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Cinema para surdos: Centro Cultural Unimed-BH Minas exibe filme Oroboro para pessoas com deficiência auditiva
Com entrada gratuita e exclusiva para surdos, a exibição será no dia 23 de maio (sexta), às 20h, e contará com uma conversa entre o homenageado e a comunidade surda
O ano era 2018. Um grupo de estudantes de um colégio nova-limense vivenciava seu último ano escolar — um dos períodos mais memoráveis da adolescência, marcado por decisões importantes que podem impactar os jovens ao longo da vida. Foi a partir de uma decisão firme e coletiva que o grupo, formado por 22 estudantes, resolveu mergulhar profundamente no universo roseano, adaptando para o teatro Grande Sertão: Veredas, um dos livros mais emblemáticos da literatura brasileira.
A coragem, sensibilidade e maturidade daqueles jovens, com idade em torno de 18 anos, chamavam a atenção de quem acompanhava de perto aquele processo artístico e, ao mesmo tempo, pedagógico. Um desses estudantes era Vinícius De Andrade Santos, que viveu o jagunço Ricardão na peça, registrada pelo filme Oroboro, dirigido por Pablo Lobato.
Surdo, Vinícius inspirou a Claroescuro Studio — produtora do documentário — a tratar, de forma sensível e cuidadosa, os recursos de acessibilidade voltados para pessoas com deficiência. Para isso, a Claroescuro contou com a parceria da Sem Rumo, uma das principais produtoras brasileiras dedicadas ao tema.
No dia 23 maio de 2025 (sexta-feira), às 20h, o público poderá vivenciar a sessão “Oroboro: Cinema para Surdos”, no Centro Cultural Unimed-BH Minas. Com entrada gratuita e exclusiva para pessoas com deficiência auditiva, a sessão será para homenagear Vinícius De Andrade Santos, que atualmente cursa Letras-Libras na UFMG e é um criador de conteúdo digital reconhecido.
Após a exibição, haverá uma conversa sobre o documentário com as presenças de Vinícius e pessoas da comunidade surda. A sessão contará ainda com Libras e Legenda Descritiva. Os 40 ingressos de “Oroboro: Cinema para Surdos” podem ser adquiridos por meio do preenchimento do formulário disponível neste link:
Oroboro em Libras
Recentemente, Vinícius foi convidado pelo diretor Pablo Lobato para criar o sinal de Oroboro em Libras. O público pode conferir o resultado neste vídeo postado no Instagram da Claroescuro Studio: https://www.instagram.com/p/DJsIuipxAdp/?img_index=6
Durante o processo de criação, o jovem sinalizou: "Fiquei inspirado ao ver o filme e resolvi criar um sinal em Libras. Oroboro possui quatro letras O e um B. Também pensei na origem do símbolo, que tem a representação de uma cobra. Então, fiz uma junção: a cobra, mais as letras O e B."
O filme
Oroboro, documentário que estreou em março deste ano e até o momento já passou por São Paulo, Rio de Janeiro, Florianópolis, Salvador e Porto Alegre, acompanha dois grupos de alunos que adaptaram para o teatro duas obras-primas da literatura e da música: Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa, e A Flauta Mágica, de Mozart.
A partir dos ensaios, apresentações e da rotina escolar, Oroboro acompanha a intimidade das descobertas, dores e alegrias vividas na radicalidade da juventude. As forças paradoxais das personagens encenadas movem uma vasta constelação temática: vida e morte, arte e educação, cinema e teatro, natureza e urbanização
O colégio, locação principal do filme e palco das encenações, está situado em um vale entre Belo Horizonte e Nova Lima. Atravessado por um córrego e cercado por áreas verdes e corredores ecológicos, hoje se vê pressionado por uma das urbanizações mais dinâmicas do país.
“Diante de uma sensível prática formativa, nesta fronteira entre metrópole e interior, entre expansão econômica e conservação ecológica, percebi um espelho da sociedade brasileira contemporânea. Oroboro é fruto destes paradoxos e revela algo que resiste, vindo desse vínculo essencial entre a arte e a formação humana”, explica o diretor Pablo Lobato.
