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FIT BH leva mais de 16 mil pessoas por toda BH

Nesta edição comemorativa de 30 anos, o Festival reafirma, mais uma vez, sua importância para o cenário nacional e internacional das artes cênicas

Em junho de 2024, o FIT BH 2024 completou 30 anos de história com um mergulho profundo na memória cultural de Belo Horizonte. De 20 a 30 de junho, a 16ª edição do Festival Internacional de Teatro Palco & Rua, foi destaque para o teatro feito no Brasil e em outras partes do mundo, reunindo centenas de artistas e profissionais das artes cênicas, em Belo Horizonte, com uma programação pensada a partir do tema "Teatro: Patrimônio Cultural - Pontes de Memória", sob a curadoria dos artistas Assis Benevenuto, Soraya Martins e Tina Dias.

Ao longo de 11 dias o festival ocupou 22 espaços públicos e privados distribuídos nas nove regionais da cidade – entre teatros, ruas e espaços alternativos da capital, com uma programação diversificada, a preços populares e com inúmeras oportunidades gratuitas de formação e reflexão para artistas e público em geral. 

Nesta edição, o FIT BH envolveu 192 artistas, 435 profissionais da cultura contratados e 23 espetáculos, totalizando 75 apresentações. Dentro das ações reflexivas, foram oferecidas: entrevista pública, lançamento de livro, seminário, oficinas, residência artística, rodada de negócios com 43 artistas inscritos e 12 programadores, e mais de 20 atrações em sete dias do Ponto de Encontro, no Espaço Cento e Quatro. A programação foi realizada conforme classificação etária indicativa determinada pelo Ministério da Justiça.

Desde a sua criação, o Festival busca aprimorar também a cada ano o seu papel de democratização do acesso aos bens culturais, incluindo na programação um conjunto de medidas de inclusão e acessibilidade. Neste ano, foram sete espetáculos contendo audiodescrição, 17 trabalhos com a presença de intérprete de Libras, sendo disponibilizados de dois a quatro profissionais por obra teatral.  

FIT BH 30 ANOS

A primeira edição do FIT BH aconteceu entre 2 e 12 de junho de 1994, uma realização do Teatro Francisco Nunes e do Grupo Galpão. Desde então, o FIT alcançou uma excelente recepção junto à população belorizontina, indo ao encontro da forte vocação da cidade para o Teatro de Grupo e a experimentação artística. Sua importância para o cenário cultural da cidade foi reconhecida e, em janeiro de 2008, o FIT BH foi instituído como evento oficial bienal, através da Lei 9.517. Outra importante conquista para as Artes Cênicas aconteceu em dezembro de 2014, quando o Teatro de Palco e Rua de Belo Horizonte recebeu o título de Patrimônio Cultural Imaterial da cidade. 

DESTAQUES DA PROGRAMAÇÃO

Na abertura deste ano, no centro da capital, a Funarte MG abrigou mais de 1500 pessoas para assistir ao espetáculo Papers! da companhia valenciana Xarxa Teatre, seguindo a tradição de proporcionar no primeiro dia de Festival, um grande encontro entre público e artistas. Espectadores e espectadoras de vários cantos da cidade se avolumaram, em silêncio, no gramado, ao redor da arena, para ver o Teatro acontecer.

Com bolas de fogo e explosões de fogos de artifício, que lembram situações de trincheira, além de sete atores e atrizes que se equilibravam em uma grande estrutura de andaimes de 12x5 metros de extensão, a montagem dirigida e escrita por Leandre Escamilla trouxe a história de um grupo de imigrantes que chega a um novo país, mas é barrado pelas normas e papéis que a sociedade lhe impõe. A noite terminou com show de fogos de artifício, ao som de trilha sonora do Grupo Galpão.

