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“Famalé”: diálogos musicais entre áfricas e brasis
Uma parceria entre os selos musicais Teranga Music e Sonhos & Sons lança no mercado fonográfico o inusitado álbum que reúne o músico e griot senegalês Zal Sissokho com os mineiros Marcus Viana e Sérgio Pererê
No dia nove de maio (sábado), o Grande Teatro do Sesc Palladium recebe o show de lançamento do CD “Famalé”, que reúne o músico e griot senegalês Zal Sissokho e os mineiros Sérgio Pererê e Marcus Viana, acompanhados de banda. O show de repertório do disco apresenta um diálogo musical além mar pela diáspora do Atlântico Negro, unindo as tradições africanas às do Brasil em temas de autoria dos três compositores. Após o lançamento na capital mineira, o trio já tem agenda marcada para realizar shows na África, em Moçambique, Suazilândia, África do Sul e algumas cidades do Canadá, onde reside Zal.
No palco, os músicos serão acompanhados por Daniel Guedes (percussões), Rafael Elói (contrabaixo), Richard Neves (teclado e vocais), Everton Coroné (sanfona), Pablo Dias (cavaquinho), Raquel Coutinho, Eda Costa e Vanessa Duarte (vocais).
Sobre o disco
“Famalé”, em língua mandingo significa o esforço feito por quem busca realizar um sonho. Noutra tradução, “Famalé” é ainda o sincretismo sonoro que rompe o Atlântico Negro, unindo uma parte do continente africano ao Brasil, a maior diáspora africana do mundo. Através de composições dos três artistas, nas línguas portuguesa, francesa, inglesa, espanhola, wolof e mandingo, o resultado é uma comunhão de culturas. Os três artistas, em particular, são tocadores de instrumentos de cordas: Zal na kora, espécie de harpa milenar africana feita a partir duma cabaça; Marcus Viana, exímio violinista e também tocador de rabeca, violoncelo entre outros; e Pererê, que adotou como fiel companheiro o charango andino. São harmonias particulares que se reúnem, do som atemporal de Zal que remete ao império do Mandiga, que encontra a cultura ibérica e fortes referências ocidentais com Marcus Viana para aportar e ganhar terreno fértil nas Minas Gerais que revelou um criador singular como Sérgio Pererê, que reúne a afrobrasilidade ao barroquismo. “Famalé” apresenta francos diálogos de ritmos milenares de encontro ao samba, blues, reggae, forró, dentre outros para resultar um álbum de world music. O disco traz canções inusitadas, como um samba cantando em língua mandinga, assim como “Afrorró”, em que pandeiro, rabeca e kora fazem uma festa em comunhão multicultural, fatos pioneiros para a experiência fonográfica brasileira. Entre as músicas, também destacam-se “África, minha África” (Afrique, mon Afrique), inspirada em poema homônimo do poeta franco-senegalês David Diop e traduzido por Leo Gonçalves acolhido em música composta em homenagem a Nelson Mandela, assim como “La Parole du Griot”, a partir de texto do griot Djeli Mamadou Kouyatê, ambas compostas por Zal Sissokho e que traz textos recitados por Ibrahima Gaye. Em “Filho de Odé”, Sérgio Pererê saúda o orixá senhor das matas e da comunhão, Oxóssi, e em “João e José”, revela-se “um blue que mistura o preto velho daqui com do Mississipi e o griot africano”, como bem diz Pererê. Marcus Viana assina “Famalé”, faixa que melhor sintetiza o que oferece o álbum nas 14 faixas, um linda, a tocante “Lamentos dos povos esquecidos” e divide com Zal a instrumental e romântica “Geny”.
Mais que escutar as cordas do trio, Famalé é um disco para sentir o que guarda séculos da tradição oral das cordas e canto de Zal Sissokho (kora), um legítimo griot de uma linhagem secular, à criação musical de dois ícones distintos de Minas Gerais: Marcus Viana, músico que reúne na sua trajetória experiências entre o popular e o erudito e tido com um dos principais autores contemporâneos de trilhas para TV e Cinema com reconhecimento internacional, e Sérgio Pererê, multinstrumentista e cantor singular, um dos principais compositores da sua geração.
