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O dia 24 de junho marca oficialmente o Dia Nacional do Policial Militar e do Bombeiro Militar, instituído pela Lei nº 13.449/2017. A data é uma homenagem àqueles que, diariamente, colocam a própria vida em risco para proteger a sociedade em cenários de violência urbana, acidentes, incêndios ou desastres naturais.

Estudos científicos nacionais e internacionais apontam que a atividade policial está entre as mais exigentes física e emocionalmente, conforme relembra o juiz de Direito, Rodrigo Foureaux. “Os impactos do estresse crônico, da imprevisibilidade das escalas, da sobrecarga de trabalho e da pressão constante não ficam restritos ao ambiente de trabalho, eles afetam também a vida familiar, a saúde mental e o bem-estar geral dos profissionais”, afirma.

Segundo o juiz, uma das primeiras mudanças apontadas pela ciência diz respeito ao equilíbrio entre a vida profissional e pessoal. “Quando políticas institucionais promovem maior previsibilidade nas escalas, turnos adaptados para pais e mães com filhos pequenos e programas de apoio à família, há resultados claros, mais motivação, menor índice de adoecimento e maior estabilidade emocional”. Ele acrescenta que a complexidade da gestão dos profissionais, limitação de efetivo, demandas que devem ser atendidas, muitas vezes dificulta o atendimento pelo gestor, pois a questão é estrutural.

Outro ponto que merece atenção crescente é a saúde mental, de acordo com Foureaux. Explica que a exposição constante a situações traumáticas e de alta tensão pode gerar quadros de ansiedade, depressão, insônia e esgotamento. “Técnicas como rodas de escuta, acompanhamento psicológico e psicoterapia são práticas comprovadas que ajudam a fortalecer a resiliência emocional são recomendadas por profissionais da área da saúde.”

O juiz ressalta que algumas corporações já vêm implementando protocolos de acolhimento, com resultados muito positivos tanto no clima organizacional quanto no desempenho das equipes. Para o magistrado, a saúde física também precisa ser vista como parte da estrutura institucional.

“A prática regular de atividades físicas reduz o estresse, melhora o sono, aumenta o desempenho operacional e fortalece o sistema imunológico. Programas que incentivam o treino físico durante o expediente, com orientação profissional e espaços adequados, são medidas preventivas de alto impacto’, enfatiza.

Do ponto de vista institucional, o fortalecimento do clima organizacional também é essencial. Ambientes com comunicação clara, lideranças capacitadas e reconhecimento profissional geram maior engajamento e senso de pertencimento, conforme explica o juiz. “A disciplina e a hierarquia, fundamentais na atividade policial, não são incompatíveis com uma gestão mais participativa e acolhedora. Pelo contrário, quanto mais respeitado e valorizado se sente o policial, maior é sua disposição em servir com excelência”, destaca.

Outro fator que influencia diretamente a qualidade de vida é a questão financeira, segundo Foureaux. As instituições policiais, conforme explica, enfrentam defasagens salariais e muitas vezes recorrem a jornadas duplas para complementar a renda. “Esse acúmulo compromete o descanso, o convívio familiar e a saúde. Investir em remuneração justa, em progressões de carreira claras e em incentivos ao mérito é reconhecer, na prática, o valor do trabalho que a sociedade tanto demanda.”

O juiz diz que a boa notícia é que avanços têm sido feitos em prol da saúde dos policiais. “Diversas corporações já adotam boas práticas, programas voltados para o bem-estar, escuta qualificada e gestão humanizada. Esses exemplos demonstram que é possível conciliar eficiência, disciplina e cuidado. O policial bem cuidado adoece menos, trabalha melhor, toma decisões mais equilibradas e serve com mais humanidade.”

Foto: arquivo pessoal