Produzido pela Claroescuro Studio e distribuído pela Fênix Filmes, Oroboro conta com o apoio da Lei Paulo Gustavo para sua distribuição e o patrocínio da Saúva Jataí para a finalização.
Nota: Oroboro remete ao símbolo ancestral da serpente que engole a própria cauda, formando um círculo. De origem grega, representa o ciclo da vida, a renovação e a transformação contínua.
A confluência entre arte e formação humana no trabalho de Pablo Lobato
O retorno de Pablo Lobato ao cinema com Oroboro reafirma seu modo de criação, que escapa a uma única linguagem e se constrói na relação com diferentes contextos. Seu trabalho acontece no encontro com as forças disponíveis, na colaboração com a matéria e na atenção ao que emerge em cada fazer. Entre o cinema e as artes visuais, seus últimos anos têm sido atravessados pelos diálogos entre arte e formação humana.
"Oroboro partiu de um espanto. Em 2018, me deparei com um brilhante grupo de jovens estudantes adaptando Grande Sertão: Veredas para o teatro. Fiquei profundamente tocado ao vê-los criando juntos, encontrando embocadura para esse mito fundador brasileiro. A peça já estava em curso, mas o filme nascia ali, sem um projeto, sem recursos disponíveis, apenas na urgência do que acontecia diante de mim. Senti que precisava atender a esse chamado. No início, precisei seguir sem equipe, movido por esse encontro inesperado. Aos poucos, fui me aproximando mais desse colégio de Minas Gerais, onde uma linhagem pedagógica implementa, no cotidiano, um pensamento indissociável da arte. Entre 2018 e 2020, formei uma pequena equipe e acompanhei com minha câmera os processos imersivos vividos pelos estudantes, gravando também a segunda turma de adolescentes mais jovens, que me encantou ao adaptar A Flauta Mágica, de Mozart", relembra Lobato.
Isabella Brisa, aluna e a atriz que interpretou o personagem Hermógenes em Grande Sertão: Veredas, no ano de 2018, comenta sobre a experiência de reviver o processo de criação do espetáculo a partir do filme. “Oroboro foi um presente maravilhoso. O filme é emocionante; sua sensibilidade me tocou profundamente. Minha sincera gratidão e admiração por esse trabalho magnífico e por todos que o tornaram possível. Foi um privilégio participar deste projeto, que reacendeu em mim o desejo de me expressar através da arte”, ressalta Brisa.
Ficha Técnica
Nome: Oroboro
Gênero: Documentário
Duração: 81’13”
Ano: 2025 (filmado de 2018 a 2022 em Minas Gerais, Brasil)
Idioma: Português
País: Brasil
Direção: Pablo Lobato
Produção Executiva: Marcus Leskovsek
Produção: Marcus Leskovsek e Pablo Lobato
Produtora: Claroescuro
Fotografia: Pablo Lobato
Argumento: Pablo Lobato
Roteiro: Daniel Tavares
Montagem: Luiz Pretti e Pablo Lobato
Som: Nelson Pimenta Soares Filho, Pablo Lobato e Pedro Aspahan
Trilha sonora: O Grivo
Sobre o diretor
Pablo Lobato (Bom Despacho, 1976) é artista visual e cineasta. Foi um dos criadores da Teia – Centro de Pesquisa e Produção Audiovisual, em Belo Horizonte. Realizou filmes exibidos em festivais como Locarno, Sundance e Guadalajara, onde seu primeiro longa, Acidente, recebeu o prêmio de Melhor Documentário Ibero-Americano.
Em 2009, recebeu a bolsa da Fundação Guggenheim, em reconhecimento à sua pesquisa. Expôs em instituições como o MoMA e o New Museum (Nova York), o Museu Tamayo (Cidade do México), o MACBA (Barcelona) e o MAM (São Paulo), além de bienais no Uruguai, Argentina, Índia, Portugal e Emirados Árabes.
