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Lançamento esculturas feitas com madeira reaproveitada propõem outro ritmo de olhar na exposição “Redesígnios”
Confira a programação
A cidade de Mateus Leme (MG) recebe, a partir do dia 17 de maio, a exposição Redesígnios, do artista autodidata Marcos Pimentel. A mostra, sediada na Casa de Cultura Cássia Afonso de Almeida, reúne 18 esculturas criadas a partir de madeira reaproveitada e materiais descartados. A proposta envolve o público em uma travessia visual e sensível sobre transformação, permanência e reinvenção.
MATÉRIA QUE PERMANECE
Em Redesígnios, o que sobra da natureza se torna matéria de reconexão. Madeira que um dia foi árvore, parafusos outrora úteis, pedaços de vidro ou corda agora ocupam o espaço como presenças cheias de intenção. O artista esculpe principalmente aves — algumas reconhecíveis, outras inventadas — como modo de evocar a leveza e o espanto diante do que ainda insiste em existir.
A exposição propõe uma relação menos apressada com o mundo. Os trabalhos sugerem uma espécie de pausa, na qual o tempo de observar é tão importante quanto o tempo de criar. Há também um convite implícito a rever os nossos critérios de valor: o que merece ser descartado? O que ainda pode viver de outro modo?
NA NATUREZA, NADA SE CRIA, TUDO SE TRANSFORMA
Redesígnios nasce do encontro entre intuição e escuta da matéria. Cada peça é criada a partir da forma já existente na madeira coletada, respeitando suas curvas, falhas e texturas naturais — que não são corrigidas, mas acolhidas como ponto de partida.
Mais do que estética, há aqui uma dimensão prática de responsabilidade ecológica. Toda madeira utilizada já foi descartada por outros usos e, ao ser transformada em escultura, mantém o carbono que havia sido absorvido pela árvore em vida. Ou seja, essas obras não apenas evitam o desperdício — elas atuam diretamente na retenção de CO₂, retardando sua liberação na atmosfera.
É a arte como abrigo do carbono. Um gesto silencioso, mas ambientalmente eficaz, que ressoa com o tempo lento e transformador da própria natureza.
O ARTISTA
Marcos Pimentel é natural de Carmo do Cajuru (MG) e iniciou sua trajetória nas artes ainda na infância. Autodidata desde sempre, começou criando peças em macramê com o irmão e, mais tarde, passou a explorar também a música, desenvolvendo habilidades com
instrumentos de corda e sopro. A escultura surge como uma terceira linguagem — silenciosa, mas não menos expressiva.
Seu trabalho é guiado por uma ética do reaproveitamento e uma sensibilidade voltada ao que é esquecido, invisível, deixado de lado. Com forte ligação com o território mineiro, Marcos participa de feiras e eventos desde os anos 1980, construindo uma trajetória consistente à margem do circuito tradicional.
Algumas participações recentes incluem:
● 34º Inverno Cultural – UFSJ – São João Del-Rei/MG – 2023
● FLAC – Feira Livre de Arte Contemporânea – 2023
● Arca Amaserra – Belo Horizonte/MG – 2023
● Feira de Carros Antigos – Divinópolis/MG – 2020
● Feira Hippie – Praça da Liberdade – Belo Horizonte/MG – 1983 a 1988
SEQUESTRO DE CARBONO
A mostra permanece em cartaz por 30 dias na Casa de Cultura Cássia Afonso de Almeida, com entrada gratuita. As esculturas serão apresentadas em suportes de cerca de 75 cm, favorecendo a acessibilidade visual a públicos diversos — inclusive crianças e idosos.
A exposição contará com ambientação silenciosa e iluminação dirigida, desenhada para evidenciar as formas e texturas das peças, incentivando uma fruição contemplativa.
Além do caráter artístico, cada obra carrega uma função ambiental concreta: por se tratar de madeira reaproveitada, a escultura atua como reservatório de carbono, evitando a liberação do CO₂ que seria devolvido à atmosfera caso esse material fosse queimado ou se decompusesse em descarte comum. A retenção do carbono se soma, assim, ao gesto poético de transformação, ampliando o impacto positivo da obra.
Ao término da mostra, quatro esculturas serão doadas ao município, passando a compor o acervo público e garantindo que a proposta continue reverberando em outros espaços.
A DIMENSÃO AMBIENTAL COMO AÇÃO, NÃO COMO TEMA
Em Redesígnios, a questão ecológica não está no discurso, mas no próprio gesto de criação. O reaproveitamento da madeira mantém, fisicamente, o carbono fixado, transformando cada peça em um pequeno agente de resistência ao colapso climático.
Arte que não apenas representa o mundo natural, mas que o protege — na prática.
SERVIÇO
● Exposição: Redesignios, de Marcos Pimentel
● Local: Casa de Cultura Cássia Afonso de Almeida – R. Guaraciaba Passos, 528. Mateus Leme/MG.
● Abertura: 17 de maio, 19h
● Horário de visitação nos demais dias: 14h às 18h
● Duração da exposição: 30 dias
● Entrada: Gratuita
● Instagram: @marcos73.pimentel
Foto: Domitila Vitória
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