Ainda entre os espetáculos internacionais, o Festival trouxe os chilenos “La Cocina Pública” - que envolveu o público em uma grande performance gastronômica comunitária, e ainda “Ñuke” - que propôs à plateia um encontro em cena com intérpretes indígenas, dentro de uma ‘Ruka’ - espécie de moradia Mapuche, feita de bambu -, ao apresentar a história de violência sofrida pela etnia, durante a ditadura chilena.

O público teve acesso também a oito trabalhos vindos de sete estados brasileiros, a saber: “As cores da América Latina” (AM), “O Fim é uma outra coisa” (SP), "Ubu Tropical" (RS), “Azira’i” (RJ), "CÁRCERE ou porque as mulheres viram búfalos" (SP), que contou com correalização da Fecomércio MG, por meio do Sesc em Minas, e ainda “Lança Cabocla” (MA), “Vamos Pra Costa?" (BA) e “Poeira” (CE).

Entre os nacionais, destaque para o grupo gaúcho Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz, que apesar da sede atingida pelas enchentes, marcou presença com seu "Ubu Tropical" (RS). O coletivo representa a memória viva do Teatro Nacional, sendo um dos grupos de teatro de rua mais antigos e tradicionais do Brasil e que, em 1994, participou da primeira edição do FIT BH. Com encenação provocativa, “Ubu Tropical” apresentou reflexão sobre poder e política a partir das peripécias do grotesco Pai Ubu, símbolo do cinismo e da destruição. Inspirados por Alfred Jarry, os bufões do grupo narram as atrocidades desse personagem, lançando um olhar crítico sobre eventos contemporâneos, em diálogo com o Tropicalismo e a Antropofagia.

Outro trabalho que chamou a atenção, e esteve entre os convidados especiais desta edição, foi “O Fim é uma outra coisa” (SP), idealizado pela atriz veterana Zora Santos, com direção de Grace Passô. Cozinheira e pesquisadora da culinária afromineira, Zora conduziu o público, na Funarte MG, a uma viagem de sabores, cheiros e sons através do espaço-tempo. Um encontro performático em torno do ato de cozinhar e comer junto, envolvendo saberes alquímicos e ancestrais dos povos africanos e indígenas, sobre o uso dos alimentos.

Da cena mineira, o público teve contato com 12 espetáculos de estéticas e narrativas diversas, entre eles, 9 foram selecionados via chamamento público, a saber: “Andanças Urbanas” (Cia Ananda); “A Velha Venda Nova” (Cóccix Companhia Teatral); “Bagunça” dirigido por Marina Viana; “Desimportâncias” (Insensata Cia. de Teatro); Elefanteatro (Pigmalião); “Ǝx-Imagination”, com dramaturgia da slammer Nívea Sabino e a performer Michelle Sá; “Memorada”, texto de Raysner de Paula, com direção de Júlia Camargos; “Os Orixás” (Grupo Giramundo), “Prelúdio a Ismael Ivo”, ritual de celebração com concepção de Anderson Feliciano e Evandro Nunes; “querença” (Breve Cia.).

“Vestido de Noiva” e “Fim de Partida” participaram da mostra local como convidados especiais e foram dirigidos respectivamente por Ione de Medeiros e Eid Ribeiro, nomes escolhidos não por acaso: além de sua inventividade no campo da criação, figuram como parte constitutiva da memória das artes cênicas de Minas e do Brasil. “Fim de Partida”, escrito por Samuel Beckett, celebra os 80 anos de Eid Ribeiro e “Vestido de Noiva” (Oficina Multimedia), recebeu o prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) de melhor direção para Ione de Medeiros e indicação ao 34º Prêmio Shell (2024), na categoria Destaque Nacional.

A 16ª edição do FIT BH também reuniu atividades que possibilitaram a reflexão e formação em torno do universo das artes cênicas, aberta a artistas e público em geral. Foram ministradas as três oficinas “Workshop Palestra sobre Produção, Gestão, Carreira” com Heloísa Marina (UFMG) e Simone Sigale (Coletivo Mulheres da Quebrada), a “Oficina de dramaturgia” com Gabriel Cândido (SP) e a oficina “Focada em atuação (memória, arquivo, ancestralidade)” com Tieta Macau (MA).

