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Universo infantil é ponto de partida para reflexões existencialistas em Esta Não é uma Peça Infantil

Espetáculo, do Curso Profissionalizante do Cefar, se baseia em jogos e contos infantis para questionar a complexidade da vida adulta

Apesar de dialogar com princesas, rainhas, madrastas más e um mundo fantástico Esta não é uma peça infantil, com direção de Lenine Martins, não é um espetáculo voltado para crianças. Na montagem, composta por alunos formandos do Curso Profissionalizante de Teatro do Centro de Formação Artística do Palácio das Artes - Cefar, os personagens têm seus papeis e conceitos subvertidos e são utilizados para levantar questionamentos fundamentais, que muitas vezes não são respondidos nem mesmo ao atingir a maturidade. O espetáculo se ancora no humor existencialista do Teatro do Absurdo.

 

Com a proposta de ocupar outros espaços da cidade, o espetáculo será apresentado no Mercado das Borboletas, onde funciona uma incubadora de artes e negócios sustentáveis, localizado no Mercado Novo.  

 

Segundo Fernanda Machado, presidente da Fundação Clóvis Salgado “é sempre gratificante acompanhar esses resultados, pois comprovam que a Instituição cumpre sua missão ao fomentar o setor cultural para os jovens artistas, criando inúmeras oportunidades para que eles conheçam as várias áreas da produção cultural e do mercado de trabalho artístico”.

 

Para o diretor Lenine Martins, Esta não é uma peça infantil foi concebido de forma a promover a imersão do público em toda a montagem, com a quebra da quarta parede em diversos momentos. A trilha sonora e musical, assinada pelos alunos e o diretor, é outro destaque. São músicas infantis dividindo o espaço com uma composição original e hits de bandas de pop e rock como Pink Floyd.

 

Lenine conta que a narrativa é orientada por Alice, inspirada na personagem homônima de Lewis Carroll, que em sua festa de aniversário é confrontada pela madrasta. Depois de uma discussão, Alice começa a pensar sobre as questões: “O que você quer da vida?”, “O que você quer ser?”. A partir desses questionamentos, se desdobram vários cenários em um mundo nada receptivo. Todas as cenas do espetáculo se passam na cabeça de Alice, dentro de seu quarto.

 

Entre algumas das situações da peça está uma lasciva Alice, acusada de seduzir o lobo – a suposta vítima, queixoso de ter sido enganado por uma jovem dissimulada e maldosa. Outra cena do espetáculo reúne a bonita Alice com duas bruxas horrendas. Nesse momento, Alice reivindica o direito de ser feia. Em outra situação, racismo e ditadura da beleza estão em evidência quando uma Alice negra é forçada a se travestir de Paquita.  

 

Envolvimento integral dos alunos – A adaptação do espetáculo foi coordenada por Lenine Martins, responsável também pela dramaturgia, mas os textos e cenas foram elaborados pelos alunos. O professor trabalhou com o grupo de 17 formandos, com idade entre 20 e 40 anos, durante um ano e meio. O espetáculo surgiu da utilização de jogos e improvisações em aulas de interpretação.

 

Brincadeiras como dança das cadeiras, “pique-pega”, “esconde-esconde”, Telefone sem fio e o “altas” foram o ponto de partida para a concepção da estrutura do espetáculo que se ancora também na utilização de temas infantis para refletir sobre temáticas urbanas como solidão x coletivo virtual, aspirações da infância x realidade, criminalidade x contos de fada. Segundo Lenine, “tratar de assuntos tão complexos com personagens e estórias que já fazem parte da nossa imaginação é uma oportunidade e tanto, pois podemos criar contrapontos poéticos, cômicos e dramáticos na fricção entre a inocência e a crueldade”. O objetivo é criar contrapontos poéticos, cômicos e dramáticos entre inocência e a crueldade.

 

Os atores, divididos em comissões, participaram da concepção dos cenários, figurinos, maquiagem, iluminação, produção e trilha.

 

Sobre Lenine Martins - Lenine Martins é ator, diretor e dramaturgo, natural de Coronel Fabriciano / MG. É professor de Interpretação do Centro de Formação Artística da Fundação Clóvis Salgado (Cefar). Fundador e integrante da Maldita Companhia de Investigação Teatral. Tem como eixos de trabalho o mascaramento pelo objeto; a narrativa épico-dramática; o corpo sonoro e a ocupação de espaços cênicos e não cênicos; alternativos e rua. Como ator, atuou em "A Casa das Misericórdias" (2002) e "Cara Preta" (2009), ambos montados pela Maldita Companhia de Investigação Teatral. Como diretor, assina vários espetáculos, como: "A Pequena Mahagony", "O Balcão", "Jogo do Bicho", “Prato do Dia”, "Estamos Trabalhando para Você", "Essa Peça não tem Preço" e “Fábrica de Cimento”.

 

Sobre o CEFAR - O Centro de Formação Artística da Fundação Clóvis Salgado (Cefar) integra a política do Governo de Minas de fomento à formação em arte, direcionada ao jovem artista e aos profissionais recém-formados. Oferece cursos livres, técnicos profissionalizantes e de extensão destinados à capacitação, qualificação, aperfeiçoamento e atualização de crianças, jovens e adultos nas áreas de teatro, dança e música.

 

Sobre Alice no País das Maravilhas - é a obra mais conhecida de Charles Lutwidge Dodgson, publicada a 4 de julho de 1865 sob o pseudônimo de Lewis Carroll. É uma das obras mais célebres do gênero literário nonsense. O livro conta a história de uma menina chamada Alice que cai numa toca de coelho que a transporta para um lugar fantástico povoado por criaturas peculiares e antropomórficas, revelando uma lógica do absurdo característica dos sonhos. Este está repleto de alusões satíricas dirigidas tanto aos amigos como aos inimigos de Carroll, de paródias a poemas populares infantis ingleses ensinados no século XIX e também de referências linguísticas e matemáticas frequentemente através de enigmas que contribuíram para a sua popularidade. Trata-se de uma obra de difícil interpretação, pois contém dois livros num só texto: um para crianças e outro para adultos.

 

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