Com arranjos coletivos de Zal, Pererê e Viana, o disco ainda conta com as participações de Raquel Coutinho (voz, kalimba e percussão corporal), Daniel Guedes (percussões), Rafael Elói (contrabaixo), Carine Corrêa (teclado e vocais), Everton Coroné (sanfona), André Sampaio (violão de aço), Pablo Dias (cavaquinho), Evandro Lopes (programação eletrônica) e Vanessa Duarte (vocais).
“Famalé” é uma co-produção dos selos musicais Teranga Music, iniciativa lançada com esse trabalho e criada pelo produtor senegalês Ibrahima Gaye e o músico e produtor baiano Geo Cardoso, e Sonhos & Sons, criado e coordenado por Marcus Viana.
Com direção de Daniel Ferreira, da produtora audiovisual Café Pingado Filmes, foram produzidos dois videoclipes das músicas “Yalla” e “Eu vou lá”.
Sérgio Pererê, Zal Sissokho e Marcus Viana
Esse encontro inesperado surgiu a partir da vinda do músico senegalês Zal ao Brasil em 2013 para apresentar-se ao lado de Sérgio Pererê, Mauricio Tizumba, Robertinho Silva e outros artistas em evento no Teatro Rival, no Rio de Janeiro dentro das celebrações da 10ª edição da Festa de Independência do Senegal.
Descendente de umas das principais linhagens de griots africanos, os Sissokhos, Zal figura entre os maiores tocadores de kora na atualidade. Residindo no Canadá, nos últimos anos Zal tem vindo com regularidade ao Brasil e estabelecido conexões com a cultura e artistas brasileiros, entre eles Pererê, com quem iniciou as parcerias nas composições para “Famalé” ainda no Rio. Os três artistas assinam a direção e arranjos musicais, acompanhados pelo engenheiro de som Evandro Lopes, do estúdio Sonhos & Sons. Marcus Viana revela o clima em que se deu essa grata parceria que resulta “Famalé”: “Tenho uma relação singular com Pererê, que me convidou para esse trabalho. Ele e Zal chegaram aqui e disseram ‘a gente vai fazer e você entra como bem quiser’. Uma generosidade extrema. Quem faz isso assim? Eles gravaram, montaram um CD e confiaram em mim. Ou seja, começou por aí com essa grande generosidade artística”.
Teranga Music – Sons do Atlântico Negro
O selo foi criado para reestabelecer os laços das matrizes musicais do continente africano com os países da diáspora negra, o TERANGA MUSIC surge com a proposta de promover a cooperação, coprodução, interação e circulação de cantores, compositores, instrumentistas e DJs. Estabelecer encontros, trocas de conhecimento e experiências entre artistas e grupos é caminho que o TERANGA propõe trilhar para reforçar os valores estéticos que as raízes africanas através de séculos de mestiçagem cultural guardam na musicalidade de seus criadores. O selo nasce no Brasil, na cidade de Belo Horizonte, por iniciativa de Ibrahima Gaye e Geo Cardoso - um cônsul honorário do Senegal em Belo Horizonte e o outro músico e produtor cultural baiano, respectivamente – e já conta com a participação de artistas de diversos estados brasileiros, do Senegal, Mali, Moçambique, além de países da afrodiáspora.
Com olhares atentos para o fluxo e o refluxo da produção musical do Atlântico Negro, o TERANGA inicia uma rede de difusão musical através de um circuito cooperado para circulação de shows e a compilação de discos de coletâneas de artistas de diferentes nacionalidades e estilos musicais em parceria com gravadoras e selos fonográficos. Link: www.facebook.com/terangamusic
Sonhos & Sons
Criado e coordenado por Marcus Viana, o selo Sonhos & Sons possui um estúdio de gravação onde é realizada a grande maioria dos trabalhos de seu idealizador, como os álbuns do grupo Sagrado Coração da Terra, discos solos, trilhas sonoras para cinema e televisão, além de projetos especiais e trabalhos de outros artistas. O selo ainda oferece a distribuição fonográfica física e digital: Saiba mais www.sonhosesons.com.br
Foto: Divulgação
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