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Neste sábado (18): Baixista do Falcatrua, Danilo Jovem faz show de lançamento de "TU, YOU-YOU", seu quarto álbum solo

Calcado na sonoridade do synth pop, trabalho autoral tem como letras os poemas críticos e mordazes do mineiro Djami Sezostre

Os synths eletrônicos espaciais atuam como buracos negros imperdoáveis. Os violões de aço dançam em harmonias construídas em labirintos e a poesia musicada, com expressões ácidas e mordazes, confere o tom satírico de um disco sem meias palavras. É com a coragem de um músico fora de qualquer caixa que o artista Danilo Guimarães, mais conhecido pela alcunha de Jovem, lança o quarto álbum da carreira solo. “TU, YOU-YOU” reúne dez músicas criadas a partir de poemas do mineiro Djami Sezostre, que tecem críticas diretas à condição humana, aos dogmas de sociedades de consumo e ao ego.

O álbum - que chega às plataformas digitais nesta quarta-feira, dia 15 de maio - será apresentado ao vivo no sábado, dia 18, às 19h30, no Teatro de Bolso SESIMINAS. Antes do show do Jovem, haverá também a apresentação da banda Nirvana de Ninguém, protagonizada por Djami Sezostre. Os ingressos estão disponíveis neste link e custam a partir de R$10.

Apelidado “Orfeu elétrico” pela poética harmônica provocativa de suas invenções, Danilo Jovem reúne muitas influências em sua carreira, que já soma duas décadas de história. O músico é baixista e cofundador da veterana banda de rock mineira Falcatrua, tem parcerias de produção musical com nomes como John Ulhoa, Chico Neves e Marcelo Sussekind, e mantém também seu projeto solo. À frente do Jovem, trabalho calcado no synth pop, o artista assume baixo, vozes, beats e violões, acompanhado por bateristas convidados, como Glauco Mendes (ex-Tianastácia e ex-Pato Fu), que gravou o mais recente álbum.

Parceria profícua

O quarto trabalho autoral de Danilo Jovem sucede a trilogia de discos composta por “Jovem” (2016), “Errei Outra Vez” (2019) e “Sem Filtro” (2021), que passeiam por linhas de pop, rock, experimental e eletrônica, a partir de diversas temáticas. Em “TU, YOU-YOU”, as músicas seguem essa atmosfera sonora, mas com novos timbres e combinações harmônicas. As dez faixas são resultado do encontro entre Jovem e o poeta Djami Sezostre e uma congruência providencial entre poesia e som.

“Conheci o Djami quando fui tocar com o Falcatrua no projeto ‘Terças Poéticas’, no Palácio das Artes, e ele era o curador. Um tempo depois, acordei um dia e tinha um poema na minha caixa de entrada que ele tinha me mandado. Era a letra de ‘Adeus’, uma das faixas do disco. Fiz a música e virou um clássico instantâneo do Jovem tendo sido tocada em todos os shows que fiz desde então. Depois ele me mandou uns livros. Fiz outra música, outra e outra e as músicas foram brotando”, diz Jovem.

Natural dos cerrados de Rio Paranaíba, cidade de 12 mil habitantes no Triângulo Mineiro, o poeta e performer Djami Sezostre é um artista com expressão singular, sendo o criador da chamada poesia biossonora e da ecoperformance, com apresentações em países da América Latina, Europa e África. Com 28 livros no currículo, é conhecido por desenvolver uma poesia que brinca com a fonética, a linguagem e as sátiras às particularidades humanas e às sociedades modernas, sendo traduzido para o inglês, espanhol, francês, italiano, alemão, finlandês, búlgaro, grego e húngaro.

“Eu fiquei muito satisfeito com o que ouvi. Um álbum inteligente, com arranjos sofisticados, gostoso de fazer a audição e muito intrigante. Os poemas do Djami carregam certo espírito beatnik”, avalia o pianista Gilberto Mauro, sobrinho-neto do cineasta Humberto Mauro.

