Notícias
Mostra Funk.DOC abre olhos e ouvidos para a filmografia sobre esse gênero musical brasileiro e sua cultura
Lançado há 20 anos, o pioneiro ‘Funk Rio’ e outros seis documentários serão exibidos no Sesc Palladium de 28 a 31 de maio, em sessões com entrada grátis
Nas versões de raiz, melody, sensual (ou de putaria), proibidão (ou funk de facção), consciente, gospel, montagem e ostentação, a música funk no Brasil e sua cultura já atravessam duas décadas, que o cinema e o vídeo buscam documentar desde o princípio. Lançado em 1994, “Funk Rio”, de Sérgio Goldenberg, inaugurou uma filmografia sobre o tema que hoje abrange vídeos com milhões de visualizações na internet. São tempos e espaços midiáticos distintos que a Mostra Funk.DOC aproxima na tela grande, com a proposta de abrirmos nosso olhar para esse universo. O evento será realizado de 28 a 31 de maio, no Cinema Professor José Tavares de Barros do Sesc Palladium, com sessões gratuitas.
A abertura da Mostra Funk.DOC será no dia 28 de maio (quarta-feira), às 20h, com a exibição de “Funk Rio”, em sessão comentada por Carlos Palombini, professor de etnomusicologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Estudioso do funk carioca, especialmente do proibidão, Palombini considera o gênero o primeiro de música eletrônica dançante no Brasil. “(...) Como a house de Chicago, o funk carioca resulta da apropriação criativa de tecnologia barata por não músicos para a produção de música destinada a setores marginalizados da população: jovens negros gays de Chicago no início dos anos oitenta; jovens habitantes de regiões urbanas economicamente muito deprimidas do Rio de Janeiro no final dos anos oitenta”, escreveu.
Passadas mais de duas décadas, o pesquisador não hesita em afirmar que o funk carioca é o principal fenômeno musical brasileiro na atualidade. “Se perguntarmos onde o funk nasceu, a resposta é: na favela. E onde fica a favela? Na periferia. Mas o funk não é de periferia [no sentido daquilo que está sujeito à dominação]. Se perguntarmos qual música está no centro no Brasil hoje, não tenho dúvida de que a resposta é o funk. É a música mais polêmica e, para mim, a mais criativa”, afirmou recentemente.
Dos bailes à batalha do passinho
Além de resgatar “Funk Rio”, um raro exemplar do início da filmografia sobre o tema, a Mostra Funk.DOC exibirá outros seis documentários, sendo dois longas-metragens. "Favela on Blast”, produção de 2008 codirigida pelo mineiro Leandro HBL e o DJ norte-americano Diplo, traz depoimentos de expoentes da cena funk carioca da década passada, como Deize Tigrona e Duda do Borel.
As coreografias dos bailes black dos primórdios transformaram-se até chegar ao estilo passinho em voga hoje. A produção carioca “A Batalha do Passinho - O Filme" (Emílio Domingos, 2013) retrata essa sofisticada linguagem de dança e alguns de seus dançarinos e dançarinas, como Cebolinha, Beiçola, Brayan Dancy e Gambá, este morto antes de o filme ser finalizado.
O fenômeno recente de tocar música no transporte público usando telefones celulares, players e caixinhas de som portáteis é abordado no curta-metragem "Esculacho" (2013). Produzido em Belo Horizonte, o documentário só foi exibido uma vez, em seu lançamento. Na Mostra Funk.DOC, uma das sessões do filme será seguida de bate-papo com o diretor, o documentarista Marcelo Reis - de “Aterro” (2011).
Já os curtas "Funk Ostentação – O Filme” (Renato Barreiros e Konrad Dantas - o Kondzilla, 2012) e “Funk Ostentação: O Sonho” (Sidney Mariano, São Paulo, 2014) descrevem a trajetória de MC Guimê e outros músicos da Baixada Santista e da capital paulista. A vertente ostentação, utilizando as tecnologias digitais do audiovisual e as redes sociais, trouxe para o funk a cultura do videoclipe. Veiculados originalmente pela internet, esses vídeos serão projetados em alta definição numa sala de cinema na Mostra Funk.DOC, ao lado de “90 Dias com Catra” (Rafael Mellin, 2010), que ultrapassa cinco milhões de visualizações na rede.
A Mostra Funk.DOC tem a curadoria do documentarista Marcelo Reis e da jornalista Débora Fantini. O evento é uma realização das produtoras Bagulium Loquo Est e Barco, com apoio do Sesc Minas Gerais.
Selecionamos os melhores fornecedores de BH e região metropolitana para você realizar o seu evento.