vencedores de edições anteriores do FestCurtasBH

Com obras de Jorge Furtado, Anita Rocha, Kleber Mendonça Filho e outros, curadoria celebra os 30 anos do festival e homenageia os filmes que se destacaram ao longo de 26 edições

Em 2024, o Festival Internacional de Curtas de Belo Horizonte completou 30 anos de existência. Celebrando esta trajetória, O Cine Humberto Mauro realiza a mostra “Premiados FestCurtasBH: 30 Anos de Invenção”, homenageando os filmes que se destacaram ao longo de suas 26 edições. A iniciativa rememora os filmes nacionais premiados nas mostras Competitiva Minas e Brasil, a partir de escolhas que demonstram a diversidade de obras que se destacaram ao longo dos anos, com curadoria de Bruno Hilário, membro da comissão de seleção e coordenador executivo do Festival, e Matheus Pereira, produtor de cópias do FestCurtasBH. A programação, com mais de 30 curtas-metragens e com nomes como Jorge Furtado, Guilherme Fiúza, Anita Rocha da Silveira e Kleber Mendonça Filho, estará disponível a partir de 25 de julho e irá se estender ao longo de um ano, de forma inteiramente virtual, com a disponibilização das produções na plataforma CineHumbertoMauroMais.

Dos primórdios às edições mais recentes, o FestCurtasBH demonstra através desta programação uma trajetória que não é, nem pretende ser, linear: a multiplicidade de colaboradores, filmes e proposições é parte fundamental da pujança do Festival, que foi criado em 1994, com uma pausa de cinco anos entre a segunda e terceira edição. A linha invisível que alinhava sua história é a aposta inabalável na força e na liberdade potencialmente implícitas ao curta-metragem em sua condição singular de cinema. Aberto a todos os gêneros e formatos, o FestCurtasBH se volta com particular interesse à experimentação e às formas fílmicas engajadas e inventivas. 

Bruno Hilário, o curador da mostra, reforça que para além de uma não-linearidade, a seleção preocupou-se em não estabelecer uma diferenciação entre as produções. “O processo de curadoria foi bem arqueológico, o que torna cada descoberta uma instigante relação com a história, com a nossa história. Mas gostaria de frisar alguns elementos: não buscamos estabelecer hierarquias entre filmes que tiveram maior ou menor destaque dentre os escolhidos para compor essa primeira iniciativa de rememoração da história do FestCurtasBH. Buscamos pautar e destacar a diversidade, não apenas na representatividade atrás das telas, mas nas diversas e inventivas formas fílmicas que o curta-metragem abriga ao longo dos tempos. Esperamos poder continuar esse ciclo e poder revisitar outras obras também premiadas”, conta o curador.

A Mostra “Premiados FestCurtasBH: 30 Anos de Invenção” é realizada pelo Ministério da Cultura, Governo de Minas Gerais, Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais e Fundação Clóvis Salgado. As atividades da Fundação Clóvis Salgado têm a Cemig como mantenedora, Patrocínio Master do Instituto Cultural Vale e Grupo Fredizak, Patrocínio Prime do Instituto Unimed-BH e da ArcelorMittal, Patrocínio da Vivo e correalização da APPA – Cultura & Patrimônio. O Palácio das Artes integra o Circuito Liberdade, que reúne 35 equipamentos com as mais variadas formas de manifestação de arte e cultura em transversalidade com o turismo. A ação é viabilizada por meio da Lei Paulo Gustavo (LPG) e pela Lei Federal de Incentivo à Cultura. Vale-cultura. Governo Federal, Brasil: União e Reconstrução.

30 anos de história – Ao revisitar a trajetória do FestCurtasBH a partir dos destaques premiados em sua programação, a mostra busca tecer a relação que o evento desenvolveu junto aos seus realizadores e com o desenvolvimento da história do cinema mineiro e nacional na perspectiva do curta-metragem. As duas primeiras edições do Festival são relembradas através da cineasta mineira Tania Anaya, que esteve presente logo na primeira edição do evento exibindo o filme "Balançando na Gangorra", produzido em Belo Horizonte. Na ocasião, o festival ainda não era competitivo e por este motivo a curadoria optou por relembrar o trabalho de Anaya como destaque de 1994.

Na terceira edição do evento, com o início das mostras competitivas, o grande destaque vai para o cineasta Jorge Furtado, que recebeu o prêmio da crítica de melhor curta-metragem com o filme "O Sanduíche". Furtado se firmou com um dos cineastas brasileiros mais importantes para o fortalecimento da linguagem cinematográfica no formato de curta-metragem a partir dos anos 90, e sua trajetória se confunde com a própria história do FestCurtasBH. 

