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Musicais e melodramas marcam a mostra Vincente Minnelli no Cine Humberto Mauro

Serão exibidas obras do premiado diretor norte-americano que trilhou um caminho de beleza e sentimentalismo

Dez das obras mais representativas de Vincente Minnelli serão exibidas na mostra dedicada ao diretor norte-americano no Cine Humberto Mauro. Em formato digital, os destaques da mostra vão para o musical e o melodrama, dois gêneros amplamente explorados pelo cineasta, que chegou a fazer também filmes noir. Além das exibições dos filmes, haverá uma palestra com Heitor Capuzzo, crítico e professor de Cinema na Nanyang Technological University (NTU), de Cingapura, sobre a era de ouro dos grandes estúdios de Hollywood, período do qual Minnelli foi um dos principais diretores.

 

A exacerbação dos sentimentos, marca do gênero melodramático, está presente em filmes como Paixão sem Freios, no qual uma simples discussão sobre cortinas novas desencadeia um conflito entre um médico, chefe de uma clínica psiquiátrica, sua esposa e sua funcionária mais antiga; e Sede de Viver, que retrata a genialidade do pintor Vincent Van Gogh – interpretado pelo aclamado ator Kirk Douglas – e o tormento enfrentado por ele em sua vida. A obra inclui também o artista Paul Gauguin, papel que rendeu o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante a Anthony Quinn, em 1956. Também chamado de “cinema dos sentimentos”, o melodrama traz uma abertura sem pudores para o universo das emoções. Pedro Almodóvar e R. W. Fassbinder são dois cineastas modernos que tiveram suas obras influenciadas pelo gênero.

 

Já os musicais proporcionaram a Minnelli a possibilidade de construção de um mundo mágico, sem a obrigatoriedade da verossimilhança, o que, no entanto, não resultou em obras cuja concepção da realidade é alienada. A elaboração estética refinada aponta para um pensamento crítico acerca da obra de arte enquanto construto, e não como um espelho do real. A Roda da Fortuna, Agora Seremos Felizes, Sinfonia de Paris e Gigi são alguns dos filmes que marcaram a trajetória musical do diretor, que se revela um artista da composição, ao criar formas, cores e linhas únicas.

 

Segundo Rafael Ciccarini, Gerente do Cine Humberto Mauro e curador da mostra, as possibilidades apresentadas pelo cinema musical resolvem provisoriamente a utopia de organização do mundo, em um banho de beleza e ordem. “Minnelli foi um dos principais diretores desse período, e suas produções, transitando entre o filme musical, a comédia ligeira e o melodrama, auto-referenciaram essas modalidades dramáticas. Seus personagens muitas vezes transitaram entre quatro paredes; espaços internos que evocaram metaforicamente o conturbado universo interior de seres em transição”.

 

Além dos musicais e dos melodramas, a mostra ainda conta com filmes metalinguísticos, que tratam do próprio fazer cinematográfico e do universo da arte, como Cidade dos Desiludidos e Assim Estava Escrito – uma das obras exibidas na abertura da retrospectiva, no dia 8 de julho, terça-feira, juntamente com Sinfonia de Paris, que conquistou seis Oscar em 1952, e Gigi, que levou nove estatuetas em 1959.

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