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Filarmônica de Minas Gerais realiza festival em homenagem aos 150 anos de nascimento de Richard Strauss

Durante o mês de julho, Orquestra interpretará dez obras do compositor alemão

Ao executar uma sinfonia, um concerto e um poema sinfônico de Richard Strauss (Alemanha, 1864-1949), a Filarmônica de Minas Gerais abre, no dia 3 de julho, às 20h30, no Grande Teatro do Palácio das Artes, o festival que busca homenagear os 150 anos de nascimento do grande compositor alemão. Sob regência do maestroFabio Mechetti, a Orquestra inicia a noite especial com a Sinfonia nº 2 em fá menor, peça representativa dos primeiros anos de criação do artista. Em seguida, o renomado pianista brasileiro Arnaldo Cohen interpreta Burleske, obra única do Romantismo para piano. Por fim, o público assistirá à interpretação do poema sinfônico Don Juan.

 

A Filarmônica de Minas Gerais dá sequência às celebrações no dia 15 de julho, às 20h30, no Grande Teatro do Palácio das Artes, também com regência de Fabio Mechetti, com uma amostra da versatilidade de Strauss – da simplicidade da peça Serenata à força de Quatro Últimas Canções, última composição do artista; do humor e da riqueza imaginativa da suíte de O Burguês Fidalgo, de Molière, à cena final da ópera Capriccio, interpretada pela soprano brasileira Adriane Queiroz.

 

Richard Strauss revelava especial afinidade com a trompa. Em função disso, compôs dois concertos para o instrumento. O primeiro e mais importante deles poderá ser ouvido no dia 24 de julho, às 20h30, no Grande Teatro do Palácio das Artes. Sob regência do maestro Fabio Mechetti, a Filarmônica de Minas Gerais recebe o trompistaSzabolcs Zempléni. Na ocasião, serão interpretadas Da Itália, peça em que Strauss captura as imagens e emoções de uma viagem àquele país, e a famosa Dança dos Sete Véus, da ópera Salomé, que revela todo o virtuosismo instrumental do compositor.

 

O MAESTRO FABIO MECHETTI 

 

Natural de São Paulo, Fabio Mechetti é Diretor Artístico e Regente Titular da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais desde sua criação, em 2008. Por esse trabalho recebeu o Prêmio Carlos Gomes/2009 como Melhor Regente brasileiro. Recentemente, foi convidado a levar ao Oriente o seu talento e capacidade de solidificar orquestras, sendo nomeado Regente Principal da Orquestra Filarmônica da Malásia. Foi Regente Residente da Sinfônica de San Diego, Titular das sinfônicas de Syracuse, Spokane e Jacksonville, sendo agora, Regente Emérito destas últimas duas. Na Sinfônica Nacional de Washington foi regente associado de Mstislav Rostropovich. Estreou no Carnegie Hall conduzindo a Sinfônica de Nova Jersey. Nos Estados Unidos dirigiu inúmeras orquestras e é convidado frequente de importantes festivais.

 

Realizou concertos no México, Espanha, Venezuela, Japão, Escócia, Nova Zelândia, Finlândia, Canadá, Porto Rico, Escandinávia, Suécia, Itália, Peru e Malásia. Neste ano estreará com a Orquestra da RTV Espanhola. Foi vencedor do Concurso Internacional de Regência Nicolai Malko. No Brasil, regeu a Sinfônica Brasileira, a Estadual de São Paulo, as orquestras de Porto Alegre, Brasília e Paraná e as municipais de São Paulo e Rio de Janeiro. Mechetti possui títulos de mestrado em Composição e Regência pela Juilliard School de Nova York.

 

 

REPERTÓRIO

 

O Festival da Filarmônica de Minas Gerais dedicado a Richard Strauss (Alemanha, 1864-1949) tem início no dia 3 de julho, com a Sinfonia n° 2 em fá menor, op. 12. Antes de se consagrar internacionalmente como compositor, com seus poemas sinfônicos, Strauss havia empreendido ao menos duas experiências criativas no universo da música orquestral. São desse período a Sinfonia n° 1 em ré menor (1880) e a Sinfonia n° 2 em fá menor (1884), que estreou no ano de sua conclusão pela Orquestra Filarmônica de Nova York, sob a regência de Theodore Thomas. Um ano mais tarde, a peça seria estreada na Europa, regida pelo próprio compositor.