Já no ano seguinte, em 2002, na quarta edição do Festival, um dos grandes destaques do evento foi o filme "Françoise", do cineasta mineiro Rafael Conde, vencedor do "Prêmio do Público: Melhor Curta-Metragem Mineiro" daquele ano. Protagonizado pela jovem Débora Falabella, o filme circulou grandes festivais nacionais e internacionais, sendo destaque do Festival de Rotterdam, Festival Internacional de Cine de La Habana e o Festival Internacional de Curtas de São Paulo. 

Em 2002, um dos grandes destaques da programação foi o curta-metragem "Todo Dia Na Rua", da cineasta mineira Maria de Fátima Augusto. O filme narra o trabalho, os sonhos e desejos de garis do centro de Belo Horizonte e sagrou-se vencedor do "Prêmio do Público: Melhor Curta-Metragem Mineiro". Maria de Fátima Augusto tornou-se a primeira mulher negra a ser premiada no Festival. A cineasta atuou na equipe de produção das primeiras edições do evento, ao lado do programador e criador do Festival, José Zuba Júnior. 

Guilherme Fiúza, um dos mais importantes cineastas mineiros, ganhou destaque na sétima edição do Festival, com o curta-metragem "Fui!", vencedor do “Prêmio do Público: Melhor Curta-Metragem”, na Mostra Especial Minas. A escolha deste curta-metragem é uma homenagem à sua atuação no cinema mineiro e seu trabalho como professor, formando gerações de cineastas que estão atualmente realizando trabalhos em Minas Gerais. Ao longo de sua vida, Fiuza atuou como diretor, produtor e instrutor de cinema, além de lutar por melhores condições de realização, financiamento e reconhecimento público do cinema brasileiro. O cineasta, falecido em maio de 2024, foi figura central em diversas mobilizações por políticas públicas, dentre elas, a implementação da Lei Paulo Gustavo.

Bruno Hilário, que integra a equipe de realização do evento desde 2009, destaca que “revisitar algumas obras que foram exibidas no festival ao longo dos anos é um exercício particularmente emocionante. Ainda me lembro do impacto que o curta-metragem ‘Na Sua Companhia’ de Marcelo Caetano, premiado no 14º FestCurtasBH pelo Júri Oficial: Prêmio Cinquentenário BDMG de Melhor Curta-Metragem [Competitiva Brasil], teve no público do Festival. O filme guarda a potência subversiva de uma linguagem cinematográfica genuinamente ‘cuir’, um marco no cinema LGBT+ realizado no Brasil, relevante mesmo após mais de uma década de sua realização”. 

O ano de 2013 foi um divisor de águas na realização do Festival, na 15ª edição do evento criou-se o Troféu Capivara, sendo esta representante da biodiversidade da Lagoa da Pampulha, que na época estava sendo ameaçada de extermínio por grupos que defendiam que os animais traziam doença aos seres humanos. A aposta na defesa do carisma, força e resistência da Capivara deram certo e este troféu se tornou um dos mais cobiçados prêmios dentre os festivais nacionais. Um dos primeiros curtas-metragens a receber o Troféu Capivara foi o emblemático “Pouco mais de um mês”, de André Novais, que naquele ano foi ovacionado pelo público e levou o Prêmio de Júri Popular.  

As mais recentes obras presentes na programação da mostra, premiadas pelo Júri Oficial no 26º FestCurtasBH em 2025, são “Dona Beatriz Nsimba Vita” (Melhor Curta-Metragem [Competitiva Brasil]), que ”com um traço bastante singular, Dona Beatriz Nsimba Vita redesenha a circularidade do mito, conectando espaços e histórias num curta-metragem tão bonito quanto desafiador. A alquimia da personagem principal, que se multiplica vertiginosamente, inspira um filme de difícil decodificação, mas que nos convida à sua trama por múltiplos sentidos: o primoroso trabalho plástico alinha-se a uma rigorosa investigação sonora”, de acordo com o Júri . 

