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Liberdade. O congado está nas ruas em Visconde do Rio Branco
No domingo (18/5) desfilou o centenário Grupo de Congado Nossa Senhora do Rosário, um dos mais valorosos e mais queridos bens imateriais que se mesclou à cultura rio-branquense. Todavia, a comemoração da liberdade se inicia na antevéspera.
Sexta-Feira, no terreiro. Às oito da noite, conforme hábito há a ‘Gira de Preto Velhas’, quando cerca de uma dezena dessa entidade, geralmente incorporadas por homens idosos, sentam-se em tocos e banquetas, dão baforadas em cachimbo e pronunciam palavras em dialeto africano, ao tempo em que, três ou quatro ogãs batucam os atabaques.
Após o ritual de bênçãos, tambores e cânticos, às vezes tem uma roda de capoeira, ao som do berimbau. Por volta das 23 horas, dá-se início à feijoada completa. É o momento festivo, alegre, descontraído, onde se conversa e ri — e quem quiser, bebe —, afinal, é chegado o momento da união do clã em confraternização. Axé.
A Prefeitura de Rio Branco entende que o apoio às legítimas expressões da Cultura Popular, não deva ficar somente em sentido material (a verba). A presença, a convivência direta e permanente e o diálogo (o verbo) aberto e ininterrupto, transcendem ao institucional, pelo exercício pleno de cidadania, com espontaneidade de gestos que acenam com a solidariedade.
São várias gerações que nasceram e cresceram, admirando os batuques, as cantigas em nagô, as danças, o gingado e a indumentária multicolorida, nas encenações de lutas de espadas.
À frente, em traje distinto, semblante de autoridade respeitada, vai veloz, o 'Corta Vento' ou 'Abre Caminho'. De adereço na cabeça em forma de capacete, com plumas de diversas colorações, ele empunha firme a espada, riscando o chão e fazendo faísca. É o protetor do Congado.
E os olhos da plateia sempre se voltaram para aqueles personagens de coroa e cetro, de ares místicos, que encarnam e realçam o simbolismo na interpretação de papeis de reis, rainhas, príncipes e princesas. Autêntico teatro — um musical — da gente afro-brasileira pelas ruas da cidade. Anos a fio, se renovando pela lei que rege o ciclo da vida. Quando crianças e jovens com orgulho substituem saudosos e lendários figurantes.
No comando do clã, a sucessão por herança, vem se realizando — in saecula saeculorum —, com membros da família Muniz, descendentes de escravos habitantes das cercanias do Morro da Tia Velha — uma comunidade urbana, que até hoje conserva características que induzem ao raciocínio de que o lugar, fora no passado um quilombo.
A história recente revela que, do princípio do século vinte, até a atualidade, o bastão foi passado apenas em três momentos, por morte. O velho Dodô, o Rei Congo, foi sucedido por Orozimbo, que foi sucedido por Jorge Maestro.
A Rainha Ginga, Maria do Dodô, esposa do Dodô, deixou o legado, para a filha, Rosário, a atual Rainha Ginga.
Manda a tradição que o Congado desça o Morro da Tia Velha, na Rua Maria do Dodô, sempre no primeiro domingo, após 13 de Maio, Dia da Abolição da Escravatura
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A primeira parada do cortejo é antiga Mina da Tia Velha: enquanto uns bebem água, outros dançam e cantam. A segunda parada é nas proximidades, ao pé do Cruzeiro de Santa Ifigênia — a protetora dos negros. Em seguida descem pela Rua Nova (Av.Dr. Carlos Soares), até à Praça 28 de Setembro, onde adentram a igreja de São João Batista para preces.
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