Notícias
Neste sábado, 20 de abril, acontece, em BH, a reinauguração da Casa Camelo e abertura da exposição “Trabalhar Cansa”
A mostra reúne obras de oito artistas de diferentes linguagens e suportes como pintura, instalação, desenho, gravura, fotografia, vídeo, performance e será realizada na atual sede da Casa Camelo, no bairro Sagrada Família, das 14h às 22h
Localizada em um novo espaço, no bairro Sagrada Família, a Casa Camelo reabre ao público neste sábado, 20 de abril, das 14h às 22h, com a inauguração da exposição “Trabalhar Cansa”, composta por obras de oito artistas. Com curadoria de Luiz Lemos e a presença de artistas multidisciplinares que organizam discursos visuais em torno do trabalho e do trabalhar, a mostra ficará em cartaz até o dia 11 de maio. A nova sede da Casa Camelo possui mais de 270 m² e amplia suas atividades com exposições gratuitas, cursos, oficinas, palestras e eventos diversos organizados em parcerias com artistas, curadores, professores e pesquisadores das artes visuais. As obras podem ser vistas gratuitamente na nova sede até o dia 11 de maio.
Segundo Luiz Lemos, sócio do espaço ao lado de Eloá Mata, o título da mostra foi inspirado no filme homônimo “Trabalhar Cansa”, de Juliana Rojas e Marco Dutra, a fim de nortear a somatória de discursos desses oito artistas que observam e se aproximam de questões relacionadas ao trabalho e aos ofícios. “Assisti ao filme ‘Trabalhar cansa’ (2011) há mais de uma década e sempre que converso ou penso nas lógicas de trabalho, o roteiro do filme me vem à cabeça: o desespero do desemprego, as situações bizarras vividas pelas famílias em diversos aspectos e as incoerências das relações entre patrões, empregados e a reprodução de um sistema fracassado que afeta a todos. Trabalhar cansa muito”, conta Luiz.
Em um nítido processo de crítica, elogio e denúncia, a exposição “Trabalhar Cansa” explora camadas do ato de se desenvolver um ofício. Os artistas que compõem a mostra são Arado, coletivo formado por Luís Matuto e Bruno Brito, que estão criando uma parede de cartazes em elogio e denúncia aos processos de trabalho; Camila Lacerda, que apresentará uma coletânea de pinturas que reelaboram o olhar sobre fachadas de comércios e seus modos de comunicação manual; Dayane Tropicaos, colocando em evidência uniformes de trabalhadores somados à frases poéticas e críticas; Esther Az, que dedica-se às suas tecnologias para descanso com obras que interpretam o direito ao lazer e ao ócio.
A artista Érica Storer apresentará um complexo e impactante vídeo no qual pessoas estafadas sucumbem a crises no ambiente de trabalho; Luiz Lemos mostrará ferramentas manuais atualizadas em luz neon que destroem a função do objeto de trabalho; Marcel Diogo apresentará uma série de trabalhos feitos com faixas de comunicação para denunciar as diferenças entre situações e tratamentos dados a trabalhadores e aos corpos marginais; e Shima vai expor vídeos, fotografias e pinturas que tratam do tempo, do envelhecimento e de códigos do trabalho.
Em sua instalação “Tecnologia para descanso”, Esther Az apresenta um trabalho realizado por ela e seu pai, João Batista de Azevedo, mestre de obras aposentado, que mostra a montagem de andaimes para servirem de sustentação para duas redes. Esse trabalho, que nasce da junção de opostos (objeto de trabalho braçal mais objeto de repouso) tem como coração o desejo forte de que os corpos dos trabalhadores possam também aprender o descanso como tecnologia de afirmação da vida.
A obra de Camila Lacerda apresenta um conjunto de pinturas sobre fachadas de casas e de comércios. A artista utiliza tinta de parede (látex) sobre as pinturas, material que também é utilizado para dar cor às construções arquitetônicas. “Meu trabalho também conta com pinturas feitas em telas de massa de cimento, material comum na construção das fachadas/faces dessas casas e comércios. Nesses trabalhos, algumas das minhas principais referências são Tarsila do Amaral, Volpi e Anna Mariani”, relata.
Sobre a Casa Camelo
Após sete anos de intervalo, a Casa Camelo, inaugurada em 2011 por Luiz Lemos e outros seis artistas nos corredores da Escola de Belas Artes da UFMG como um ateliê coletivo que habitou o espaço até 2017, retoma agora suas atividades artísticas e culturais. Em sua antiga sede, no bairro Santa Efigênia, os artistas e organizadores realizaram inúmeros eventos com participação de centenas de artistas de projeção no cenário brasileiro como exposições, feiras de arte e cursos para diversos públicos. Durante esse período, a Casa Camelo tornou-se um projeto, atuando em parceria com outros espaços e instituições.
Outro destaque das ações organizadas pelo projeto é o Festival Casa Camelo de Arte Contemporânea, evento realizado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de BH e que já está em sua quarta edição. “A Casa Camelo, que tem como intuito ser uma espécie de âncora para experimentações artísticas, eventos que mobilizam e movimentam o cenário das artes na capital mineira e discutam temas de relevância para a comunidade, está com uma programação intensa que visa movimentar o cenário das artes visuais em Belo Horizonte”, destaca Luiz Lemos.
