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Filarmônica continua em busca de novos sons com o Festival Tinta Fresca

Seis compositores finalistas terão suas obras apresentadas ao público, em concerto gratuito, na Sala Minas Gerais.

 

Na quarta-feira, dia 3 de junho, o público terá a oportunidade de conhecer os compositores finalistas da sexta edição do Festival Tinta Fresca, uma iniciativa de estímulo à composição sinfônica brasileira, concebido e produzido pela Orquestra Filarmônica de Minas Gerais desde sua criação. O Tinta Fresca busca criar um ambiente de interação entre os jovens compositores, jurados e Orquestra, visando o aprimoramento musical de todos.

 

As seis obras finalistas de 2015 são: A Lenda da Vitória Régia, de Gustavo Velasco; Eosos, de Gabriel Penido; Reza, opus 3, de Paulo Arruda; Les Tombeaux Vides, de Felipe Vasconcelos;  Messiânicas Brasileiras nº 3 – Grande Sertão Exótico, de Jônatas Reis; e Alucinações Cadavéricas, de Cadu Verdan.Marcos Arakaki, Regente Associado da Filarmônica e com um extenso trabalho na formação de novas plateias e na estreia mundial de obras sinfônicas, será o responsável pela condução da Orquestra. O concerto é gratuito, na Sala Minas Gerais, às 20h30, e os ingressos serão distribuídos a partir do dia 1° de junho, na bilheteria da própria Sala.

 

A seleção

A comissão julgadora, formada pelos compositores João Guilherme Ripper, Oiliam Lanna e Ronaldo Miranda, avaliou todas as 30 partituras inscritas no Festival mineiro, provenientes de dez estados do país. Destas, seis obras foram escolhidas e preparadas para apresentação pública. Durante a preparação, seus compositores participaram ativamente dos ensaios, interagindo com orquestra e regente, bem como com o júri, a fim de conhecer, com maior profundidade, diferentes visões sobre seus trabalhos. Dentre as peças finalistas, uma será escolhida pelos músicos, regente e jurados como a melhor proposta em termos de conceito e escrita musical. Seu compositor receberá, como prêmio, a encomenda de outra obra sinfônica inédita, a ser estreada pela Orquestra Filarmônica de Minas Gerais.

 

Em 2008, 2010, 2011, 2012 e 2013 os vencedores foram, respectivamente, os compositores Rafael Nassif (MG), Sergio Rodrigo (MG), Vicente Alexim (RJ), Carlos dos Santos (SP) e Leonardo Margutti (MG).

 

Sobre os compositores e obras selecionadas no Festival Tinta Fresca 2015

Gustavo Velasco

Pianista e compositor de 21 anos, nascido em Belém do Pará, Gustavo Velasco iniciou seus estudos musicais aos oito anos de idade, ao piano, com o professor João Bosco Miller. Posteriormente, ingressou no Conservatório Carlos Gomes. Em 2010 iniciou o bacharelado em Música com habilitação em Piano pela Universidade do Estado do Pará, na classe da professora Verena Abufaiad e, mais tarde, na classe do professor David Martins. Em outubro de 2012 ingressou na classe de piano de Marian Rybicki, na École Normale de Musique de Paris, bem como na classe de composição da professora francesa Edith Lejet e na classe de música de câmara da professora Geneviève Martigny. Atualmente mora e estuda em Paris, onde desenvolve seu repertório pianístico e trabalha em encomendas de composições.

 

A Lenda da Vitória Régia é um poema sinfônico baseado em uma lenda amazônica que narra a história da bela índia guerreira Nayá (representada na obra pelo grande solo de flauta) e a sua paixão pela deusa Jaci – a lua (representada muitas vezes por solos ou corais de trompas). Jaci sempre escolhia uma bela índia da tribo e a transformava em estrela para brilhar ao seu lado no céu noturno da Amazônia. Tomada pelo desejo de se transformar em uma dessas belas estrelas, Nayá, ao ver o reflexo de Jaci nas águas, atira-se no lago e morre afogada. Piedosa e comovida por tal sacrifício de amor, Jaci transforma Nayá em uma estrela, porém, não em uma estrela no firmamento, e sim na mais bela estrela das águas – a Vitória Régia.

