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Pastorais Universitárias: encontro reúne jovens latino-americanos
Com o Teatro João Paulo II, no campus Coração Eucarístico da PUC Minas, lotado por uma animada plateia de jovens integrantes de pastorais universitárias de vários países da América Latina, entre eles Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, El Salvador, México, Peru, Venezuela, e também da Espanha, Dinamarca e Guiné-Bissau, teve início nesta manhã de quinta-feira, 18 de julho, o II Encontro Latino-americano de Pastorais Universitárias, na maior Universidade Católica do mundo, segundo o Vaticano. O evento é uma promoção do Setor Universidades da Comissão Episcopal Pastoral para a Cultura e Educação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), com apoio da Conferência Episcopal Latino-americana (Celam) e de pastorais universitárias da Venezuela, Chile e Brasil. O encontro prossegue até o final da tarde desta quinta-feira. Veja a programação completa. Com momento de oração presidido pelo presidente da CNBB e arcebispo de Aparecida (SP), Dom Raymundo Damasceno Assis, a mesa de abertura O Rosto de um Novo Tempo foi composta por ele, pelo reitor da PUC Minas e bispo auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte, professor Dom Joaquim Giovani Mol Guimarães, que também é presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Cultura e Educação da CNBB; por padre Vitor Hugo, secretário executivo da Comissão Episcopal Pastoral para a Cultura e Educação da Celam; por Fernanda Santucci, representante da articulação de pastorais universitárias da América Latina; e Maria Eugenia Lloris Aguado, assessora do Setor Universidades da CNBB. “Sentimos o chamado de Deus para compartilharmos universitariamente uma nova evangelização que seja traduzida numa cultura mais cristã”, ponderaram na abertura do evento Catari Girardi, da Pastoral Universitária do Chile, e Leonardo Cortes, do Setor Universidades da CNBB. “O desafio é pensar o papel evangelizador de autoridades, universitários, entre outros, na articulação com as universidades e projeção no ensino, na pesquisa e na extensão, dando novo impulso à evangelização e às universidades”, disseram. Vídeos sobre cada uma das pastorais universitárias participantes foram mostrados ao público. Dirigindo-se ao público, Dom Mol ressaltou a felicidade em ver jovens e professores comprometidos com as pastorais universitárias ali presentes. “Consigo ver e enxergar uma esperança, não só para o futuro, mas que toma significado para o presente”, disse. “Vejo o presente se transformando com a atuação de todos vocês jovens”. Dom Mol disse que o encontro é um abrir de portas para o Congresso Mundial de Universidades Católicas (CMUC, cuja abertura será hoje às 19h). “Sejam abridores de porta para todas as pessoas e para Jesus Cristo, que deve ser central em nossas vidas”. O padre Vitor Hugo, do Celam, lembrou que a entidade está a serviço das pastorais universitárias latino-americanas para que sejam instrumento de grande evangelização no meio universitário. O presidente da CNBB, Dom Raymundo Damasceno, fez um histórico do surgimento das pastorais universitárias, a partir dos anos 1970, com o engajamento de universitários no movimento estudantil, uma consequência da ação católica no Brasil desenvolvida pela Juventude Estudantil Católica (JEC) e da Juventude Universitária Católica (JUC) nos anos 1950. Ele citou as manifestações populares no Brasil no mês de junho, nas quais “a juventude somou forças, se fez ouvir. Que os estudantes universitários assumam seu papel histórico”, disse. “A Igreja confia nos jovens, que são verdadeiro potencial para o presente e o futuro da evangelização”. Dom Raymundo Damasceno reafirmou a opção da Igreja pelos pobres na missão evangelizadora e lembrou que há dois anos a CNBB criou o Setor Universidades para resgatar a ação evangelizadora no âmbito universitário. Referindo-se ao crescimento exponencial de instituições de ensino superior no Brasil, incluindo universidades federais pelo interior e maior acesso dos estudantes pelos programas governamentais, Dom Raymundo Damasceno disse que essa nova etapa de crescimento das universidades merece toda a atenção para a ação evangelizadora: “Quem melhor evangeliza um universitário é o próprio universitário”. Os esforços nesses dias, de acordo com o presidente da CNBB, é que o rosto da América Latina seja de encurtar as distâncias sociais, não só econômicas, políticas e culturais. Ele disse que a integração religiosa na América Latina existe desde a criação da Celam, em 1954, com linguagem teológica pastoral comum. “Lutemos juntos por um tempo melhor de justiça e de paz”, finalizou. Novos sentidos e significados Em seguida, compuseram mesa temática sobre Os Novos Sentidos e Significados na América Latina Dom Gregorio