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Grupo Galpão utilizará a ferramenta da audiodescrição para inclusão de deficientes visuais, nas sessões do espetáculo “Nós”, em BH.

O Grupo Galpão realiza durante a temporada do espetáculo, “NÓS”, sessões de audiodescrição nos dias 8 (domingo), às 19h, e 12 de maio (quinta-feira), às 21h, no Teatro Wanda Fernandes do Galpão Cine Horto (Rua Pitangui, 3413, Sagrada Família). As duas sessões também serão abertas ao público em geral. O valor do ingresso para todos os públicos custa R$40 e R$20 (meia-entrada). Segundo Webster Moreira, cofundador da SVOA, empresa que está implantando a audiodescrição em parceria com a companhia, “o ato de pagar o ingresso faz o deficiente se sentir incluído em todas as etapas da experiência teatral”.

 

Audiodescrição

A ferramente de inclusão – audiodescrição - é realizada por meio de uma narração extra, adicionada aos intervalos entre os diálogos, sonoplastias e trilhas relevantes, de modo a não sobrepor às informações sonoras que são fundamentais para construção do sentido da cena. Por meio da audiodescrição, no decorrer espetáculo, são apresentados detalhes visuais como figurinos, indicação de tempo e espaço, características físicas dos personagens, dentre outros, permitindo que os espectadores com cegueira ou baixa visão possam ter acesso a importantes informações para a compreensão da obra.

 

Em meio a uma infinidade de estímulos e elementos a serem contemplados, já é quase lugar comum dizer que vivemos em um período de hegemonia das imagens. Neste contexto, ter algum tipo de deficiência visual potencialmente significa uma enorme privação, um comprometimento drástico da nossa relação com o mundo e com nossas possibilidades de gozar a vida, as paisagens, os produtos culturais e informativos. Somente no Brasil, 6,5 milhões de pessoas declararam no último senso ter “grande dificuldade ou nenhuma capacidade de enxergar” (IBGE, 2010).Assim, sem as ferramentas de inclusão, os espectadores que não processam a imagem, ou a conhecem restritamente, ficam privados de informações cruciais pra a interação como expressões faciais, gestos, posturas, características físicas de personagem, cenário e figurinos.

 

A audiodescrição desempenha, pois, um importante papel social, democrático e educacional. Por meio dela, informações visuais são descritas de modo a ampliar as possibilidades de interação desta parcela da população com as imagens,preenchendo as lacunas de acesso existentes no processo fruição de produtos culturais e informativos. Propiciando uma maior interação destes indivíduos, o uso da audiodescrição por empresas e equipamentos culturais e educacionais garante não só uma maior inserção social desta parcela da população, mas também a diferenciação e destaque no mercado ao abrir novas possibilidades de interação com seus clientes e parceiros. Além disso, explica Webster Moreira, “a audiodescrição possibilita o exercício do processo educacional com relação à inclusão, tanto para os deficientes visuais quanto para os videntes, que ainda não possuem repertório suficente para acolher e colaborar com esse público”.

 

SVOA: Acessibilidade e audiodescrição para pessoas com deficiência visual 

Promovendo a autonomia e a inclusão de pessoas com deficiência visual, o SVOA atua na audiodescrição de produtos audiovisuais, peças de teatro, exposições, museus, eventos esportivos, sociais, empresariais e acadêmicos, além de ministrar palestras, cursos e workshops sobre o tema. Oferecendo a nossos clientes ferramentas de acessibilidade que possibilitem a inclusão de pessoas com deficiência visual, trabalhamos com excelência no desenvolvimento de roteiros, locuções e mixagens de audiodescrição que se adequem à dinâmica de cada produto.

 

Contando uma equipe técnica qualificada e experiente, que atua no mercado desde 2011, o SVOA tem suas bases na pesquisa sistêmica de linguagens para a audiodescrição, o que nos privilegia na construção de uma ferramenta de acessibilidade que seja efetiva para nossos clientes. Ao solicitar um projeto, além de roteiristas em audiodescrição com mestrado e doutorado na área, o cliente tem à sua disposição um consultor com deficiência visual especializado e um locutor de audiodescrição capacitado para oferecer soluções para cada necessidade.