Mini-bios dos artistas
Arado é um estúdio criativo focado na pesquisa e na divulgação do imaginário popular brasileiro, sobretudo o rural. Por meio de projetos autorais e comissionados, divulgam elementos que ajudam a compreender a formação cultural do Brasil.
Camila Lacerda reside e trabalha em Belo Horizonte. É mestre em Teorias e Práticas Artísticas pela UEMG (UFMG), pós-graduada em Jornalismo Cinematográfico pelo Centro Universitário UNA e bacharel em Artes Plásticas pela Escola Guignard. Atualmente é representada pela Galeria Mitre. Participou de exposições individuais e coletivas com trabalhos de diversos gêneros como pintura, instalação, performance, fotografia e vídeo no Brasil e no exterior, além de participar de residências. É uma das organizadoras do projeto “Feminino no Feminino” e de seu evento "Portas Abertas" dos ateliês de mulheres de Belo Horizonte.
Dayane Tropicaos é artista visual e iniciou sua carreira produzindo vídeos e fotografias, buscando diálogo com a cidade de Contagem (MG), onde nasceu e desenvolveu seus primeiros trabalhos. Além da produção de obras, a artista tem como objetivo questionar o lugar da arte na sociedade, criando propostas para espaços fora das galerias por acreditar que a arte pode ser vivenciada também na rua e em espaços comuns. Em seus trabalhos, Dayane investiga a ficção do eu e do agora usando a fotografia, o vídeo e a instalação como linguagens e suportes.
Eloá Mata é pós-graduada – MBA em Gestão de Projetos pelo Centro Universitário Estácio, de Santa Catarina (RS), formada em Educação Artística com habilitação em Artes Plásticas pela Escola Guignard – UEMG. Trabalhou por sete anos no projeto Valores de Minas e depois seguiu sua trajetória profissional como autônoma, atuando em diversas produções culturais como festivais, exposições artísticas, peças teatrais, oficinas e cursos.
Érica Storer é artista visual e educadora. Sua pesquisa poética transita entre a tradição da performance de longa duração, do vídeo e da instalação como uma estratégia de criar ficções e constranger os acordos entre a ética neoliberal e o trabalho cognitivo contemporâneo. Entre as exposições que participou, destacam-se as mostras individuais "Trabalho para deixar o tempo imprestável", na 33ª
Programa de Exposições do CCSP (2024); e “Como fazer um buraco em uma pedra com uma colher”, no Museu Paranaense, Curitiba- PR (2021).
Esther Az é artista visual e ilustradora. Natural de Contagem (MG), é formada em Artes Visuais, integrou o coletivo Casa Camelo e, das mostras que participou, destacam-se a exposição “Má” (Espaço Cultural Sesiminas), “Residência Entre Nós” (OÁ Galeria), “A memória parada acerta três vezes ao dia” (BDMG CULTURAL). A multiartista tem como intuito desenvolver trabalhos permeáveis que permitam trocas com o público.
Luiz Lemos é um artista de Belo Horizonte, graduado em Artes Visuais pela UFMG e mestre em Estudos de Linguagem pelo CEFET. Com mais de uma década de sua primeira exposição individual, sua dedicação está voltada para a pintura e a criação de instalações, sempre mantendo um olhar curioso e atento para a desordem, a linguagem e a intensidade presentes na cidade e na sociedade. É um dos fundadores da Casa Camelo e atual organizador do espaço ao lado de sua sócia Eloá Mata.
Marcel Diogo é graduado em Pintura, Licenciatura e mestre pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Trabalha como artista, professor e curador independente. A partir de diferentes técnicas como a pintura sobre suportes variados, performance, vídeo e objetos, desafia diferentes ferramentas coloniais presentes na sociedade brasileira.
Shima é artista, professor e pesquisador formado em Desenho Industrial com pós-graduação em Gestão Cultural Contemporânea. Trabalha na intersecção do design com a performance-arte. Suas pesquisas trazem questões de identidade e pertencimento, o (como) estar no mundo, e o estado permanente de crise. Atualmente, Shima investiga o universo de bens de consumo no Brasil e a produção de sonhos e como isso reflete sobre estados de presença e impermanência. Coordena o Ateliê Abre Campo em Belo Horizonte e o Espaço Efêmero, em Carrancas (MG).
SERVIÇO: Reinauguração da Casa Camelo em nova sede e abertura da exposição “Trabalhar Cansa”, composta por oito artistas
Data: 20 de abril, das 14h às 22h
Visitação gratuita: de quarta a sexta-feira, das 15h às 20h; e aos sábados e domingos, das 14h às 19h
Endereço: Rua Santo Agostinho 365, Sagrada Família, BH
Mais informações: https://www.instagram.com/casacamelo/
Foto: Divulgação
Selecionamos os melhores fornecedores de BH e região metropolitana para você realizar o seu evento.