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O espetáculo de Dança "Perfume" estará no Teatro Sesi Contagem, nos dias 10 e 11 de junho

Nos dias 10 e 11 de junho (sexta-feira e sábado) o solo da improvisadora e bailarina Nicolle Vieira, com trilha sonora original de “Marcella The Post Modern” e direção de Dudude Herrmann, faz curta temporada no Teatro Sesi Contagem (Via Sócrates Marianni Bitencourt, nº 750 - Cinco), na sexta, às 20h, e no sábado, às 19h. Ao final de cada sessão haverá bate-papo gratuito com a artista. Ingressos a R$ 10 e R$ 5 (meia). A venda de ingressos está proibida nas dependências do Sesi. Interessados deverão procurar a produção, no local, para a aquisição de ingressos no dia da apresentação (1h antes do espetáculo). Venda antecipada a R$4 (preço único) no UTI dos Celulares / Loja do Via Brasil (Big Shopping), na Rozza Modas  (Rua: Presidente Kenedy, 243) e no Tropeiro do Zezé  (Rua Corcovado, 721). Duração: 50 minutos. Classificação indicativa: 12 anos. Gênero: dança experimental. +INFO.: (31) 3391-8373). O trabalho completa a circulação pelo interior de Minas Gerais na cidade de Nova Lima. Este projeto tem o patrocínio do Governo do Estado de Minas Gerais, por intermédio da Secretaria de Estado de Cultura, através do Prêmio Artes Cênicas de Minas Gerais.

 

“Era um dia cinzento, frio, chuvinha fina, nebuloso. Logo na estrada já vi os corredores de cerca elétrica e um nó no estômago. Um dia de visita ao campo de concentração nazista e nada foi mais triste, angustiante, desesperador do que isso. E por algum motivo mais do que inexplicado, eu quero voltar!”, descreve a bailarina Nicolle Vieira sua experiência no Campo de Auschuwitiz, que visitou após a residência artística P.O.R.C.H., de formação para coreógrafos, na cidade alemã de Stolzenhagen, divisa com a Polônia.

 

Essa vivência levou Nicolle a retomar pesquisas que já vinha fazendo sobre a guerra e o holocausto, assuntos que a intrigavam desde pequena, resultando em um primeiro exercício solo, apresentado ao público, no estúdio K77, em Berlim. Ainda não satisfeita, Nicolle decidiu seguir com a investigação. Além do campo nazista, esteve em museus na Polônia, em locais históricos, como os guetos judeus nas cidades de Varsóvia e Cracóvia, encontrou-se com habitantes dessas localidades, o que transformaria o primeiro experimento em concepção para um novo espetáculo.

 

No retorno ao Brasil, veio o encontro com a artista de dança e improvisadora, Dudude Herrmann (www.dudude.com.br), e Nicolle decide montar o solo. “Convidei a artista de dança para dirigir esse processo, porque me identifiquei com seu trabalho, por ela também usar a improvisação. Mas mais do que isso, a Dudude é uma pessoa que quer ver as coisas acontecerem”, explica.

 

E nesse movimento, atriz e diretora começaram construir um corpo que dançasse em cena as cicatrizes do mundo. Um corpo que resistisse e lutasse pela vida, pelo movimento e fosse capaz de encontrar poesia na dor

 “Às vezes nos faltam imagens de dias mais bonitos, palavras de carinho. E as vezes o que nos falta é o cinza, a chuva e o mistério. Mas que nunca nos falte o amor”, explica a artista que vê a arte como reflexão poética da vida.

 

A música tocada ao vivo pelo “Marcella The Post Modern” recria um ambiente de memórias e imaginários. Porém, não como ambientação ou trilha sonora. Os músicos, presentes em cena, também fazem parte da construção cênica. Compõem paisagens sonoras que marcam uma dualidade: de um lado, o sofrimento e a angústia; de outro, doces lembranças e a busca de sentido para continuar lutando pela vida. “Neste tipo de trabalho de improvisação com a dança, o maior desafio é lidar com o espaço que a música ocupa, saber os momentos em que ela deve entrar e sair de cena, sempre em diálogo com os movimentos, sempre compondo uma imagem em tempo real", explica um dos integrantes do duo, Fred Calazans.

 

As artes plásticas, presentes na ambientação cenográfica e figurino, criados por Junia Melillo, também enriquecem a proposta compondo o ambiente necessário para a representação da luta de uma mulher pela vida.

