Notícias
Espetáculo Subo para esquecer o que de baixo já não consigo ver estreia em BH no dia 18 de Maio
Cortejo teatral passará por ruas e espaços da capital mineira a exibir o rico relacionamento entre performance, tradição e tecnologia Os apaixonados pelos tradicionais cortejos teatrais de Belo Horizonte têm ótimo motivo para comemorar. No dia 18 de maio, estreia, na capital mineira, o espetáculo Subo para esquecer o que de baixo já não consigo ver, da Carabina Cultural. Embora busque resgatar a tradição do cortejo, o espetáculo também conta com aparatos inovadores, ao unir tecnologia, música, audiovisual – o que inclui projeções por todo o itinerário – e elementos circenses, resultando em uma experiência sensorial capaz de promover interação com o público e uma série de reflexões sobre o tema. Com concepção e direção de Carlos Canela – diretor cinematográfico, dramaturgo e diretor teatral – o trabalho conta com preparação de atores de Fábio Furtado e trilha sonora original de Sérgio Pererê. Dois trajetos poderão ser seguidos, nos dias 18 e 19 de maio, a partir das 20h, pelo Centro da cidade, tendo início na Av. Afonso Pena e término na Praça da Estação. Já nos dias 25 e 26 de maio, no bairro Santa Tereza, às 20h, o cortejo vai da Rua Mármore à Praça Duque de Caxias. O espetáculo nasce dos subterfúgios diários criados para fugir da angústia existencial, reflexo de limitações e proibições impostas pela sociedade moderna através dos tempos. Ao discutir os primórdios da evolução humana, quando se lutava pela sobrevivência, a apresentação também aborda o período das guerras, quando as sociedades crescem e estabelecem limites territoriais; a criação das religiões, nascidas para harmonizar as relações; a moral em si, que ultrapassa as diferenças religiosas; a etiqueta e estética – e os limites comportamentais a diferenciar as camadas sociais. Por fim, há as leis e o poder, como ferramentas de manipulação, que construirão regras gerais, de modo a formalizar os processos de punição. Pela primeira vez, um espetáculo retirará a projeção audiovisual de ambientes estáticos (com tela e projetor fixos), dando-lhe mobilidade graças a um dispositivo criado exclusivamente para a peça, a Unidade Móvel de Projeção. Alimentado por baterias, o dispositivo permite direcionar livremente as imagens para quaisquer superfícies presentes no percurso. Desse modo, o espectador permanecerá, literalmente, dentro do espetáculo – e, de certa forma, dentro dos filmes mostrados. Segundo o diretor Carlos Canela, o cortejo, que quase não conta com narrativas textuais, revela-se extremamente sensorial: “Qualquer um pode ver tudo, sem restrições. A obra é ‘aberta’ e o público tem liberdade para compreender o que quiser. Além disso, cada espetáculo é único, já que dialoga com os equipamentos urbanos durante o percurso”, completa. A Trama Durante o processo de evolução do homem moderno, é possível ver – apesar das atividades bélicas da atualidade – que a busca pela paz se amplia. Resultado de explícita necessidade do ser humano, ansioso por viver tranquilamente a sua vida, sem os arroubos e conflitos característicos dos tempos de guerra, tal tendência tem gerado, principalmente nas sociedades modernas capitalistas, um sentimento por vezes equivocado de finalização, como se o fato de poder trabalhar mecanicamente e pôr comida na mesa bastasse para encerrar a relação entre o homem e sua própria existência. Estabeleceram-se limites – a maioria historicamente necessária –, com o propósito de manter a organização das sociedades, mas não se buscou nada que vá além da satisfação das necessidades básicas de sobrevivência. O resultado são sociedades resignadamente tristes, cercadas de restrições, em que a felicidade, que deveria ser presença constante, torna-se exceção datada. Além disso, trata-se de grupos sociais onde só é “permitido” ser feliz em eventos específicos, como férias, festas, fins de semana e happy hours etc. Não se faz uma briga de travesseiros em casa, por ser algo imaturo; não se arrota depois de uma lauta refeição, por não ser educado, não se dorme sem tomar banho, porque não é higiênico. Regras como essas incorporaram-se ao cotidiano, de forma a reagir com a mesma naturalidade em que se vai banheiro. O resultado são crises “inexplicáveis” de depressão, estresse, suicídios, doenças cardíacas e outras enfermidades características da sociedade moderna. O espetáculo Subo para esquecer o que de baixo já não consigo ver se vale da performance dos atores, e de ferramentas audiovisuais, para realizar uma “radiografia” desses processos históricos, que, com o passar dos tempos, estabeleceram limites ao processo de convivência em sociedade, mas perderam o status de “medidas paliativas”, tornando-se a principal referência na vida da maioria das pessoas. Carabina Cultural Quando Carlos Canela e Suzana Markus vieram de Juiz de Fora para BH, em 1997, já existia a intenção de trabalhar com teatro. Eles haviam se conhecido na montagem de um espetáculo em Juiz de Fora e queriam abrir outras possibilidades na capital mineira. Ao chegar, realizaram um curso de vídeo e se apaixonaram pela loucura e pela amplitude de possibilidades oferecidas pelo audiovisual. Fundaram, então, a Carabina Filmes, para dar vazão às produções. Há quatro anos, no entanto, montaram o espetáculo “Sgroft, Herética ou Ninguém”, a partir de um texto antigo, escrito por Canela, protagonizado e produzido por Suzana Markus, de modo a recuperar um pouco daquele bom sentimento de desamparo proporcionado pelo teatro. A peça foi indicada a cinco categorias do prêmio SATED de teatro, recebendo o título de melhor cenografia. Isso motivou Canela e Suzana a investir, novamente, no teatro e, quando da montagem da equipe do novo espetáculo, “Subo para esquecer o que de baixo já não consigo ver”, decidiram ampliar as possibilidades da Carabina, montando uma produtora cultural junto a outros dois profissionais, Cris Gil (produtora há 15 anos e com especialização em Gestão Cultural em Barcelona) e Fábio Schmidt (ator e produtor do Sul do Brasil). Formou-se, assim, a Carabina Cultural. A “junção” dos quatro profissionais, com ampla experiência em produções culturais e projetos audiovisuais, fez nascer uma produtora cultural que, além de realizar projetos próprios, propõe-se a executar trabalhos que aliem qualidade, inovação e sustentabilidade, por meio de planejamentos eficazes e diferenciados. O espetáculo “Subo para esquecer o que de baixo já não consigo ver”, que tem em sua produção nomes como Sérgio Pererê, criador da trilha sonora original, Fábio Furtado, como preparador de elenco e assistente de direção e Ricca, que assina a Direção de Artes e Figurinos, é o primeiro projeto realizado pela recém-criada Carabina Cultural – que também está finalizando o curta “As Ruas de Ognatoque”, dirigido por Carlos Canela, com estreia prevista ainda para este semestre. Ficha Técnica (“Subo para esquecer o que de baixo já não consigo ver”) Criação e Direção: Carlos Canela Direção de Produção: Cris Gil Assistência de Direção e Preparação Corporal: Fábio Furtado Direção de Arte e Figurinos: Ricca Coordenação Técnica: Bruno Cerezoli Trilha Sonora original: Sérgio Pererê Assistência de Produção: Silvia Góes Elenco: Diego dos Santos, Fábio Schmidt, Fernanda Flores, Frederico Alves, Lissandra Guimarães, Pablo Barcelos, Ricardo Righi e Suzana Markus
Selecionamos os melhores fornecedores de BH e região metropolitana para você realizar o seu evento.