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Peça "Brincando na Sombra" é um convite ao debate sobre a cultura do estupro

Primeiramente peço licença, em nome deste coletivo e deste espetáculo, para todas as mulheres que sofrem cotidianamente com nossa sociedade ainda patriarcal.

 Quando tinha sete anos de idade, não faz muito tempo, uma moça foi violada em uma construção de um prédio, na rua onde morava. São poucos os detalhes que carrego deste dia, mas meu pensamento de criança ficou, por horas, tentando entender o que havia acontecido. Não, não entendi. Em nome desta memória e de tantas outras violências que acontecem contra o corpo feminino, em macro e micro instâncias, escrevi a história de “Brincando na Sombra”, onde três mulheres denunciam seus medos, seus traumas, suas escuridões, reflexo do pensamento machista nosso de cada (todo) dia. Uma mãe, uma filha e uma gata, aqui sem nome definido, afinal elas poderiam ter muitos nomes, também o espaço e tempo são indeterminados, na humilde tentativa de universalizar esta história, que infelizmente já é universal: a violência sexual contra o corpo de uma mulher e as marcas presentes para toda vida. 


                Atendendo ao convite da atriz Suelen Thompson, escrevi a dramaturgia para seu trabalho de conclusão de curso, dando continuidade a um escrito antigo, guardado em gavetas, e que também este assunto fuja de amarras. Atualmente temos visto em nosso país o poder de denúncia da arte, necessitamos também que este tema ganhe as ruas, as fotos de facebook, as manchetes, os palcos e as pautas parlamentares. Não, não se trata de uma moda e sim de uma atitude que necessita urgentemente revestir, ou melhor, despir nosso discurso preconceituoso e sexista, destruir nossa cultura do estupro.

 

                Durante uma noite, num eterno serão, mãe e filha dialogam sobre as perspectivas futuras de “liberdade” da filha e as marcas do passado presentes no corpo da mãe. O animal feroz, o homem, nossa cultura machista, está ao lado sempre, figurado pela gata que brinca no quintal. Durante uma tempestade, a mãe se vê na obrigação de uma retaliação com o pai de sua filha, um desconhecido, e com sua presença diária, a filha de um estupro.

 

                No mesmo período em que nos deparamos com o caso da moça de dezesseis anos no estado do Rio de Janeiro, abusada por trinta e três homens, estreamos este espetáculo. Período também marcado pela tramitação da PL5069/2013, de autoria do Deputado Eduardo Cunha, que prevê inúmeras medidas que dificultarão o aborto no país, até mesmo em casos de estupro.  É preciso pensar, falar e agir sobre nosso contexto atual, fruto de nossa história, de nossa origem e de nosso processo colonizador. É nesta pretensa tentativa que estreamos “Brincando na Sombra”, um mero instante e um mero dizer, mas com grande necessidade e urgência. Precisamos falar sobre a Cultura do Estupro, hoje, agora e seja onde for.

 

Lucas Emanuel, autor de “Brincando na Sombra”

 

Apresentações: 03, 04 e 05 de Junho; as 20h.
Entrada Franca - Retirada de ingressos 1h antes do inicio do espetáculo, na portaria do Teatro da Cidade. 
Rua da Bahia 1341, Centro - Belo Horizonte.

Liberdade para desflorar o desconhecido. 
Segurança ou diversão? 
A inocência da garota que deseja brincar com um gato de rua, em oposição ao desejo materno de proteção. Imerso às sombras, entre a chuva e os trovões, as lembranças do passado assombram a memória. 
Um simples movimento pela rua pode ser transformador.

Ficha Técnica

Direção e Direção de Produção: Rafael Neves
Autor: Lucas Emanuel
Elenco: Lílían Santiago; Nai Rezende e Suelen Thompson
Cenografia: Suelen Thompson com consultoria de Rafael Neves
Assistente de cenografia: Evandro Martins, José Carlos Rezende, Nai Rezende.
Figurino: Rafael Neves
Modelo Fotográfica: Suelen Thompson
Maquiagem: Lílian Santiago
Cabelo: Nai Rezende
Coreografia: Rafael Neves
Sonoplastia: Rafael Neves
Preparação Vocal: Amanda Coimbra
Design de Luz: Rafael Neves
Técnicos de Iuminação: Cleiciane Mendes e Gabriel Correa
Produção gráfica: Gabriela Freitas
Design Gráfico: Adriana Resende, Nai Rezende e Rafael Neves com assistência de Gabriela Freitas.
Assessoria de Imprensa: Rafael Neves, Adriana Resende e Nai Rezende
Produção Executiva: Nai Rezende
Produção: Suelen Thompson
Equipe de Produção: Gutto Alves, Malu Mayer, Morgana, Paula Valentine, Wemerson Moreira. 
Apoio: Teatro da Cidade

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