 

A partir desse diálogo entre dança, música e artes plásticas, aos poucos é revelada em cena, a história de uma vendedora de rosas, que foi perseguida, aprisionada, torturada e que, apesar do cheiro da morte sempre iminente, continuava a lutar enquanto pudesse sentir o perfume das flores. “A luta pela vida é algo universal, que acontece todos os dias, em diferentes contextos. Mesmo regiões que não tenham passado por guerras ou atrocidades do regime nazista, a perseguição, a violência e assassinatos são encontrados pelos quatro cantos do mundo. Muitas vezes buscamos esquecer essas realidades. A dor pode ser insuportável. Esse trabalho é uma forma de levar um pouco de poesia, tornando as lembranças talvez menos dolorosas.”, explica Nicolle.

 

Segundo a improvisadora, o nome “Perfume” nasce desse lugar contraditório e híbrido da arte, da possibilidade de ver rastros de beleza e poesia naquilo que provoca dor: “(Em Auschuwitiz) havia rosas por todos os lados, rosas no vagão que levava os prisioneiros, na câmara de gás. Porém, esse não era o único cheiro ali. Lembro-me de quando entrei, era como se eu conseguisse sentir o cheiro de todos que ali morreram. ‘Perfume’ é um contraste, uma possibilidade de perseguir a beleza, o poético apesar de todo sofrimento, um antídoto a despeito da guerra que vivemos todos os dias”, diz.

 

Enquanto pudesse sentir o perfume, tudo ainda faria sentido para a vendedora de “Perfume” e sua alma ainda se manteria viva para iluminar aqueles que pensavam em fraquejar. Assim como a luta da vendedora de rosas pela vida é um risco, estar em cena e improvisar também. E para a bailarina Nicolle, correr riscos é estar viva e sonhar. “O sentido da vida se desloca na repetição dos dias. Mas somos capazes de mudar tudo a qualquer momento e ter uma razão para continuar vivendo. Podemos escolher a cada instante, improvisar, criar novas estratégias. Ninguém ensina a viver. A vida não é algo que se aprende, mas que se conquista a cada dia”, conclui a artista.

 

SOBRE NICOLLE VIEIRA

Apesar de pouco conhecida ainda no Brasil, Nicolle Vieira já possui um longo percurso dentro da dança contemporânea e da improvisação, fora do país. Bailarina, coreógrafa, diretora e pesquisadora, começou a dançar aos três anos e meio de idade com o balé clássico, passou pelo jazz até chegar ao contemporâneo. Formada em Psicologia, quando terminou a graduação decidiu dedicar-se inteiramente à dança e às artes de um modo geral, buscando novas experiências e possibilidades, ocasião em que se mudou para a França e obteve os títulos de mestre em dança e em filosofia pela Universidade Paris 8 Vincennes – Saint Denis. Atualmente, Nicolle está cursando o doutorado no departamento de filosofia da Universidade Paris 8 em cotutela com o departamento de artes da UFMG, cujo tema de pesquisa é  "Tornar-se Improvisador”. Durante seus anos no exterior trabalhou em diferentes projetos com diferentes artistas como, por exemplo, Claire Filmon, improvisadora francesa que teve papel decisivo na escolha pela improvisação como via principal de trabalho. Desde 2011 a bailarina integra o IDC - International Dance Committee, da Unesco. Nicolle desenvolve diversos trabalhos mediante colaborações internacionais com artistas da Itália, Espanha, França, entre outros, além de participar frequentemente de eventos internacionais. A parceria com o Duo instrumental Marcella The Post Modern começou em 2010 para criação de uma performance de abertura da galeria Myralda, em Sete Lagoas. A partir deste trabalho, vários outros começaram a se desenvolver, como criação de videos-dança (apresentados em festivais internacionais de vídeo-dança) e de outras performances, inclusive com apresentações em Paris e Milão. Reconhecendo a riqueza de poder trabalhar com música ao vivo, a volta ao Brasil também foi uma aposta nesse encontro.

 

FICHA TÉCNICA   

Idealização, criação e interpretação: Nicolle Vieira

Direção e concepção cênica: Dudude Herrmann

Trilha sonora original: Marcella The Post Modern (Lucas Soares e Fred Calazans)

Ambientação cenográfica e figurino: Junia Melillo

Desenho de luz: Bruno Cerezoli

Operação de som e luz: Brow Iluminação

Produção executiva: Laura Castanheira – Oceano Projetos Criativos

Assistente de produção: Lindaura Gonçalves

Assessoria Jurídica: Gomes Castanheira Advocacia

Assessoria de comunicação e imprensa: Beatriz França 

Projeto gráfico: Thaís Mor – Refúgio Atelier Design

Adaptação de peças: Igor Laranjo - Laranjo Design

Fotografia: Cecília Pederzoli

Realização: Oceano Projetos Criativos

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