Seu trabalho parte de encontros e escapa a uma única linguagem, orientado por uma ética da escuta. Oroboro, seu filme mais recente, e Bárbara de Cocais – Escultura Comunitária #01 condensam esse percurso, em que atenção e cuidado se entrelaçam à pesquisa, à experimentação e ao convívio — por uma proximidade radical.
Sobre a produtora Claroescuro Studio
Sediada em Belo Horizonte e fundada por Pablo Lobato em 2013, a Claroescuro Studio atua na confluência entre cinema e artes visuais, dedicando-se à criação, desenvolvimento e difusão de projetos autorais. Cada obra é concebida com atenção às especificidades de seu contexto, articulando pesquisa, experimentação e processos colaborativos.
Entre os projetos realizados, destaca-se Bárbara de Cocais - Escultura Comunitária #01, que culminou em um festival de cinema no interior de Minas Gerais, reunindo exibições de filmes, palestras e oficinas. Como parte desse projeto, foi proposta a criação de uma creche pública, uma iniciativa voltada ao fortalecimento da comunidade local por meio de um espaço de cuidado compartilhado. Essa proposta consolidou-se como um marco, expandindo a atuação da Claroescuro para além do campo estritamente cinematográfico.
A Claroescuro também desenvolve instalações, como Bronze Revirado, exibida em importantes mostras internacionais, incluindo a 11ª Bienal de Sharjah. O Studio teve sua produção cinematográfica selecionada por festivais como Sundance e Locarno, além de ter suas obras exibidas em instituições de prestígio, como o MoMA (Nova York), o New Museum (Nova York) e o Museu Tamayo (Cidade do México). Esse percurso reflete um diálogo contínuo com as particularidades de cada projeto e suas interseções entre artes visuais e cinema.
Sobre a Fênix Distribuidora de Filmes
A Fênix Filmes é uma distribuidora independente, com foco no melhor da produção cinematográfica do mundo inteiro. Desde 2013, a distribuidora vem trazendo para o Brasil filmes considerados verdadeiros tesouros ainda pouco explorados no mercado e que encantaram espectadores nos principais festivais internacionais, especialmente Berlinale e Cannes. Dentre os lançamentos do nosso catálogo, podemos destacar: “O Ciúme”, “Amante por Um Dia” e “À Sombra de Duas Mulheres”, trilogia do diretor francês Philippe Garrel; “A Juventude” (indicado ao Oscar 2016), de Paolo Sorrentino; “As Mil e Uma Noites”, trilogia do cineasta português Miguel Gomes; “Paterson”, de Jim Jarmusch; “Visages Villages” (documentário indicado ao Oscar 2018), de Agnès Varda & JR; "A Grande Dama do Cinema", de Juan José Campanella; “A Árvore dos Frutos Selvagens”, de Nuri Bilge Ceylan (diretor vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes); “De Amor e Trevas”, da vencedora do Oscar Natalie Portman; “Nahid: Amor e Liberdade”, de Ida Panahandeh; "Vingança". de Coralie Fargeat; “De Punhos Cerrados” (cópia restaurada do original de 1965), “Sangue do Meu Sangue” e o inédito "O Traidor" (Seleção Oficial em Cannes 2019, com previsão de lançamento para Janeiro de 2020, no Brasil), de Marco Bellocchio; "Synonymes" (vencedor do Urso de Ouro no Festival de Berlim 2019), de Nadav Lapid.
Serviços:
OROBORO: CINEMA PARA SURDOS | APÓS EXIBIÇÃO, CONVERSA ENTRE O VINÍCIUS DE ANDRADE SANTOS E A COMUNIDADE SURDA
Local: Cinema do Centro Cultural Unimed-BH Minas (@mtccultura)
Data: 23/05 (sexta-feira)
Horário: 20h
Entrada Gratuita | Lotação máxima de 40 lugares | Sessão exclusiva para surdos
Aquisição de ingressos (somente pelo preenchimento do formulário): https://tinyurl.com/yc84cz33
Acessibilidade: Libras e Legenda Descritiva
Mais informações: https://www.instagram.com/claroescuro.studio/
Foto: Claroescuro
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