 

Gabriel Penido

Gabriel Penido nasceu em Belo Horizonte, em 1987. Compositor, flautista e violonista, atualmente cursa doutorado em Composição pela Université de Montréal, Canadá, sob orientação do professor François-Hugues Leclair. Suas peças têm sido executadas em diversos estados do Brasil e em notórias cidades da América do Norte e América Latina. Vencedor de importantes competições, recebeu o 1° prêmio do XVII Concurso Ospa para Jovens Compositores (2012) e o 1° prêmio do Concours de Composition de L’université de Montréal (2014). Penido é o compositor mais jovem gravado no projeto Piano Presente (2013). Estudou com importantes compositores, como os professores Oiliam Lanna, Rogério Vasconcelos e Antônio Carlos Borges-Cunha, seu orientador de mestrado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

 

Eosos é uma palavra derivada do latim, que pode ser traduzida como amanhecer. A peça consiste em um contínuo processo de interação entre diferentes gestos musicais que fazem referência à alvorada. Através de um variado processo de orquestração, esses gestos reaparecem constantemente ao longo da obra, sendo modificados em cada uma de suas aparições, cada qual com um diferente matiz.Eosos emprega uma linguagem musical não essencialmente tonal ou atonal, situada no limiar sonoro resultante da amalgamação de ambas.

 

Paulo Arruda

Paulo Arruda, brasileiro de 37 anos, concluiu licenciatura em Música pela Universidade Federal de Pernambuco e Contrabaixo acústico pelo Conservatório Pernambucano de Música (CPM). Com a obra Cangaço de Vida e Morte foi finalista do Festival Tinta Fresca 2012. A peça foi elogiada em concerto no Festival Mimo 2013 pelo jornalista inglês Clive Davis, do The Times, “pela carga dramática, estrutura e rica orquestração”. Em 2014 a obra foi executada pela Orquestra Sinfônica do Recife, sob a regência do maestro Marlos Nobre. Foi o vencedor do I Concurso Moacir Santos de Composição para Banda Sinfônica, realizado pelo Conservatório Pernambucano de Música. É integrante da Orquestra Sinfônica Jovem do CPM, Orquestra de Câmara de Pernambuco, Orquestra Retratos e Quinteto de Bandolins do Recife.

 

Reza carrega em seu material básico matrizes harmônicas baseadas em textos e elementos do simbolismo religioso. Formalmente estruturada na figura do ternário (símbolo da trindade divina) e do octonário (símbolo do todo). Na seção inicial da obra encontram-se os motivos que serão desenvolvidos no avançar da peça; o elemento rítmico introduzido na seção central adquire excelso destaque, através das células rítmicas presentes, atingindo o clímax num vigoroso tutti ao final do trecho. Partimos para a seção final reencontrando em sua substância os elementos primários da obra, desta vez em uma nova ordem textural, em que os timbres tornam-se cada vez mais rarefeitos e sutis, levando à meditação que todos nós faremos no arco final da curva do tempo, no momento de união ao Uno, de encontro à nossa primeira morada.

 

Felipe Vasconcelos

Natural de Belo Horizonte, Felipe Vasconcelos tem 29 anos. Começou seus estudos em música no Grupo de Estudos e Trabalhos em Educação Comunitária (Getec), em Contagem, MG. É Bacharel em Música/Composição pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Mestre em Música/Composição pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Recebeu prêmios no 4º Concurso Latinoamericano de Composicíon Electroacústica y Electrónica Gustavo Bacerra Schmidt, no Concurso Nacional de Composição Walter Smetak, no Concurso Nacional de Composição Guerra-Peixe: 100 anos e no 2º Concurso de Composição e Arranjo para Orquestra de Sopros. Atualmente leciona na Faculdade de Música do Espírito Santo e é doutorando em Música na UFMG.

