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Cia Circunstância estreia “El Grande Circo Firinfinfim”

Com direção de Rodrigo Negão e a presença de convidados especiais, espetáculo estreia nos dias 13 e 14 de julho em Belo Horizonte

Para comemorar 20 anos de trajetória em 2024, a Cia Circunstância estreia, dias 13 e 14 de julho, seu mais recente espetáculo “El Grande Circo Firinfinfim”. A peça é inspirada na obra de Ailton Krenak “Ideias para adiar o fim do mundo” e, aliada à linguagem circense, principalmente da palhaçaria, conta a história de uma trupe de circo mambembe e propõe, com muito humor e reflexão, novas perspectivas sobre a estrutura social ocidental na qual estamos inseridos. O espetáculo, com duração de 1 hora, será apresentada no dia 13 de julho, na Ocupação Dandara, na Praça Presidiário Michel Temer, no bairro Trevo, às 15h30, e no dia 14 de julho, no Quilombo dos Luízes, na Rua Artur Ferrari, n° 140, às 15h30. A entrada é gratuita e conta com intérprete de LIBRAS no dia 13 de julho. Esse espetáculo faz parte do projeto “Carnavália” (nº 2515/2021) realizado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte e conta com o patrocínio da MGS - Minas Gerais Administração e Serviços S.A.

Como início do processo de montagem do novo espetáculo, a Cia Circunstância convidou o pensador, ambientalista, filósofo, poeta e escritor brasileiro Ailton Krenak para uma palestra sobre a obra que inspirou a proposição da criação da peça. A palestra, que integra o projeto “Carnavália” da Cia Circunstância, foi realizada dia 19 de abril no Centro de Referência das Juventudes – CRJ/BH, e teve como temática a obra “Ideias para adiar o fim do mundo”, de Krenak, com mediação da artista visual indígena Kawany Tamoyos.

Nesse mundo às avessas, neste céu que está próximo a desabar sobre nossas cabeças, como diz Davi Kopenawa, o espetáculo versa, entre outras questões, a ideia dos paraquedas coloridos de Krenak. “Fomentado pelos estudos de Manu Pessoa, percebemos como essas ideias dialogam tão intensa e profundamente com a lógica da palhaçaria: mesmo com tudo perdido, ainda há esperança. Não uma esperança tola de que, em um passe de mágica, tudo se recomponha com a força do pensamento, mas que podemos deixar a vida mais leve e promover pequenas mudanças cotidianas para que, a cada dia, a realidade seja menos dura e mais colorida. E esse caminho se faz, também, através da arte e, em especial, do circo”, diz Dagmar Bedê.

O elenco do novo espetáculo é composto pelos artistas mineiros Dagmar Bedê e Diogo Dias, da Cia Circunstância, e pelos artistas convidados para a montagem da nova peça, Manu Pessoa, Michelle Sá e Rafael Bottaro. A montagem conta, ainda, com Ronaldo Aguiar (assessoria artística e coreografia), Rafael Protzner (assistência de direção cênica), Rodrigo Negão (direção cênica e musical), Idylla Silmarovi (dramaturgia), Luciano Antinarelli (trilha sonora/sonoplastia), além da preparação corporal com capoeira de angola da Mestra Alcione Oliveira. A peça, que fala sobre o último dia antes do fim do mundo desta trupe circense, conta com a presença de figuras icônicas do circo brasileiro, como a rumbeira, o domador, a equilibrista, o mágico e o malabarista faz-tudo. A direção de arte do espetáculo é assinada por Luiz Dias, que divide o conceito da cenografia com Diogo Dias.

A estética da peça é inspirada no filme “Bye Bye Brasil”, de Carlos Diegues. O filme acompanha uma trupe mambembe que roda o interior do país e os artistas se envolvem em situações que combinam e destacam as contradições encaradas na cultura brasileira entre o moderno e o tradicional em um período de profunda transição. No espetáculo “El Grande Circo Firinfinfim”, a trupe viaja pelos rincões e interiores do país. Um cirquinho que já teve a sua glória e atualmente resiste. E tudo isso aliado à ideia de que estamos chegando ao fim do mundo, tendo em vista o aquecimento global, a devastação ambiental, o extermínio dos povos originários e tudo o que estamos vendo acontecer no planeta.

