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Maria Rezende promove recital e lança o livro “Carne do Umbigo”, dia 13 de maio, no Sesc Palladium, em Belo Horizonte
A poesia muitas vezes assusta, como se fosse inatingível para o leitor, e a poesia falada se revela simples em sua sofisticação. Maria Rezende tem como marca registrada comunicar com emoção, revelando um olhar para o mundo muito particular e ao mesmo tempo universal. Foi pensando justamente em oferecer ao público uma experiência diferente por meio de seu trabalho que a multiartista criou o formato de recital, reunindo várias de suas vertentes artísticas. A proposta é que as pessoas conheçam o trabalho de Maria Rezende por meio de uma experiência que trafega livremente entre a poesia falada, a interpretação e a projeção de vídeo-poemas. A artista começou a dialogar com videos há bastante tempo e possui um canal no Youtube (www.youtube.com/mariadapoesia), possibilitando ao público perceber e conhecer uma outra camada criativa para seus poemas. Neste canal, Maria Rezende desenvolve duas linhas distintas: os videos de seus poemas, que às vezes são mais artísticos, com imagens editadas e música, e às vezes são bastante simples(apenas ligando a câmera e falando diretamente para a lente), e tem a linha que ela batizou de "Admirada", onde apresenta o trabalho de poetas que admira, sem nenhuma edição, apenas falando para a câmera e resgatando sua porção dizedora de poesia.
Para o recital na capital mineira, Maria Rezende preparou uma seleção que incluiu não apenas os seus proemas, mas também algumas obras de seus poetas mineiros preferidos. “Uma história curiosa é que eu aprendi a dizer poesia dos outros antes de começar a escrever as minhas - na escola que a Elisa Lucinda possui , voltada para ensinar a poesia falada aqui no Rio. O primeiro poema que eu disse na vida foi "O caso do vestido", do Drummond, uma ousadia tremenda porque é um poema enorme e dramático e eu era uma menina de 19 anos na época! Até hoje é dos meus poemas preferidos e eu vou apresentá-lo no recital, além de um poema da Adélia Prado e de duas poetas contemporâneas minhas, a Ana Elisa Ribeiro e da Ana Martins Marques, que eu amo!” – define Maria Rezende.
Além do recital, Maria Rezende também fará o lançamento do livro, Carne do Umbigo, logo após sua apresentação, acompanhada de uma sessão de autógrafos.
Carne do Umbigo
A poeta carioca Maria Rezende lança Carne do Umbigo, seu terceiro livro. Aos 36 anos, com mais de dez de vida literária, Maria expressa nesse livro a maturidade de quem viveu amores e perdas, aprendeu a se reconhecer e redescobrir. Os poemas têm a intensidade característica de sua obra, ganhando agora um novo peso. De olhar misterioso, pensamento plural e vísceras expostas, Maria celebra improváveis casamentos: fossa e esperança, lirismo e dureza, tristeza e graça.
A palavra falada é um dos pilares da poesia de Maria Rezende. Seus livros anteriores, Substantivo Feminino(2003) e Bendita Palavra (2008), foram lançados acompanhados de cds em que ela diz os poemas, e receberam elogios de nomes como Ferreira Gullar e Martha Medeiros. "É poesia substantiva mesmo. A mulher inteira dentro das palavras. Poesia é fenômeno de linguagem do que de idéias. Isso você sabe. Sendo assim, você é poeta", elogiou Manoel de Barros sobre seu livro de estreia. Já o escritor Marcelino Freire, diz na orelha de Carne do Umbigo: "Tua poesia, mulher, me faz caminhar. Sem peso, sou depois dela, para a eternidade, um outro sujeito. Minha costela, meu esqueleto. Eu te mando meus ossos por completo. Toda vez que te ouço recitar teus versos. Eu fico bambo, bobo. Fico elétrico. Eu leio a tua voz em cada verbo, vértebra. Você deixa a minha alma aérea, além. Eu te mando meus calcanhares também, para você pisar. Fico de joelhos diante de tanta força. Esta tua poesia que não quer o pedestal. Não deseja aparecer. Chega simples, como tem de ser."
Longe de levantar qualquer bandeira, Carne do Umbigo capta um inconsciente coletivo pulsante do feminino. 'Pulso Aberto', poema inspirado na obra de Eduardo Galeano, fala diretamente sobre o tema: 'Somos as que sangram sem ferida, somos deusas e escravas há mil gerações'. Em 'De iluminar continentes' ela fala de amor de forma despudorada: 'Seu nome me despenteia, suja minhas unhas, me perverte o rosto'. 'Desnecessária' questiona o amor das músicas de rádio, em que cada um precisa do outro para viver: 'Que você não precise de mim, que você viva bem, casa boa, grana, amigos, e que você me queira, por nada, por tudo, porque sim". Em 'Noturno' ela assume que a queda é inevitável: 'Todo o tempo do mundo em que se amou alguém vai doer um dia, cada palavra, cada segundo', e em 'Fissura' se debruça sobre as ressacas afetivas: 'Eu guardo uma dor entre as costelas pra doer só à noite, quando eu deito de ladinho. Entre as costelas e no sexo, explodindo em soluços toda vez que eu toco o céu'. Numa ode ao inusitado da vida, 'Não vai ser fatal' brinda o leitor com versos como 'No meu coração a esperança sacode fitas coloridas, meu coração é Olimpíadas e meninas de malha justa em saltos perigosos e belos'.
O título do livro vem da ideia de cura que todos carregamos em nós mesmos, que ganhou corpo com as terapias com células tronco, e flerta ainda com o conceito de maternidade e de mergulho interior. Contemporâneo e cotidiano, Carne do Umbigo é o dia-a-dia - talvez mais as noites do que os dias. É a sofisticação literária que vem da simplicidade.
Sobre Maria Rezende
Maria Rezende é poeta, atriz e montadora de cinema e televisão. Aprendeu a dizer poemas aos 18 anos com a poeta e atriz Elisa Lucinda, e antes de começar a escrever seus próprios poemas participou de recitais da obra de grandes poetas de língua portuguesa, recebendo elogios de nomes como Manoel de Barros e José Saramago. Em 2003 lançou seu primeiro livro, Substantivo Feminino, e de lá para cá se apresentou com sua poesia por todo o Brasil e também em Portugal. Em 2008 publicou Bendita Palavra, e seis anos depois lança Carne do Umbigo, sua obra mais forte e ousada.
Como montadora tem no currículo os filmes "Ponte Aérea" (2015), "Meu passado me condena" (2013),, "Totalmente inocentes" (2012) e os ainda inéditos "Meu passado me condena 2" (junho/2015) e "To Ryca" (outubro/2015), além de sete curta-metragens. Na televisão montou diversas séries para o GNT ("Questão de Família", "Os homens são de Marte e é pra lá que eu vou"), Multishow (“Acerto de Contas”, “Meu Passado me Condena”, “Morando Sozinho”, “Cara Metade”), Canal Brasil (“Procurando Quem?”) e TV Brasil (“Natália”). Além disso, nove longas do cinema nacional tiveram seus making ofs dirigidos, produzidos e montados por Maria.
Paralelamente à vida literária e cinematográfica, Maria ganhou recentemente mais uma profissão: a de celebrante de casamentos. A função, que ela já exerce informalmente há dez anos, em casamentos de amigos, acabou virando trabalho, e hoje ela realiza cerimônias personalizadas e cheias de poesia, desde o "estamos aqui reunidos" até o "pode beijar a noiva".
Foto: Divulgação
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