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O primeiro final de semana da terceira edição da mostra de teatro Tiradentes em Cena foi de grande emoção. A noite de abertura (15) começou com o casal de atores Roberto Bomtempo e Miriam Freeland conduzindo a cerimônia e prestando homenagem ao grande diretor e produtor cultural Pedro Paulo Cava pelos 50 anos de carreira.

 

"Só vivi emoções aqui em Tiradentes. Fiquei muito alegre em ser homenageado com uma sala Especial no Tiradentes em Cena, podendo reunir um pouco da minha trajetória de 50 anos no teatro. Fora o fato de que "Samba, amor e malandragem" abriu o festival e ainda foi aplaudido de pé pela platéia. Agradeço muito à Aline e toda à equipe Tiradentes em Cena, à Patrícia Monteiro e à população de Tiradentes, que me acolheu tão bem! O Tiradentes em Cena é, além de um festival muito charmoso, um grande ganho para a arte", afirmou Pedro.

 

Produzido por Pedro Paulo Cava, o musical “Samba, amor e malandragem” abriu a grade de programação da 3ª edição da mostra e embalou o público presente no SESI-Centro Cultural Yves Alves com clássicos do samba e retratos da alma do Brasileiro.

 

Ocupações em locais não convencionais marcam final de semana

 

O Sábado (16) começou logo cedo com uma mostra Lambe-Lambe de teatro de bonecos ocupando o Largo das Forras – praça principal da cidade – até o período da tarde. Cerca de mil pessoas que circulavam pelas ruas da cidade tiveram oportunidade de acompanhar as apresentações minimalistas organizadas pela GFA Produções

 

Poderia ser um fim de tarde como qualquer outro, a não ser pelo fato de que Ana Gusmão e Gilberto Mauro fizeram do Museu da Liturgia, no centro histórico de Tiradentes, palco de um dos espetáculos mais instigantes da 3ª edição da mostra. O prólogo, construído e dirigido pelo poeta Marcelo Dolabela, que se inspirou na poesia do português Mário de Sá Carneiro, discute a dor da existência e a solidão do corpo que não cabe em si. Tudo isso é acompanhado da força da música de Gilberto Mauro, que durante o espetáculo ajuda na formação dos sentimentos da atriz, que considera o Tiradentes em Cena um espaço importante para a propagação das artes cênicas. “A cidade se envolve e as pessoas estão a fim de assistir as coisas. É legal essa formação de platéia que só um trabalho como este pode proporcionar. Com tantas estéticas diferentes, tantas

 

linguagens, tantos formatos, contribui para a formação do cidadão. Não só do turista, mas também das pessoas que moram na cidade e podem assistir. Estava realmente faltando um festival de teatro aqui. Apresentar aqui é uma inspiração.”, afirmou Ana.

 

O premiado espetáculo “Tomo Suas Mãos nas Minhas”, estrelado pelo casal Roberto Bomtempo e Miriam Freeland,  era um dos mais aguardados pelo público.  Nos primeiros dez minutos de distribuição, as 120 senhas, que representam a lotação máxima do teatro, se esgotaram, fazendo com que muitas pessoas que aguardavam no local não conseguissem garantir seus lugares. Sensibilizados pelo ocorrido, o casal de atores honrou o título de padrinhos do Tiradentes em Cena e aceitou realizar mais uma sessão para o público que os aguardava, lotando, pela segunda vez na noite, o teatro.

 

“Ficamos muito honrados em sermos considerados padrinhos desse evento tão importante”, declara o casal que desde a primeira edição apoia e participa da mostra.

 

Izabella Bicalho emocionou o público em show no Alto São Francisco

 

A noite de sábado encerrou de forma contagiante. Faziam aproximadamente 9 graus no Alto São Francisco, um dos mirantes mais famosos do Estado, quando Izabella Bicalho adentrou ao palco do Tiradentes em Cena cantando Carmem Miranda.

 

Cachecóis, casacos, luvas, vinhos e até queijos acompanharam o público presente, que fez questão de prestigiar o show mesmo com a baixa temperatura no local. O Alto São Francisco, que abriga a igreja de São Francisco de Assis, nunca havia sido usado para um espetáculo como o show de Izabella.  Bicalho entoou canções de Carmem Miranda, Chico Buarque, Vinícius de Moraes, Elis Regina, Belchior e outros. O momento mais emocionante ficou reservado para a segunda metade do espetáculo, quando a atriz, grande fã de Bibi Ferreira, prestou uma homenagem à dama do teatro brasileiro, que no ano passado esteve no palco do Tiradentes em Cena. “É uma honra pra mim estar neste palco que já recebeu Dona Bibi. Para ela, toda minha admiração.”, afirmou Izabella, que em seguida cantou Piaf.

 

Domingo pra criançada e polêmica no Tiradentes em Cena

O domingo começou com uma oficina de Teatro de Bonecos ministrada pelo Grupo Matraca Teatro de Bonecos no Museu da Liturgia e a tarde a criançada se divertiu com o espetáculo “O Menino Azul”, de Belo Horizonte, apresentado no belíssimo jardim do Sesi Tiradentes – Centro Cultural Yves Alves.

 

À tarde, o público novamente pôde acompanhar a ocupação de um espaço diferenciado. O Sobrado Quatro Cantos recebeu duas sessões da peça “Não Vão Além: Como Enraizar o Amor que Voa”, um espetáculo de conclusão do curso de teatro do CCBM, de Juiz de Fora.

 

À noite, o palco do Sesi Tiradentes – Centro Cultural Yves Alves recebeu o polêmico espetáculo carioca “Cachorro Quente”, do escritor americano Chuck Palahniuk e dirigido pelo premiado diretor João Fonseca. A montagem que traz no elenco os atores Sacha Bali, Laila Zaid, Olivia Torres, Renato Góes, Pedro Henrique Monteiro e Rosanna Viegas causou risos e um certo constrangimento no público mais conservador ao contar a história de um rapaz viciado em sexo.

 

“Um dos objetivos do teatro é causar emoções e provocar o público. Acho que conseguimos mexer com os ânimos da plateia e isso é muito bom”, diz Sacha.

 

O primeiro final de semana encerrou com o espetáculo de palhaçaria para adultos de Marcelo Gatelli “Clave de Dó” ocupando pelo primeira vez o Adro do Museu de Sant’Anna.

 

Foto: Divulgação