A atriz Michelle Sá faz o papel do mágico Din Din Don Don, o qual substitui a tradicional cartola preta pelo chapéu do malandro. Ao invés de ter uma varinha mágica, ela possui um berimbau, uma vez que a capoeira e a brasilidade estão muito presentes na peça. “Do meu chapéu saem coisas que revelam a solidão, a devastação ambiental e temas pautados no pensamento de Krenak, como por exemplo o fato de estarmos inseridos numa sociedade que não se integra aos outros seres vivos. É uma montagem que mistura, de uma maneira bem interessante, as linguagens do circo e da filosofia do pensamento de Krenak”, revela.

Dramaturgia

Idylla Silmarovi conta que, ao se deparar com o livro de Ailton Krenak, um dos maiores autores e pensadores do país tão importante para a história da filosofia brasileira, se viu diante de uma grande responsabilidade que é pensar sua obra numa perspectiva cênica, em um espetáculo com enfoque na palhaçaria. “A primeira questão que eu abordo e que para mim é basilar no livro é quando Krenak fala que adiar o fim do mundo é contar mais uma história. E temos várias como a colonização e a escravidão. Só no planeta Terra aconteceram cinco processos de extinção em massa e o nosso fim do mundo é mais um fim de um organismo que é o planeta, que é antiquíssimo, possui bilhões de anos”, ressalta.

A dramaturga explica que lidamos com esse fim do mundo como se fosse o fim de tudo, como se fosse o fim da terra, o fim da nossa espécie. A proposta da peça também é brincar um pouco sobre isso, sobre esses vários fins. “Alguns fins de mundo que o espetáculo abarca são reais, já aconteceram, e outros fins de mundo são sonhos. Me recordo de uma fala de um ativista Lakota em uma conferência onde ele afirma que para que a América possa viver a Europa precisa morrer. E aí, no contexto do livro do Ailton, existe uma coisa que eu fico analisando, que são mundos que precisam acabar de fato para que outros mundos possam seguir vivos”, reflete.

Muitas das ideias foram propostas pelo coletivo e contaram, em grande parte, com textos de autoria de Idylla, mas todos os integrantes da companhia trabalharam muito com composição, como o trabalho do Rodrigo Negão que foi fundamental no processo e também a compreensão de que seria um espetáculo de palhaçaria. “Não foi um texto que eu escrevi de gabinete, eu entreguei para a Cia Circunstância. Foi um trabalho criado em sala de ensaio e tudo isso foi acontecendo a partir de uma mediação dos desejos, tendo em vista que o elenco e a direção são a mesma pessoa”, diz.

“No fim das contas eu espero com esse texto a gente consiga honrar também, em alguma medida, a trajetória do Ailton Krenak e demonstrar o nosso respeito pelo trabalho dele, pelo pensamento dele e também honrar a tradição circense das famílias do circo, das pessoas que seguem fazendo a rua viva, adiando o fim do mundo. A arte não vai resolver o problema, mas eu espero que a gente plante esse pensamento pelo menos na rua, contar mais uma história na praça pública e ganhar sei lá mais três minutos de vida”, destaca Ydilla.

Direção cênica e musical

Em princípio Rodrigo Negão seria um dos atores da peça, mas em função de uma lesão no joelho acabou sendo impedido de participar da montagem e assumiu a direção cênica e musical do espetáculo. Graduado na Faculdade de Música e no Teatro Universitário, ambos da UFMG, além de formação técnica na Escola de Teatro do Sesi São Paulo, tem experiência com circo, teatro, arte de rua e música há cerca de 25 anos.

“El Grande Circo Firinfinfim”, trabalhou, basicamente, com músicas de conhecimento popular. A partir da provocação das propostas do elenco, a ideia foi conseguir construir uma direção musical que fosse fácil ao ouvido do público e que também tivesse uma aderência intuitiva, uma relação afetiva com a equipe. “Minha função está muito voltada para esse lugar de organizar todo esse material, de estabelecer um cronograma de trabalho cotidiano, achar os tons de cada cena, propor movimentações, tirar algumas monotonias”, diz.