Rosa Chávez, bispo auxiliar de San Salvador (El Salvador), Dom Mol e, como mediador, Fabrizio Catenassi, mestrando em Teologia pela PUC Paraná e colaborador do Setor Universidades da CNBB. Dom Gregorio fez um paralelo entre os papas João XXIII, pontífice de 1958 a 1963, e Francisco. Com isso, disse que sua fala poderia resumir-se a “Do Rio a Aparecida”. Segundo Dom Gregorio, “não se entende a primavera que está hoje vivendo a Igreja sem o primeiro papa latino-americano; e não se entende a primavera criada pelo Concílio Vaticano II [o mais importante evento eclesiástico, em 1961, nos séculos XX e XXI] sem o papel providencial realizado pelo ‘papa bom’, o papa João XXIII”, disse. O papa Francisco foi o responsável por dirigir o documento final de Aparecida, em 2007, em conjunto com Dom Luciano Mendes de Almeida e outros sacerdotes. O bispo auxiliar de El Salvador ressaltou que a dinâmica de alcance universal produzida pelo Concílio se concretiza no chamado “continente da esperança”, caminhada que as igrejas da América Latina e Caribe percorreram desde que foi criado o Celam, em 1955, no Rio de Janeiro. Depois, vieram as conferências gerais de Medellín (1968), Puebla (1979), Santo Domingo (1992) e Aparecida (2007). “Somos o único continente que recebeu o concílio como tal e isso marca nossa agitada história”. Dom Gregorio lembrou-se das palavras do papa Francisco, “como gostaria de uma Igreja dos pobres e para os pobres”, para remeter a Oscar Arnulfo Romero, arcebispo de San Salvador, de 1977 a 1980, que soube discernir os sentidos e os significados de seu tempo, “dos quais o mais importante é irrupção pelos pobres”, a partir de um testemunho privilegiado do Concílio Vaticano II. Dom Gregorio rememorou que, para saber como a América Latina recebeu o Concílio, isso remete à conferência de Medellín, o “único continente que reflete o concílio a ser aplicado na realidade”, dando uma identidade à Igreja na América Latina. “Até a conferência de Medellín, a Igreja no continente era uma reprodução da Igreja na Europa, era reflexo, não fonte”, disse. “Em vez de ser uma Igreja do continente era uma Igreja europeia, privada de sua autonomia”. Em referência ao papa Francisco, Dom Gregorio questionou à plateia o porquê de ele ter se transformado, em pouco tempo, o líder e teólogo mais admirado do planeta? De acordo com Dom Gregorio, o papa Francisco evangeliza com o que diz, com palavras simples que vão para o coração, e com o que ele é, como Jesus faria se estivesse entre nós, sinalizou. Falando sobre o Rosto Latino-americano num novo tempo, Dom Joaquim Giovani Mol Guimarães, reitor da PUC Minas e bispo auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte, lembrou das grandes mudanças vividas atualmente, com a revolução digital provocando perplexidade nas pessoas e também adesão ao seu uso, com relações sem contornos nítidos e provisórios. Referindo-se à fala do papa Francisco, Dom Mol lembrou que muitos de nós estamos desorientados, não nos importamos, não cuidamos daquilo que Deus criou para todos. Ele citou as manifestações populares no Brasil e a primavera árabe: a ausência da Justiça tem bloqueado o caminho da paz dentro e fora da Igreja. Dom Mol disse que a questão da Justiça é planetária: com a internet conseguimos enxergar o mundo de uma vez só em nossa frente, lembrou, com a miséria humana de lugares distintos e a corrupção trazidos para dentro de nossas casas. “Nada pode permanecer intocável, não se pode ficar omisso à miséria do outro”, disse. “É estarrecedor saber que, como informa Jacques Attali, metade do comércio mundial e mais da metade do investimento global beneficiam apenas 22 países que acomodam somente 14% da população mundial, enquanto os 49 países mais pobres, habitados por 11% da população mundial, recebem somente o 0,5% do produto global - quase o mesmo que a renda somada dos três homens mais ricos do planeta. Noventa por cento da riqueza total do planeta estão nas mãos de apenas 1% de seus habitantes. “E não há quebra-mares à vista capazes de deter a maré global da polarização da renda, que continua aumentando de maneira ameaçadora”, disse Dom Mol. “É preciso diminuir as diferenças sociais, com a juventude universitária conclamada. É preciso estimular, fazer-se o jovem presente na aridez do meio universitário para que toda a comunidade acadêmica se comprometa com um mundo novo”, conclamou Dom Mol. E citou que a principal característica de uma universidade católica deve ser a qualidade, e uma Pastoral que consiga pensar e repensar o desafio do momento que estamos vivendo. Em referência ao papa Francisco, Dom Mol lembrou que mudamos e entramos na maior mutação da Humanidade, aquela que transforma a vida. Um cristão, se não é revolucionário, neste tempo não é cristão, pontuou.
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