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“Fernando que ganhou um pássaro do mar” é exibido no Cine Belas Artes

O cineasta mineiro Helvécio Marins Jr. acaba de ser selecionado para o “Berliner Künstler Programm”, do DAAD – German Academic Exchange Service, um dos programas internacionais de residência artística mais renomados do mundo, e, para comemorar, irá promover uma seção única, gratuita e aberta ao público do seu mais recente curta-metragem: “Fernando que Ganhou um Pássaro do Mar”. O filme será exibido no Belas Artes no dia 22/05 (quinta-feira), às 21h, e, logo após, haverá um debate com o diretor, o cineasta carioca Felipe Bragança (que também participou da direção do curta) e o coordenador de programação do Cine 104, Daniel Queiroz.

 

O filme dialoga não só com o momento atual em que o País vive, mas também, demonstra porque o cineasta foi selecionado para o programa ao apresentar uma linguagem reflexiva e libertária para contar uma história.

 

“Fernando que Ganhou um Pássaro do Mar” parte de um diálogo imaginário entre Portugal e o Brasil. Fernando, protagonista do filme, envia cartas para um amigo imaginário que viajou ao Brasil. Separados por disparidades culturais e geográficas, a língua portuguesa e as cartas criam uma ponte e estabelecem os diálogos entre os atuais contextos políticos de Portugal e do Brasil.

 

De um lado, crise, desemprego e entrevistas com ministros sobre medidas econômicas passam na televisão portuguesa. Do outro lado do Atlântico, um índio reclama, falando ao celular e sentado na privada, da violência policial no contexto das manifestações de junho e pergunta se a realização de Copas e Olimpíadas valem tanto sacrifício.

 

A inspiração: a história é inspirada em uma das personagens do último trabalho de Helvécio Marins Jr., “O Canto do Rocha”, filmado em 2012, no Norte de Portugal. “A personagem do Fernando me chamou a atenção porque falava e interagia muito pouco. Estava sempre a olhar para o horizonte… Nós começamos a refletir em torno da eventualidade daquele homem a imaginar outras vidas possíveis. Em certos momentos, o Fernando falava de viagens, de já ter ido para outros lugares e de ter acabado por voltar a Portugal. Essa ideia da viagem levou-nos à vontade de desenvolver um diálogo entre o que seria esse imaginário de Portugal e do Brasil”, explica Felipe Bragança.

 

Para os diretores, o Brasil vive num momento um pouco conflituoso porque existe um certo otimismo, porém a sociedade tem se colocado de forma questionadora: que país é que se quer? Que tipo de imaginário se quer, na verdade. Os cineastas passaram a pensar em um filme entre essa concepção de um lugar fantasiado, tropical, paradisíaco, passível de fuga, e o lugar desse Brasil que é um local imaginado, poderoso, em progresso, mas que está no meio de uma crise, que é, na verdade, a da própria identidade. Um país que não sabe muito bem o que é. Já o pássaro – símbolo do paraíso – é trazido para o cotidiano do protagonista como um presente, como um ideal de paraíso, mas, como qualquer coisa idealizada, na verdade, chega e desestabiliza sua vida e acaba por mostrar o real. “E no curta reunimos tudo isso: esse imaginário do paraíso e o imaginário desse paraíso possível”, sintetiza Felipe Bragança.

 

Para Helvécio, o curta fala também da percepção que ele tem do olhar estrangeiro em relação ao Brasil. “Essa falsa impressão que os estrangeiros têm de que o Brasil está rico e em pleno crescimento, pois, na verdade, é algo desordenado, sem planejamento e a sociedade ainda necessita de melhorias básicas na saúde e educação”.

 

Seleções: o filme, produzido pela Curtas Metragens CRL no âmbito do Projeto Estaleiro, envolveu uma equipe de estudantes de cinema de Portugal e do Brasil. A estreia nacional aconteceu na última edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, quando ganhou o prêmio de melhor trilha sonora.

 

A estreia internacional foi em um dos eventos mais importantes do cinema mundial: Berlinale - Festival Internacional de Cinema de Berlim, ocorrido entre os dias 6 e 16 de fevereiro de 2014, na Alemanha. A coprodução participou da 9ª edição do Fórum Expanded, uma secção paralela ao festival, onde foram apresentadas cerca de 50 obras de 20 países de todo o mundo. Em seguida, foi exibido no CINELATINO - Rencontres de Toulouse, França, e marcou presença no Buenos Aires Festival Internacional de Cine Independiente (BAFICI), na Argentina.

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