 

Les Tombeaux Vides – “E abriram-se os sepulcros, e muitos corpos de santos que dormiam foram ressuscitados” (Mateus, 27:52). Normalmente, Le Tombeau é uma obra musical própria de uma homenagem póstuma e talvez tenha no Le Tombeau de Couperin, de Ravel, seu exemplo mais representativo. Les Tombeaux Vides (os túmulos vazios) é uma miscelânea de influências e homenagens e, como em uma imagem onírica, pretende abrir os sepulcros de Ravel, Varèse, Stravinsky, Dutilleux..., vislumbrando a história da ressurreição do Cristo e do seu exército de Santos deixando os túmulos vazios.

 

Jônatas Reis                                             

Natural de Belo Horizonte, Jônatas Reis estudou música na Escuela Superior de Música José Ángel Lamas, em Caracas, Venezuela, e é Bacharel em Composição pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Em 2003 escreveu sua primeira obra para orquestra, premiada no ano seguinte. Desde então suas obras sinfônicas têm sido executadas pelas orquestras Petrobras Sinfônica do Rio de Janeiro, Sinfônica da UFMG, Sinfônica de Minas Gerais e Filarmônica de Minas Gerais, além de diversas bandas sinfônicas. Recebeu os prêmios BDMG/Fundação Clóvis Salgado de Composição Sinfônica 2004; Hino de Farroupilha, RS, 2009; Menção Honrosa Festival Tinta Fresca 2010; Concurso de Composição e Arranjo da Orquestra de Sopros da Fundação de Educação Artística 2011; Prêmio de Composição Sinfônica Guerra-Peixe: 100 anos 2014.

 

Messiânicas Brasileiras nº 3 – Grande Sertão Exótico é a continuação da série de composições escritas em homenagem ao compositor francês Olivier Messiaen. A obra é dedicada à memória do escritor mineiro Guimarães Rosa, cujo 107º aniversário será celebrado no dia 27 de junho. Messiaen e Guimarães Rosa nasceram no mesmo ano: 1908. Essa dupla homenagem, muito além de um simples protocolo de cordialidade, nos oferece uma viagem musical de quatro movimentos cujos títulos, melodias e ritmos evocam lembranças e sentimentos que nos fazem visualizar cenas do Sertão. Tal proposta composicional produziu uma exótica fusão de estilos, em que as sonoridades da música folclórica convivem de forma orgânica com as cores peculiares do modernismo musical de Messiaen, num tecido orquestral exuberante entrelaçado por uma variedade de atmosferas e contrastes.

 

Cadu Verdan

Cadu Verdan é natural de Duque de Caxias, RJ. Iniciou seus estudos de piano em 2008, no Conservatório Brasileiro de Música. Em 2011, ingressou no bacharelado em Composição na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Participou de masterclasses com compositores brasileiros como Roberto Victorio, Marcos Lucas, Marcos Balter, Dimitri Cervo e Ricardo Tacuchian. Participou do XXII Panorama da Música Brasileira Atual, em 2014, com o quinteto de sopros Pavor. Recebeu o Prêmio Funarte de Música Clássica 2014 com a obra de câmara O peso do Eco, a ser estreada na XXI Bienal de Música Contemporânea Brasileira.

 

Alucinações cadavéricas explora a mente perturbada por visões negativistas, em que todos os pensamentos convergem para uma imagem distorcida e obscura da realidade. Desprovida de um discernimento são, esta mente se torna estranha e vulnerável em seu próprio meio, interpretando equivocadamente o que acontece a sua volta, ruminando lembranças e desejos vencidos e, por sua vez, produzindo delírios cada vez mais fantasiosos e incoerentes com a realidade. Por fim, desesperançada e crendo-se solitária, conduz-se para a autodestruição.

 

O maestro Marcos Arakaki

O Regente Associado da Filarmônica, Marcos Arakaki, possui uma carreira marcada por prêmios, dentre os quais se destacam o 1º Concurso Eleazar de Carvalho para Jovens Regentes e o 1º Prêmio Camargo Guarnieri. Foi regente titular da Sinfônica da Paraíba e da Orquestra Sinfônica Brasileira Jovem, recebendo, nesta última, grande reconhecimento de crítica e público pela sua reestruturação. Com a OSB gravou a trilha do filme Nosso Lar, composta por Philip Glass.

