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Arqueologia emocional da memória: Com direção de Rogério Lopes, Cia Dois em Um estreia espetáculo com texto de Vinícius Calderoni
Com “Os Arqueólogos”, da Cia Dois em Um, dramaturgo paulista ganha sua primeira montagem profissional em Minas Gerais. Público
Em dado momento da peça Os Arqueólogos, um pai explica ao filho que “toda vez que você bate uma fotografia você para um pedacinho do tempo”. O Teatro é justamente este tempo que não se congela, a arte dos momentos efêmeros vividos e compartilhados entre o palco e a plateia. Pensando na volatilidade do tempo e na beleza dos momentos sutis de afeto e intimidade, a Cia Dois em Um mergulha no texto de Vinícius Calderoni para criação de seu terceiro espetáculo, que estreia no próximo dia 30 de julho em Belo Horizonte.
Fundada em 2020 pelos artistas da cena Dê Jota Torres e Lucas Prado, a Dois em Um vem se notabilizando pela pesquisa continuada, pautada no trabalho do ator e na dramaturgia contemporânea. Foram essas as bases de seus dois primeiros espetáculos, “Teatro Decomposto” (com texto do romeno Matéi Vișniec, estreada em 2023) e do espetáculo voltado para as juventudes “A Língua do Fogo” (com texto da mineira Malu Grossi Maia, estreado em 2024). Com “Os Arqueólogos”, o coletivo realiza a primeira montagem profissional de um texto de Vinícius Calderoni em Minas Gerais. Conhecido por seu trabalho como músico (em carreira solo e integrando a banda 5 a Seco), além de ator, diretor e dramaturgo, Calderoni assina textos premiados como o musical “Elza” (2018), dirigido por Duda Maia, “Sísifo” (2020), solo de Gregório Duvivier dirigido pelo próprio autor, “Museu Nacional, Todas as Vozes do Fogo” (2022), espetáculo da Cia. Barca dos Corações Partidos e o recente “Nossa História com Chico Buarque” (2025), dirigido por Rafael Gomes . Contudo, o dramaturgo - celebrado por sua capacidade de conciliar uma dramaturgia inteligente com uma comunicação irrestrita, de amplo alcance - ainda não havia sido abordado por artistas da cena mineira.
Ao retomar o texto de Os Arqueólogos, texto de 2015 que rendeu a Calderoni o Prêmio APCA de Melhor Dramaturgia, a Cia Dois em Um realiza um movimento extremamente incomum dentro no Teatro Mineiro: “Nós vínhamos observando que os artistas da nossa geração, em geral, ou optavam por dramaturgias próprias ou por textos clássicos. Mas por que não trazer a cena, novamente, a obra de um autor maravilhoso, vivo, escrita a menos de uma década?”, explica Dê Jota. De fato, Os Arqueólogos já teve uma primeira montagem, realizada em São Paulo, com direção de Rafael Gomes e com o próprio Vinícius Calderoni no elenco. Ao dar uma nova vida ao mesmo texto, passado tão pouco tempo desde sua estreia - mas um tempo tão significativo marcado por turbulências políticas, econômicas, sociais, além de uma pandemia que suspendeu nosso tempo e convívio - a Dois em Um propõe uma verdadeira arqueologia de um tempo e uma produção que parecem, cada vez mais, voláteis. “É de certa forma uma celebração do nosso próprio fazer. Querer encenar esse texto a partir deste momento, com estes outros atores, é celebrar o texto do Vinícius, é celebrar a memória e é celebrar as muitas vidas que o teatro nos permite viver e reviver”, comenta Lucas Prado, que divide a cena da montagem com Dê Jota e com o músico João Pedro Vasconcelos, diretor musical do espetáculo.
Somando-se à equipe criativa, Os Arqueólogos conta com direção de Rogério Lopes, artista e pesquisador. O diretor já marcou a trajetória da Cia Dois em Um quando, em 2017, assinou a direção dos espetáculos de formatura dos dois espetáculos de formatura de Prado e Dê Jota, respectivamente “A Cerimônia” (de Fernando Arrabal), e “Os Negros” (de Jean Genet). Se em 2018, à época da formatura do Teatro Universitário da UFMG (T.U.), Rogério era o elo de conexão entre duas montagens distintas, agora o diretor se encontra no lugar de pleno compartilhamento da sala de ensaio e de criação do espetáculo. Os cenários e figurinos ficam por conta de Tereza Bruzzi, Paulo Mendes e Matheus Lukashevich.
SOBRE A CIA DOIS EM UM
A Cia Dois em Um é uma companhia teatral de Belo Horizonte/MG criada no ano de 2020 e conta com os artistas Dê Jota e Lucas Prado como fundadores. Criada em um contexto de pandemia, pesquisando e dialogando de forma híbrida com as áreas do teatro, da dança e do audiovisual, a companhia teve sua trajetória iniciada em meio ao isolamento social, emergindo através das possibilidades então oferecidas. Em 2023 o coletivo realizou sua estreia nos palcos com o espetáculo “Teatro Decomposto”, solo de Dê Jota com texto de Matéi Vișniec que cumpriu temporadas na Funarte MG, no Memorial Vale, na Casa da Voz e no Festival de Teatro Negro da UFMG. Em 2024, o coletivo apresenta no CCBB Belo Horizonte o espetáculo “A Língua do Fogo”, musical voltado para as infâncias com texto de Malu Grossi Maia e contando com a participação do ator convidado Thiago Queiroz dividindo a cena com Dê Jota e Lucas Prado. O coletivo tem como princípios a versatilidade artística e a liberdade criativa, nutrindo-se de fontes irrestritas de inspiração. Com Os Arqueólogos, seu terceiro espetáculo, a Cia Dois em Um dá mais um passo em direção a uma pesquisa baseada no trabalho do ator e na dramaturgia contemporânea.