A segunda obra do dia 3 de julho será Burleske em ré menor, op. 11, para piano, interpretada por Arnaldo Cohen. Compostas na juventude e na maturidade da carreira de Strauss, suas obras concertantes não alcançaram a popularidade e o prestígio dos poemas sinfônicos ou das obras vocais. Inicialmente batizada como Scherzo em ré menor, Burleske foi composta com forte inspiração em Brahms, na época em que o jovem Strauss estudava com Hans von Bülow. Mais tarde, o compositor fez ampla revisão da obra, atraindo o interesse de grandes pianistas. Trata-se de composição concertante que, no entanto, não se baseia na estrutura de um concerto solista.

 

Uma das obras mais famosas e admiradas de Richard Strauss, Don Juan, op. 20 encerra o primeiro concerto do Festival. Os poemas sinfônicos do compositor, definidos por ele próprio como ilustrações sonoras de enredos poéticos, inserem-se, de maneira muito pessoal, na tradição da música programática desenvolvida por Berlioz e Liszt. Completada em 1888 e baseada no poema dramático do escritor austríaco Nikolaus Lenau, a partitura de Don Juan demonstrava a maturidade atingida por Strauss (que tinha apenas 24 anos), dando-lhe lugar de destaque entre os compositores alemães da geração pós-wagneriana. A obra possui inspiração melódica arrebatadora, com destaque para o enérgico e majestoso motivo das trompas que representam o protagonista.

 

No dia 15 de julho, quatro obras compõem o repertório da noite. A peça O Burguês Fidalgo é conhecida por ser uma comédia teatral de Molière, entremeada com música e dança. A adaptação musical da obra de Molière, sugerida a Strauss pelo poeta Hugo von Hofmannsthal, foi concebida como um novo tipo de apresentação: o uso de música incidental de caráter barroco na adaptação do texto teatral e a apresentação da ópera Ariadne auf Naxos logo em seguida, como parte do espetáculo. Concebida assim, ela estreou em Stuttgart, em 25 de outubro de 1912, e não foi bem recebida pelo público. Cinco anos depois, Strauss transformou a maior parte da música em suíte de concerto 
(O Burguês Fidalgo, op. 60: Suíte) e a apresentou ao público em 1920, desta vez com sucesso.

 

Na sequência, a Filarmônica de Minas Gerais interpreta, ao lado da soprano brasileira Adriane Queiroz, a cena final de Capriccio, op. 85, última ópera escrita por Strauss. O libreto da ópera passou por várias mãos, a começar por Stefan Zweig, um dos escritores mais aclamados da época, que não finalizou o projeto por sair do país com a ascensão do Nazismo. No final dos anos 1930, Joseph Gregor assume o ofício, mas Richard Strauss não gosta do resultado e pede ajuda ao regente Clemens Krauss. A ópera teve estreia em 1942, no Nationaltheater de Munique, sob regência de Krauss. Capriccio fala da própria ópera – onde reinam ao mesmo tempo as palavras e a música – por meio do amor da condessa Madeleine por dois homens, um compositor e um poeta. Na cena final, muitas vezes representada nas salas de concerto, a condessa reflete sozinha sobre qual deles deve escolher.

 

A Orquestra interpretará, ainda, a Serenata em Mi bemol maior, op. 7, composta para 13 instrumentos de sopro. À época, Strauss tinha apenas 17 anos. A obra é uma releitura de obras similares, ensaiadas antes por Mozart, Beethoven e Brahms, retirada do ambiente camerístico e levada para o ambiente sinfônico. O resultado revela a personalidade criadora do compositor que, mais tarde, encontraria sua plenitude nos poemas sinfônicos. A Serenata em Mi bemol maior estreia em 1882, sob direção de Franz Wüllner, regente responsável pelas estreias, em Munique, de O Ouro do Reno e de A Valquíria, de Richard Wagner.

 

Para encerrar a noite, a Orquestra apresenta as Quatro Últimas Canções, interpretadas pela soprano Adriane Queiroz. Compostas em 1948, um ano antes da morte de Strauss, as canções foram criadas sobre poemas de Hermann Hesse e Joseph von Eichendorff. As peças estrearam postumamente, em 1950, no Royal Albert Hall, em Londres, cantadas pela soprano norueguesa Kirsten Flagstad, acompanhada da orquestra Philharmonia, regida por Furtwängler. As Quatro Últimas Canções não foram compostas como um ciclo, mas são tradicionalmente apresentadas assim. Elas são a despedida de Strauss e a assinatura final que ele legou à história.

