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Um dos mais importantes escritores russos de todos os tempos, Antón Tchékhov foi também um dramaturgo original, capaz de tocar a alma, desafiar a consciência e provocar a reflexão do público, de modo a influenciar a evolução dos contos modernos. Um de seus textos, “Ivanov”, ganhou releitura do grupo cearense TeatroMáquina. O espetáculo estreia em Belo Horizonte no dia 9 de maio, no Galpão Cine Horto – e permanece em cartaz até o dia 11. Com direção de Fran Teixeira, a peça conta com entrada gratuita. Após a apresentação do dia 10 de maio, será realizado um debate sobre a peça. Na ocasião, o público poderá participar e trocar ideias com os atores e a equipe de produção. O projeto é uma realização do Teatro Máquina, Ministério da Cultura e Governo Federal, e tem patrocínio da Petrobras, através da Lei de Incentivo à Cultura.

Ivanov conta a história de um homem ensimesmado com seus conflitos interiores. Exposto ao amor da esposa doente e à paixão fulminante da jovem Sasha,Ivanov, inerte e sem fé, ocupa-se com descrições frias dos acontecimentos. Conversas vazias e diálogos sobrepostos criam o clima de não-comunicação e renúncia que deflagram a decadência da aristocracia rural e antecipam a atmosfera revolucionária russa da virada do século XIX.

A montagem do Teatro Máquina coloca Ivanov diante de sua floresta devastada e de uma realidade desesperada. Sua renúncia à vida atualiza o dramatchekhoviano, para refletir sobre a atualidade. A diretora do espetáculo, Fran Teixeira, explica que a encenação do grupo desenvolve as investigações já em curso sobre práticas de não-representação, demonstração, desdramatização e exame de situações. “Para o desenvolvimento desse trabalho, realizamos trocas com grupos do interior do Ceará, como o Arte Jucá, de Arneiroz e Oficarte, de Russas, e com o grupo paraibano Piollin, a fim de encontrar co-criadores e fomentar encontros entre grupos, numa ação de intercâmbio artístico”, completa.

Teatro Máquina

Grupo de Fortaleza, no Ceará, o Teatro Máquina é um coletivo que se reúne diariamente para pensar e praticar formas de se manter juntos. Os integrantes investigam o corpo e a presença, o gesto em sua decupagem, além da palavra como imagem. Seu trabalho orienta-se por construir e sistematizar princípios formais de composição, explorando o gesto (em sua construção, definição e separação) e a noção expandida de narração (como contraponto aos elementos dramáticos).                

A linguagem narrativa, os aspectos épicos e os diferentes modelos de composição gestual e vocal são testados e revistos continuamente. As oficinas e residências, frequentemente ofertadas, permitem desenvolver, elaborar e compreender os processos criativos, à medida que são compartilhados. O grupo tem procurado trabalhar em três frentes convergentes: a formação, a produção e a ação política.       

Em um trabalho contínuo de criação de espetáculos, realização de temporadas, participações em festivais e mostras, o grupo Teatro Máquina, principalmente, a partir de 2008, aprofundou os processos criativos e as trocas com outros artistas e grupos, tornando-os sistemáticos. Os artistas dedicam-se, também, à articulação em rede com grupos de teatro da cidade de Fortaleza, do interior do Ceará e demais cidades do Brasil, integrando um circuito de discussões políticas acerca de ideias e práticas que norteiam o teatro de grupo.

Entre os festivais de que o grupo já participou, estão Edinburgh Fringe Festival (2013), o FIT Rio Preto – Festival Internacional de Teatro (2013), Festival Cena Brasil Internacional do Rio de Janeiro (2012), Zona de Transição – I Festival Internacional de Artes Cênicas do Ceará (2012), VII Festival de Teatro de Fortaleza (2012) e Porto Alegre em Cena (2010). “Ivánov” intregou a lista “Os Melhores Espetáculos na Seleção de BRAVO!” (2011) e o Projeto de montagem contemplado pelo Programa Eletrobras de Cultura (2010).