Rodrigo exerceu a função de organizar todo o material que tanto os atores, com a dramaturgia e as assessorias artísticas trouxeram na construção dessas intenções, desejos, palhaços, desses lugares de como eles se se relacionam entre si e como se relacionam com a proposta da dramaturgia e da construção física.

Cenário e figurino

De acordo com Luiz Dias, a proposta da direção de arte é trazer um pouco a questão da família de circo, desse circo que viaja pelos interiores. Um circo que pretende um glamour mas que está decadente. Tanto o cenário como os figurinos têm um pouco esse desejo pelo glamour de ser um último espetáculo antes do fim do mundo. Eles usam as melhores roupas que já foram as melhores indumentárias de todas as apresentações da companhia.

Sinopse

O Circo Firinfinfim recebeu de um grande trapezista a incumbência de espalhar aos quatro cantos a grande notícia: o fim do mundo já começou há muito tempo! Está em cada árvore arrancada, em cada terra tomada, em cada sonho abandonado. Mas como não dá mais tempo de sermos pessimistas, os palhaços do circo Firinfinfim, se inspiram na obra de Ailton Krenak, para viajar pelo tempo e tecer ideias sobre como adiar o fim do mundo.

Sobre a Cia Circunstância

A Cia Circunstância, que este ano completa 20 anos, foi criada em Belo Horizonte e trabalha com a linguagem da palhaçaria desde 2004. Seu repertório conta com espetáculos, intervenções e oficinas realizadas em Minas Gerais e em vários estados de todas as regiões brasileiras e no exterior. A Cia investe em formas autônomas de manutenção e produção, mantendo parcerias com artistas e produtores, dialogando junto a redes colaborativas, e principalmente, apostando na arte de rua como foco importante de divulgação e sustentabilidade. Integrantes da Cia Circunstância: Diogo Dias, Dagmar Bedê, Luciano Antinarelli e Yasmine Rodrigues.

Ficha Técnica
Espetáculo “El Grande Circo Firinfinfim”
Criação: Coletiva
Direção cênica e musical: Rodrigo Negão
Dramaturgia: Idylla Silmarovi
Elenco: Dagmar Bedê, Diogo Dias, Manu Pessoa, Michelle Sá e Rafael Bottaro
Assistência de direção cênica: Rafael Protzner
Trilha sonora/sonoplastia: Luciano Antinarelli
Cenografia: Diogo Dias e Luiz Dias
Figurino: Luiz Dias
Assessoria Artística e coreografia: Ronaldo Aguiar
Preparação Corporal na Capoeira Angola: Mestra Alcione Oliveira
Produção executiva: Yasmine Rodrigues
Ficha Técnica do projeto Carnavália
Coordenação Geral: Dagmar Bedê e Diogo Dias
Coordenação de Produção: Bela Leite
Coordenação de Comunicação: Yasmine Rodrigues
Palestrante convidado: Ailton Krenak
Mediadora da palestra: Kawany Tamoyos
Assistente de Produção: Bruna Aranha
Fotógrafa: Lina Mintz
Filmagem: Pedro Lanna
Assessora de Imprensa: Helga Prado
Gestora de conteúdo e Marketing Digital: Débora Mozelli
Identidade visual e material gráfico: Letícia Bezamat e André Declié
Intérprete de LIBRAS: Carol Mezanto
Assistente de Intérprete de LIBRAS: Jane Silva
Idealização: Cia Circunstância

SERVIÇO: “El Grande Circo Firinfinfin”, espetáculo de estreia da Cia Circunstância

Datas e locais:
13 de julho, às 15h30, no Ocupação Dandara - Praça Presidiário Michel Temer, no bairro Trevo
14 de julho, às 15h30, no Quilombo dos Luízes - Rua Artur Ferrari, n° 140, às 15h30.
*A entrada é gratuita e conta com intérprete de LIBRAS no dia 13 de julho
*Mais informações no Instagram @ciacircunstancia e no site https://ciacircunstancia.com.br/.

Foto: Lina Mintz

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