O ator, diretor e dramaturgo Vinícius Souza conduziu uma residência artística com atores profissionais e em fase de profissionalização que, durante oito dias, observaram a paisagem e os frequentadores do Parque Municipal. A experiência resultou em apresentações abertas ao público, dentro do Teatro Francisco Nunes. Os belo-horizontinos também puderam vivenciar experiências como presenciar os bastidores da criação através de “Desmontagem: espetáculo local com Prelúdio à Ismael Ivo” (BH) - performance que propunha revelar o processo criativo de um trabalho teatral. 

O Festival contou ainda com o 2º Seminário Salvaguarda do Teatro, que foi realizado com o intuito de fortalecer as políticas públicas de preservação da memória do teatro na cidade. Durante o evento, foi realizada a posse do Comitê Permanente de Salvaguarda do Teatro da cidade.

Esta edição também teve rodada de negócios com o objetivo de ampliar a visibilidade e circulação dos trabalhos locais para outros estados e países. Participaram 43 artistas de Minas e de outras partes do Brasil, que tiveram contato, em 200 atendimentos, com 12 programadores de várias partes do Brasil e do mundo. 

FIT-BH 2024

Desde a sua criação em 1994, o FIT-BH conquistou espaço no calendário cultural de Belo Horizonte. Em 30 anos e 15 edições, o festival recebeu companhias e artistas de 45 países e ofereceu ao público belo-horizontino espetáculos com linguagens e formatos diferentes, que ocuparam diversos teatros, espaços públicos e alternativos da capital. O FIT BH valoriza a difusão, a formação, a reflexão e o intercâmbio cultural, garantindo o fomento e a fruição dos trabalhos artísticos, além de contribuir para impulsionar a reestruturação da economia cultural da cidade.

BALANÇO FIT BH 2024

FIT BH EM NÚMEROS

Mais de 16.000 pessoas que participaram presencialmente das programações artística e reflexivas
71 eventos diferentes
194 horas de ações presenciais 
23 espetáculos e 75 apresentações
8 NACIONAIS – estados: Amazonas, Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul, Ceará, Bahia, Maranhão
3 INTERNACIONAIS da Espanha (Papers!) e do Chile (La Cocina Pública e Ñuke)
12 LOCAIS: 10 via chamamento público e 3 convidados especiais 

- Alguns premiados nacionalmente, como é o caso de Vestido de Noiva, com APCA de melhor direção para Ione de Medeiros do Grupo mineiro Oficina Multimédia, 

- Além de trabalhos como Elefanteatro da companhia mineira Pigmalião, que já rodaram diversos países da Europa e que ocuparam gratuitamente as ruas da cidade.

Acessibilidade:

De 23 espetáculos - 7 montagens com audiodescrição, 17 com intérprete de Libras , sendo 2 a 4 profissionais por peça
192 Artistas
435  Profissionais da cultura contratados
22 Espaços públicos e privados: teatro, rua e espaços alternativos
9 Regionais de Belo Horizonte
3 Oficinas
1 Seminário sobre Patrimônio e  Salvaguarda do Teatro
1 Residência artística com o diretor, ator e dramaturgo, Vinícius Souza
1 Entrevista pública com a diretora pesquisadora Sara Rojo
1 Imersão: espetáculo que propõe ao público a vivência dos bastidores de criação de uma obra teatral
1 Lançamento de Livro
1 Seminário
7 dias de Ponto de Encontro com + de 20 atrações
1 Rodada de negócio: 43 grupos inscritos + 12 programadores com 200 atendimentos
+ 30 empresas contratadas: logística, ambulância, banheiro químico, gradil, segurança, carregadores etc.

Foto: Kika Antunes

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