SOBRE A DIREÇÃO
Rogério Lopes é professor do Teatro Universitário da UFMG. Doutor em Artes Cênicas pela UNICAMP (2011), com estágio de doutoramento de doze meses no ISCTE-Lisboa/Portugal (2009) e graduado em Antropologia pela UFMG (2001). É ator e diretor teatral, tendo dirigido o grupo Peripécias Teatrais de Belo Horizonte por 12 anos, com destaque para a pesquisa realizada com máscaras populares, o teatro de rua e a coordenação de projetos de arte-educação para crianças e adolescentes de vilas e favelas. Participou como ator de espetáculos do grupo Barracão Teatro de Campinas e do grupo Evoé de Lisboa-Portugal. Os trabalhos que dirigiu para a rua e espaço fechado têm se apresentado em festivais no Brasil e no exterior como o Festival Teatro Agosto, em Portugal, o festival internacional de teatro de Campinas, o festival de Curitiba, o festival de teatro de rua de Porto Alegre, o FIT‐ BH, o festival de Inverno da UFMG, dentre outros.
SOBRE O DRAMATURGO
Vinícius Calderoni é dramaturgo, diretor, compositor, cantor, ator, roteirista e sócio fundador, ao lado de Rafael Gomes, da Cia. Empório de Teatro Sortido. Escreveu sete peças de teatro adultas e duas infantis, tendo conquistado os prêmios Shell, APCA (duas vezes), Bibi Ferreira e Reverência, na categoria Melhor Autor. Publicou Sísifo (2020), Os arqueólogos (2018), Ãrrã (2017), Não nem nada (2017) e Chorume (2017), todos pela Editora Cobogó, além de Mas por quê??! A história de Elvis: uma peça musical (2021). Como roteirista, escreveu dois longas-metragens: 45 do segundo tempo, dirigido por Luiz Villaça, e Meu álbum de amores, com direção de Rafael Gomes. Como cantor e compositor, tem dois discos solo (Tranchã, 2007; Para abrir os paladares, 2013) e mais quatro álbuns com seu coletivo 5 a seco (Ao vivo no Auditório Ibirapuera, 2012; Policromo, 2014; Síntese, 2018; e Pausa, 2019). Como ator, trabalhou em uma novela, duas séries, três longas-metragens e três espetáculos teatrais.
FICHA TÉCNICA
Idealização e Gestão: Companhia Dois em Um
Direção: Rogério Lopes
Dramaturgia: Vinícius Calderoni
Assistência de Direção e Preparação Corporal: Leandro Belilo
Direção Musical: João Pedro Vasconcelos
Elenco: Dê Jota, João Pedro Vasconcelos e Lucas Prado
Cenário: Tereza Bruzzi e Matheus Lukashevich
Figurino: Tereza Bruzzi e Paulo Mendes
Iluminação: Cia Tecno - Richard Zaira e Pedro Paulino
Coordenação de Comunicação: João Santos
Assistente de Comunicação: Jean Gorziza
Design Gráfico: Dê Jota e João Pedro Vasconcelos
Produção: Paloma Mackeldy
Fotografias: Pedro Paulino
Filmagem: Amanhã Filmes - Ítallo Vieira e Arthur Arvelos
Financeiro: Talita da Mata e Larissa Pimenta
Capacidade: 80 (oitenta) lugares.
Duração: 60 (sessenta) minutos.
Classificação: Livre.
Observação importante: Ao comprar o INGRESSO ESPECIAL ECOBAG, você assistirá o espetáculo e ganhará uma Ecobag ao final da apresentação.
A temporada contará com 1 (uma) apresentação com Interpretação em Libras no dia 02/08/2025 (sábado) às 20h30.
Este projeto foi apoiado pelo PROGRAMA FUNARTE ABERTA 2025 – OCUPAÇÃO DOS ESPAÇOS CULTURAIS DA FUNARTE.
Mais informações: instagram.com/ciadoisemum
Cia Dois em Um apresenta: OS ARQUEÓLOGOS de Vinícius Calderoni
direção: Rogério Lopes
ESTREIA
de 30 de julho a 05 de agosto, sempre às 20h30 na Funarte MG (Rua Januária, 68. Belo Horizonte, Minas Gerais)
INGRESSOS À VENDA NO SYMPLA ou na bilheteria do teatro 1h antes das apresentações
Valores dos ingressos: R$30,00 (INTEIRA) | R$15,00 (MEIA) | R$60,00 (INGRESSO ESPECIAL ECOBAG)
SINOPSE: De um futuro distante, três arqueólogos analisam possíveis vestígios do nosso tempo, tentando decifrar os hábitos de uma civilização que lhes parece absurda. Quase como narradores esportivos, conduzem o público por uma transmissão ao vivo que procura recriar como teria sido viver o cotidiano daqueles tempos. Com lirismo e bom humor, a peça Os Arqueólogos trás a memória em camadas que se articulam entre aquilo que fica e as nuances que se perderão no tempo.
Foto: GUILHERME OLIVEIRA
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