“São poemas muito ácidos, reflexivos, psicológicos. Não são abstratos, mas tratam assuntos ásperos de uma forma muito poética. Traduz bem o momento que vivemos. A relação do homem com o tempo, a angústia do existir. A poesia do Djami combinou muito com o tipo de música que estou produzindo no momento. É uma narrativa sobre a relação do homem com ele próprio, com o outro e com a natureza. E é uma forma também de pensar a história da humanidade”, completa.

"TU, YOU-YOU"

E é exatamente essa a aura do álbum “TU, YOU-YOU”. O disco faz uma referência direta ao pássaro tuiuiú, dos principais símbolos da fauna do Pantanal por sua exuberância e presença física, chegando a superar jacarés de dois metros de comprimento. Essa imagem impactante ilustra a construção de uma reflexão sobre a liberdade humana e o selvagem, aproveitando o jogo de palavras entre os pronomes em português e inglês para apontar angústias e crises humanas atemporais.

As dez músicas do álbum foram gravadas no Estúdio Parafernália, em Belo Horizonte, sob a produção do próprio Jovem em parceria com Sérgio Duá. A mixagem, por sua vez, foi realizada no Rio de Janeiro por Antoine Midani, filho do célebre produtor musical André Midani. Ao longo do disco, é possível encontrar diálogos com Deus, quando um violão de aço melancólico e synths espaciais acompanham os versos recitados quase em oração: “Deus, Adeus / estou muito cansado de ser gente”.

Há também reflexões sobre nascimento e morte em “O Plantio”, música que mistura de forma intrigante beats soturnos com uma abordagem harmônica e um canto sensível. Ou ainda a coragem de musicar um poema cuidadosamente nomeado como “Groove”, composto por sílabas aleatórias que parecem ter saído da boca de um bebê, como um exercício de pré-linguagem alimentado por violões lúdicos, se encaixando no que Djami Sezostre concebe como poesia biossonora.

Já em “América”, das faixas mais inquietas do álbum, com pitadas avulsas de Mutantes e Tom Zé, há um olhar sincero no espelho da condição humana, por meio de versos perturbadores, a exemplo da sintética frase: “eu também sou isso: o lixo do mundo”.

Na sonoridade, Jovem define a obra como “o disco do tempo quebrado, do compasso composto, da métrica improvável”, justificando as inúmeras invenções que desafiam os padrões da composição moderna, mas a partir de um instrumental composto basicamente por violões de aço, programações eletrônicas, percussões, bateria e guitarra. Nas gravações e no palco, para o show de estreia do disco, ele conduz sozinho os violões, as guitarras e as programações eletrônicas. Apenas durante o processo de registro do disco, ele contou com as gravações de Glauco Mendes (bateria) e com a participação de Gabriel Guedes (guitarra), em “Groove”.

Na noite de estreia do álbum “TU, YOU-YOU”, Danilo Jovem divide as atenções com a banda Nirvana de Ninguém, projeto idealizado pelos artistas Djami Sezostre, Gilberto Mauro, Saulo Fergo e Rita Silva, que mistura música e poesia a partir da temática da liberdade.

Videoclipe

A faixa que dá nome ao álbum e abre o disco ganhou um videoclipe, a ser exibido no show de lançamento do disco, no Teatro de Bolso SESIMINAS. A produção é estrelada pela bailarina Vanessa Paula, a partir de criação de Linke Eduardo e direção de Paulo Valle (assista ao videoclipe aqui). “Foi uma oportunidade de mergulhar em temas como a liberdade, o selvagem, o bicho, a essência, o coletivo e o individual, o pertencer e o não pertencer. E juntar isso com a performance corporal, transformar isso numa reflexão artística, por meio da linguagem da dança, foi um presente”, avalia a bailarina.

SERVIÇO | Lançamento do disco “TU, YOU-YOU”, do Jovem
Shows: Jovem e Nirvana de Ninguém
Quando. 18/5 (sábado), às 19h30
Onde. Teatro de Bolso SESIMINAS (Rua Padre Marinho, 60 - Santa Efigênia)
Quanto. Os ingressos custam R$ 20 (inteira) e R$10 (meia-entrada) e podem ser comprados neste link

Foto: Paulo Valle

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