Já o vencedor da Mostra Competitiva Minas, veio da cidade de Cordisburgo. Trata-se de “Trap Pesadelo - O Manifesto”, de Marco Antônio Pereira. O filme já havia sido premiado no Prêmio Humberto Mauro, realizado pela Fundação Clóvis Salgado e pelo BDMG Cultural. Em 2025, na programação do festival, a obra volta a se destacar demonstrando a inventividade de um cinema realizado com baixo orçamento no interior de Minas Gerais. Segundo o Júri, sua premiação se deu “por desafiar os repertórios deste júri e a construção canônica da ideia de cinefilia, por trabalhar o humor como possibilidade política contundente, por um manejo inteligente de linguagens contemporâneas, colocando-as em xeque de forma criativa, por aglutinar diferentes culturas da imagem visual e sonora num filme-ciborgue e pela intenção de interferir diretamente na economia do audiovisual”. Ou seja, é uma obra que aponta para o futuro, com experimentação de novas formas de criar e montar imagens em movimento.

A diversidade presente na programação permite, para Bruno, uma apreciação, por parte do público, das possibilidades narrativas que são intrínsecas aos curtas-metragens. “Acreditamos que esse recorte nos apresenta o quão vigoroso é a experiência do curta-metragem enquanto formato de cinema. É incrível constatar como determinadas narrativas ou vivências são possíveis justamente por conta das especificidades desse formato. Acredito que isso tenha evoluído em nosso imaginário coletivo e a própria relevância do Festival de Curtas de Belo Horizonte, de 1994 até os dias atuais, é prova disso. Na contramão dessa vigorosa produção, percebemos que o fomento ao curta-metragem enfrenta enormes desafios e uma defasagem gigantesca de valores, que parece não desanimar à criatividade brasileira, uma vez que para a 27ª edição do festival, a ser realizada no final de outubro de 2025, recebemos um recorde de inscrições, mais de 1500 filmes brasileiros”, afirma o curador.

CINE HUMBERTO MAURO – Um dos mais tradicionais cinemas de Belo Horizonte, foi inaugurado em 1978. Seu nome homenageia um dos pioneiros do cinema brasileiro, o mineiro Humberto Mauro (1897-1983), grande realizador cinematográfico. Com 129 lugares, possui equipamentos de som Dolby Digital e para exibição de filmes em 3D e 4K. Nestes mais de 45 anos de existência, a Fundação Clóvis Salgado tem investido na consolidação do espaço como um local de formação de novos públicos a partir de programação diversificada, bem como através da criação de mecanismos de estímulo à produção audiovisual, com a realização do tradicional FestCurtasBH – Festival Internacional de Curtas de Belo Horizonte, e o Prêmio Estímulo ao Curta-Metragem de Baixo Orçamento. O Cine Humberto Mauro também é um importante difusor do conhecimento ao promover cursos, seminários, debates e palestras. Sessões permanentes e comentadas também têm espaço cativo a partir das mostras História Permanente do Cinema, Cinema e Psicanálise, Curta no Almoço, entre outros. Todas as atividades do Cine Humberto Mauro são gratuitas.

FUNDAÇÃO CLÓVIS SALGADO – Com a missão de fomentar a criação, formação, produção e difusão da arte e da cultura no estado, a Fundação Clóvis Salgado (FCS) é vinculada à Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais (Secult). Artes visuais, cinema, dança, música erudita e popular, ópera e teatro constituem alguns dos campos onde se desenvolvem as inúmeras atividades oferecidas aos visitantes do Palácio das Artes, CâmeraSete – Casa da Fotografia de Minas Gerais – e Palácio da Liberdade, espaços geridos pela FCS. A Instituição é responsável também pela gestão dos corpos artísticos – Cia de Dança Palácio das Artes, Coral Lírico de Minas Gerais e Orquestra Sinfônica de Minas Gerais –, do Cine Humberto Mauro, das Galerias de Arte e do Centro de Formação Artística e Tecnológica (Cefart). A Fundação Clóvis Salgado é responsável, ainda, pela gestão do Circuito Liberdade, do qual fazem parte o Palácio das Artes, Palácio da Liberdade e a CâmeraSete. Em 2021, quando celebrou 50 anos, a FCS ampliou sua atuação em plataformas virtuais, disponibilizando sua programação para público amplo e variado. O conjunto dessas atividades fortalece seu caráter público, sendo um espaço de todos e para todas as pessoas.dr

Mostra “Premiados FestCurtasBH: 30 Anos de Invenção”
Data: 25 de julho de 2025 a 25 de julho de 2026
Local: CineHumbertoMauroMAIS (www.cinehumbertomauromais.com)
Classificações indicativas: Variáveis
Informações para o público: (31) 3236-7307 / www.fcs.mg.gov.br

Foto: Anita Rocha

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