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Especial do mineiro Carlos Magno Rodrigues é destaque na Mostra do Filme Livre
Festival exibirá 11 curtas do videoartista mineiro; após a sessão diretor falará sobre sua carreira no dia 17 de junho, às 18h30, no CCBB-BH
Além da homenagem ao cineasta Maurice Capovilla, outro destaque da edição mineira da Mostra do Filme Livre é o Especial Carlos Magno Rodrigues, dia 17 de junho, às 18h30, no Teatro II do CCBB-BH. A sessão é seguida por um debate sobre a carreira do diretor com mediação de Gabriel Sanna, um dos curadores da Mostra. Todas as sessões são gratuitas. Mais informações em www.mostralivre.com.
Formado em Artes Visuais pela UFMG, Carlos Magno chama a atenção pela forma autoral e o tom quase confidencial de seus primeiros vídeos. Nos anos 2000, com a proliferação de festivais e mostras, seu trabalho cavou um espaço importante na cena e hoje, após 20 anos e diversos prêmios e homenagens, o diretor é considerado como um dos alicerces do cinema de autor no Brasil, especialmente quando se pensa em curta-metragem.
Durante a MFL, o público confere os seguintes curtas dirigidos pelo videoartista: “Andrômeda – a menina que fumava sabão” (2009, 15 min); “1976 – Lugar sagrado” (2010, 6 min); “Alexandre Illich” (2008, 12 min); “Sebastião, o homem que bebia querosene” (2007, 10 min); “IGRREV – Igreja Revolucionária dos Corações Amargurados” (2007, 15 min);“Antes de tudo” (2004, 5 min); “Imprescindíveis” (2003, 5 min); “Coração Rebelde” (1999, 2 min); “O Corte de cabelo do diabo” (1998, 5 min); “Para quem enxerga e não entende bem as palavras” (1997, 5 min); e “Michelangelo Antonioni”(1995, 3 min).
Segundo Gabriel Sanna, um dos curadores da Mostra do Filme Livre, Carlos Magno descreve seus filmes primordialmente como rapsódias, ou simples tentativas de acerto e erro. “Tal despojamento remete aos anos 90, da quase virtual de tão insossa retomada e dos infinitos andares de seus undergrounds, quando chegaram a mim velhas VHS contendo os primeiros vídeos deste que viria a ser um dos pilares do aclamado cinema autoral mineiro da década seguinte. Hoje, passados vinte anos de seus primeiros curtas, e diante de uma filmografia absolutamente radical e única, vejo Magno quase como uma ilha convulsiva prestes a ser engolida por sua própria lava e se perpetuar enquanto cordilheira”, destaca Sanna.
Destaques da restrospectiva Carlos Magno: “Andrômeda – a menina que fumava sabão” é um filme que trata de idealismos eurocentristas e judaico-cristão. Trata-se de uma junção de textos da autoria do próprio autor Carlos Magno Rodrigues e seus colaboradores Gisele Werneck e Lindberg Fernandes, além de citações de Isidore Lucien Ducasse (Fragmentos de "Les Chants de Maldoror") e concluído com citações bíblicas. Seus personagens apenas posam para a composição iconográfica, uma espécie de "santa ceia", do idealismo modernista a seu extremo "fascista" à tradição de composição cristã e renascentista. Andrômeda é uma realidade cinematográfica que se estabelece para os olhos de questionadores de modelos iconográficos díspares, paradoxais. Isto se estende à música, como a música de acordeon "Kanonen Song" e "The Ballad of the Soldier's Wife" de Kurt Keill (colaborador de Bertolt Brecht) em paradoxo ao imaginário fascista. Há algum tempo venho pensando sobre imposição de modelos idealizados para um "homo universos" pós-guerra fria, que se diferencia do antigo modelo de homem sábio, a este lhe resta a fantasia de um modelo imposto, admirável e vulnerável, o qual se mantém pelo suporte cinematográfico e contamina pensamentos. Em "Andrômeda - a menina que fumava sabão", o texto de Isidore Lucien Ducasse, é reconstruído por um personagem fascista que ergue-se com um megafone, não é mais ultrajante, transgressor ou libertador, é apenas literatura perversa de fascínio sem moral.
Foto: Divulgação
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