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“Quanto mais você olhar para a mesma coisa mais o significado vai embora”, da dançarina belga Dorothé Depeauw, finalmente chega a Belo Horizonte. Serão duas apresentações neste fim de semana, nos dias 11 e 12 de junho, no teatro de bolso do Sesc Palladium (Av. Augusto de Lima, 420, Centro), às 20h e 19h respectivamente. Com ingresso a R$10,00 inteira e R$5,00 meia-entrada. 

“Quanto mais você olhar...” é um solo no qual a coreógrafa estabelece, para si mesma, um conjunto de regras e procedimentos a partir do qual tece um espetáculo interativo ou não a respeito do nada, conceito exposto nas duas conferências de John Cage: Lecture on Nothing e Lecture on Something. O espetáculo começa com o convite da artista para que o público tome lugar no palco e se desdobra a partir de intervenções e impulsos fornecidos pelo público ou pela própria artista. Ao longo de toda a apresentação, a dançarina faz um esforço contínuo de registrar mentalmente tudo que acontece na performance, desde os próprios movimentos a movimentações do público, silêncios, arranjos no espaço cênico, entre outros. A partir disso, ela se envolve na repetição de alguns eventos ou na recriação das condições na qual um evento possa acontecer.

Dorothé Depeauw conta que o título do trabalho foi inspirado de uma tradução livre da frase do autor Andy Warhol. “Trata-se de uma reflexão que iniciou a partir do pensar na repetição dos movimentos e que depois foi evoluindo para algo muito maior. O hábito nos faz isso, cada coisa que aprendemos vira uma outra coisa porque o corpo já gravou”, propõe. A artista completa dizendo que o resultado é um espetáculo íntimo com forte proximidade com público, que também goza de grande liberdade. Liberdade de dar sentido ou não, de agir e não agir quebrando, assim, uma distância entre artista e público usual nas artes cênicas. Não somente a distância física, mas aquela continuamente instituída de que é o artista quem proclama/ensina e o público quem recebe. Aqui não se ensina nada”, reforça Dorothé.

Ainda nesta semana, no dia 08 de junho, Dorothé ministrará uma oficina que pretende trabalhar ferramentas coreográficas presentes neste solo.  A oficina terá início com trabalhos corporais e espaciais, trabalhando as ferramentas utilizadas no espetáculo para trabalhar consciência de espaço em relação aos outros, dinâmicas temporais, técnica de memória e de escolhas na improvisação/composição.

Sobre Dorothé Depeauw
Coreógrafa, performer, dançarina e produtora, a artista independente Dorothé Depeauw vive em Belo Horizonte desde 2012. Desde então, atua no espaço multidisciplinar Georgette Zona Mud e trabalha como diretora artística do FID - Fórum Internacional de Dança em Belo Horizonte na edições 2014 e 2015. Além disso, é fundadora da Cia. Mangrove-Tentactile (Bruxelas), cujas atividades são organizadas em torno de colaboração entre performance/dança e outras disciplinas artísticas.

Trabalhando predominantemente em contextos de dança e performance, suas obras são, em grande parte, estruturadas em processos colaborativos. Seus trabalhos como coreógrafa foram apresentados em diferentes países como Bélgica, França, Brasil, Colômbia, Escócia. Entre eles estão: Inscriçãoo Memoria Rasura (2014; !Co Lapse Kode (2012); Kaleidoscope (2009); La Boite a Sardines (2013);  La Fille Signee (2007).

Além desses trabalhos, Dortothé colaborou com vários artistas, coreógrafos e companhias, incluindo Marc Vanrunxt, Florence Augendre, David Hernandez, Filip Van Huffel, Bayens Jeroen, Roos van Geffen, Sonia Si Ahmed & Maya Dalinsky, Stefan Prins, Matthias Koole, Constant vzw, An Mertens, Liselot Jansen, Cristiane Oliveira, Henrique Iwao, Dudude Hermann, Cia. Meia Ponta, Thembi Rosa e Dança Multiplex, Manuel Guerra e Adriana Banana.

Foi professora de dança em várias escolas e companhias: Cia do Palácio das Artes (Belo Horizonte), Centro Cultural Ambiente – Cia Meia Ponta (Belo Horizonte), Maison Des Cultures de Molenbeek (Bruxelas) e  Ten Noey (Bruxelas). Dorothé se formou na Royal Academy of Dance of London (1999), a Academia de Esch / Alzette, Luxemburgo (2001) e na Hogeschool voor Dans – HID em Antwerpen, Bélgica (2006).

Foto: Nilmar Lage