 

Espetáculo “NÓS”

“‘NÓS’ somos nós, esse coletivo que caminha para seus 34 anos de existência e nós, seres humanos e artistas de teatro para lá dos cinquenta, com suas perplexidades, questões, angústias, algumas esperanças e muitos nós”, explica o ator Eduardo Moreira, sobre o que o público pode esperar do novo trabalho do Galpão. Em cena, Antonio Edson, Chico Pelúcio, Eduardo Moreira, Júlio Maciel, Lydia Del Picchia, Paulo André e Teuda Baracelebram a vida enquanto preparam a última sopa e debatem, sob um prisma político, questões do mundo contemporâneo – a intolerância, a violência, a diversidade, a convivência com a diferença.

 

Em cena, noções de proximidade e convivência. Proximidade entre ator e espectador, cena e plateia, ator e personagem, ser-social e ser-poético, realidade e ficção. Convivência entre diferenças, onde o outro dá a dimensão da nossa existência. Pontes entre teatro, performance, música e literatura. E, ainda, entre as dimensões do que é privado e o que é público, do que está dentro e do se apresenta fora. “NÓS” propõe uma encenação que afirma a convivência com o público, no momento da apresentação, como elemento dramatúrgico, e ao mesmo tempo, sua presença, como ato criativo.

 

Para chegar nesse resultado, tudo começou em 2014, quando Marcio Abreu foi convidado para a direção de“NÓS”. Na época os atores se entregavam a exercícios solo, com o objetivo de contemplar desejos individuais e criar alternativas para um projeto coletivo. O diálogo e o confronto entre o coletivo e os anseios de cada artista se manifestavam de maneira urgente, num grupo de atores com mais de três décadas de convivência artística diária.

 

Assim que começaram os ensaios em agosto de 2015, o diretor foi indagado sobre que tipo de espetáculo vislumbrava construir em parceria com o Galpão. A resposta foi direta e precisa: “um trabalho político”. Segundo o artista carioca, responsável pela direção de produções recentes como “Krum” e “projeto brasil”, ambos realizados em 2015 com a companhia brasileira de teatro, “o Galpão é um dos primeiros grupos de trabalho continuado, com patrocínio em longo prazo, planejamento, turnês internacionais e circulação por todo país”, e acrescenta: “em tanto tempo de estrada, o Grupo criou um centro cultural, o Galpão Cine Horto, onde muita gente se forma e se recicla, onde festivais acontecem, espetáculos de toda parte se apresentam, artistas se encontram, ideias são fomentadas e reverberam na cidade de Belo Horizonte e pelo Brasil afora. Por tudo isso, assumiu uma dimensão política e hoje  pertence ao imaginário teatral brasileiro como uma referência”.

 

Esse desejo essencial norteou a elaboração de uma dramaturgia própria, criada a partir de improvisos, tomando como tema a reação do coletivo de atores diante das pressões exercidas pelo mundo sobre cada um deles. Durante o processo, foi experimentado o significado de estar dentro e ser colocado para fora e vice-versa. Situações intimamente conectadas à utopia de se conviver com as diferenças, sem que fossem emitidos juízos de valor. 

 

Os atores mergulharam ainda em diversas leituras de textos contemporâneos, como “Programa de Televisão” de Michel Vinaver e “Ódio à Democracia” de Jacques Rancière, entre outros. Marcio provocou questões que foram fundamentais para definir qual caminho seguir na estruturação do texto e da encenação: “o que podemos fazer juntos?” e “de que maneira respondemos ou reagimos ao mundo como ele nos chega hoje?”, perguntas às quais sempre recorria no decorrer dos ensaios.  Para o diretor, “buscar uma abordagem política num trabalho de criação é pensar não só no que dizer, mas como dizer, e nesse sentido, a forma dos textos é tão fundamental quanto o conteúdo. Assim podemos encontrar uma zona de diálogo mais intenso entre nós e entre nós e o mundo lá fora”.

 

Nesse contexto, a criação teatral seria um ato de pura incompletude, em que se faz necessário recomeçar sempre, mesmo que não se saiba nem como, nem por quê. “Obstinado como o próprio “fazer teatral”, ofício de que não desistimos nunca e continuamos em frente, mesmo que os tempos pareçam demasiado sombrios. Ato pelo qual esperamos sempre reafirmar que seguimos vivos, ato de reinvenção”, completa, Eduardo Moreira.

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