 

No dia 24 de julho, a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais dá início ao concerto com Da Itália, op. 16, obra dedicada a Hans von Bülow, diretor musical da Orquestra de Meiningen, posto que Richard Strauss assumiu por cinco meses em substituição a Bülow. Antes de ocupar outro cargo, de assistente na Ópera de Munique, o compositor passou cinco semanas, entre abril e maio de 1886, visitando Verona, Bolonha, Florença, Roma, Nápoles e Sorrento, na Itália. A viagem o inspirou a escrever esta obra, que veio a ser seu primeiro poema sinfônico. A estreia ocorreu no dia 2 de março de 1887, em Munique, com regência do compositor.

 

Na sequência, com participação do trompista Szabolcs Zempléni, a Orquestra interpreta o Concerto para trompa nº 1 em Mi bemol maior, op. 11. Franz Joseph, pai de Strauss, considerado o melhor trompista alemão de sua época, deixou como herança ao célebre compositor o amor pelo instrumento. O Concerto para trompa foi o primeiro trabalho para orquestra com o qual Strauss se mostrou satisfeito. Quando o compôs, aos 19 anos, estava ainda sob a tutela musical do pai, obstinado cultor dos clássicos e dos primeiros românticos. Nesta peça, o compositor adota o chamado “estilo brilhante” dos concertos de Hummel, em que a orquestra limita-se ao papel secundário de acompanhamento. A parte solista, ao contrário, é ressaltada pela riqueza dos ornamentos e pelos exibicionismos virtuosísticos.

 

A Orquestra encerra o concerto com Salomé, op. 54: Dança dos Sete Véus, em que Strauss utiliza artifícios então modernos para a estruturação musical, como a bitonalidade. A obra recupera o episódio bíblico em que Salomé dança para Herodes e cujo desfecho é a decapitação de João Batista. Strauss traduz a história musicalmente por meio de certos orientalismos que não fazem senão ambientar a cena em seu respectivo cenário. Salomé foi um escândalo à época, principalmente por remeter a profundo erotismo. Na Inglaterra, a ópera esteve proibida até 1910, cinco anos após sua conclusão.

 

 

SOBRE A ORQUESTRA FILARMÔNICA DE MINAS GERAIS

 

A Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, criada em 2008 com o intuito de inserir o Estado de Minas Gerais nos circuitos nacional e internacional da música orquestral, é um corpo artístico administrado pelo Instituto Cultural Filarmônica, uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip). Formada por 90 músicos, a Filarmônica pauta seu trabalho pela excelência artística e vigorosa programação. Sua constante preocupação com a qualidade foi re­conhecida por importantes premiações: em 2012 recebeu o Prêmio Carlos Gomes de melhor orquestra brasileira; em 2010 foi eleita o melhor grupo musical erudito do ano pela Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA); e seu diretor artístico e regente titular, maestro Fabio Mechetti, recebeu o Prêmio Carlos Gomes em 2009 como melhor regente brasileiro.

 

Mais de meio milhão de pessoas já ouviram a Filarmônica de Minas Gerais, que apresenta, regularmente, as séries Allegro e Vivace no Palácio das Artes, Concertos para a Juventude e Concertos Didáticos no Sesc Palladium, além de Clássicos na Praça e Concertos de Câmara em diferentes espaços culturais de Belo Horizonte. Realiza turnês por Minas Gerais e pelo Brasil, tendo feito sua primeira turnê internacional em 2012, com cinco concertos na Argentina e no Uruguai.

 

Como ações de estímulo à música, a Filarmônica promove o Festival Tinta Fresca, destinado a compositores de todo o país, e o Laboratório de Regência, atividade inédita no Brasil, que abre oportunidade para jovens regentes brasileiros.

 

Em 2013, a Orquestra gravou seu primeiro CD comercial e firmou parceria com o selo Naxos, para o registro, no momento, de obras de Villa-Lobos. Para 2015, a Filarmônica aguarda a inauguração de sua sala de concertos, a Sala Minas Gerais.

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