 

É Bacharel em Música pela Unesp e Mestre em Regência Orquestral pela Universidade de Massachusetts. Participou do Aspen Music Festival and School e de masterclasses com os maestros Kurt Masur, Charles Dutoit e Sir Neville Marriner.

 

Atualmente, além de seus compromissos com a Filarmônica de Minas Gerais, é professor visitante de Regência Orquestral na UFPB e regente titular da Sinfônica da mesma instituição.

 

Sobre a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais

Hoje em sua sede própria, a Sala Minas Gerais, a Orquestra Filarmônica foi criada em 2008, com o intuito de inserir Minas nos circuitos nacional e internacional da música orquestral. Formada por 90 músicos provenientes de todo o Brasil, Europa, Ásia, Américas e Oceania e sob a direção artística e regência titular do maestro Fabio Mechetti, a Orquestra rapidamente alcançou reconhecimento do público e da crítica especializada. Administrada pelo Instituto Cultural Filarmônica, uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip), a Filarmônica pauta seu trabalho pela excelência artística e vigorosa programação.

 

Em 2015 serão 90 concertos, dos quais 57 contam com nomes do cenário mundial como Martin Grubinger, Liza Ferschtman, Leo Gandelman, Elissa Lee Koljonen. Voltam a se apresentar com a Filarmônica Augustin Hadelich, Lilya Zilberstein, Pascal Rogé, Daniel Binelli e Daniel Müller-Schott, além dos brasileiros Nelson Freire, Arnaldo Cohen, Antonio Meneses, Paulo Szot e Cristina Ortiz. Neste ano serão celebrados os 150 anos de nascimento de Sibelius, Dukas e Nielsen e o centenário da morte de Scriabin.

 

Iniciando seu oitavo ano de vida, a Filarmônica já conta com mais de 500 concertos para um público total de quase 600 mil pessoas, das quais 48,9% participaram gratuitamente, além da criação de 36 mil oportunidades de trabalho indireto. Dentre suas ações de democratização do acesso foram realizadas 69 Turnês Estaduais, alcançando um público de 149.304 pessoas. Os concertos Clássicos na Praça, por sua vez, mobilizaram 82.737 pessoas em 26 apresentações. Mais de 60 mil estudantes e trabalhadores tiveram a oportunidade de aprender um pouco sobre obras orquestrais, contexto histórico musical e os instrumentos de uma orquestra, participando de concertos destinados à educação e formação de público. Em sua primeira turnê internacional, realizada em 2012, a Filarmônica tocou para 6.658 pessoas em  apresentações nos míticos teatros Solís, de Montevideo (Uruguai),  Colón, de Buenos Aires, além dos teatros de Rosário e Córdoba, na Argentina. Como ações de estímulo à música, a Filarmônica promove o Festival Tinta Fresca, destinado a compositores de todo o país, e o Laboratório de Regência, atividade pioneira no Brasil, que abre oportunidade para jovens regentes brasileiros.

 

Ainda este ano, o público terá a oportunidade de conhecer a trilha sonora criada pelo músico Marco Antônio Guimarães (Uakti) e gravada pela Filarmônica para o novo espetáculo do Grupo Corpo. Outra parceria com um grupo mineiro foi o conto musical Pedro e o Lobo, de Sergei Prokofiev, realizado em 2014 com o Giramundo Teatro de Bonecos. A partir de 2013, a Filarmônica passou a gravar comercialmente. Em seu primeiro CD, a Nona Sinfonia de Schubert. Com o selo Naxos, três discos com obras de Villa-Lobos.

 

Sua constante preocupação com a qualidade foi reconhecida por importantes premiações: em 2012 recebeu o Prêmio Carlos Gomes de melhor orquestra brasileira; em 2010 foi eleita como melhor grupo musical erudito do ano pela Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA); e seu diretor artístico e regente titular, maestro Fabio Mechetti, recebeu o Prêmio Carlos Gomes em 2009 como melhor regente brasileiro.

 

Foto: Divulgação 

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