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Galeria Mundo: Exposição de fotógrafas brasileiras desembarca no Parque Municipal de Belo Horizonte
Projeto fica exposto até 15 de abril e apresenta ao público cerca de 50 obras de 13 fotógrafas brasileiras contemporâneas
Na busca por promover um encontro único entre a arte e o público, o projeto Galeria Mundo percorre o País com uma exposição itinerante de 13 fotógrafas, oriundas de dez estados brasileiros. Até 15 de abril, a mostra gratuita será apresentada ao público no Parque Municipal de Belo Horizonte, aproximando as artes visuais de pessoas que transitam apressadamente pelos centros urbanos. O projeto é itinerante e, após a temporada na cidade, segue para Salvador, Goiânia e Belém.
A exposição, idealizada por Raquel Gandra, tem curadoria de Heldi Reale, Ana Vitório e da própria Raquel. Ao todo, serão expostas 50 imagens na galeria a céu aberto. “Nossa proposta é democratizar o acesso à arte e levar a fotografia para além dos espaços convencionais de galerias e museus. Pretendemos ocupar espaços urbanos abertos, transformando-os em locais de reflexão, encontro e diálogo”, afirma a Diretora artística da Galeria Mundo, Raquel Gandra.
O conceito escolhido para a segunda edição do projeto, já realizado no Rio de Janeiro em 2023, é "Identidade e Território". A proposta é conectar espaços e culturas distantes, promover o reconhecimento de pontos em comum e o respeito às diferenças e especificidades de cada localidade. “A fotografia tem o poder de ampliar fronteiras, fortalecer a empatia e abrir diálogos sobre temas essenciais”, explica Raquel.
A exposição busca destacar a produção de artistas cujos trabalhos abordam de maneira profunda as questões de identidade e território. “Convidamos fotógrafas que apresentam esses conceitos entranhados em suas práticas e proposições estéticas. Além disso, a escolha recaiu sobre mulheres que ainda não estão plenamente inseridas no mercado da arte e da fotografia, com o intuito de dar visibilidade aos seus projetos”, explica uma das curadoras, Ana Vitório.
As fotógrafas que irão compor a mostra são: Cecília Araújo (Goiânia), Joyce Nabiça (Pará), Nayara Jinkinss (Pará), Priscila Tapajowara (Pará), Marina Alfaya (Bahia), Amanda Tropicana (Bahia), Andressa Zumpano (Maranhão), Jéssica Bittencourt (Rio Grande do Norte), Luiza Kons (Paraná), Lou Bueno (Paraná), Dolores Orange (Minas Gerais), Lais Reverte (Espírito Santo) e Salemm (Rio de Janeiro).
Representando a Região Sudeste, estarão Dolores Orange e Andressa Zumpano, ambas nascidas no Nordeste, mas que vivem atualmente em Minas Gerais, a carioca Salemm, e a capixaba Lais Reverte, que hoje está morando no Rio de Janeiro. As quatro apresentam trajetórias e enfoques distintos, mas, juntas, criam um diálogo profundo sobre identidade, memória e ancestralidade.
Dolores, com sua série Jardins do Sagrado, registra mestres de cura de Minas Gerais, trazendo à tona a relação entre os saberes ancestrais e o sagrado. Andressa, na obra Raízes de Luta: Mulheres que Firmam Territórios, reflete sobre o protagonismo feminino na luta por território e aborda questões que refletem sobre gênero e poder.
Por sua vez, a carioca Saleem, por meio de seu olhar autêntico e sua vivência nas periferias, eleva o cotidiano das favelas, promovendo uma imagem positiva dessas comunidades. Lais Reverte, geóloga e artista visual, propõe com Abro Portas de Retorno uma reflexão sobre a memória e os vestígios dos corpos negros e seus territórios, ligando o presente à história do retorno de descendentes de africanos ao continente.
Com diferentes olhares, as artistas se unem na busca por recontar histórias invisibilizadas, compartilhando, por meio da fotografia, uma narrativa de resistência e reexistência feminina.
A potência do olhar feminino
A decisão de incluir exclusivamente mulheres na exposição reflete a necessidade de aumentar a representatividade feminina nas artes. Para a curadora Ana Vitório, o cenário atual é de uma crescente participação feminina, mas com poucas oportunidades. “Iniciativas como a Galeria Mundo são fundamentais para abrir novos caminhos e desafiar a hegemonia masculina ainda predominante no campo da arte”, destaca.
A curadora Heldi Reale destaca que, historicamente, a fotografia foi dominada por um olhar masculino. “Hoje, as mulheres assumem o protagonismo de suas narrativas. Não estamos mais apenas do outro lado da lente, sendo registradas, mas sim construindo histórias, criando ficções e realidades. Acredito que a fotografia feminina na contemporaneidade é uma ‘arte do ajuntamento’, onde, juntas, rompemos barreiras”, pontua.
Oficinas gratuitas
A Galeria Mundo realiza, nos dias 11, 12, 15 e 16 de abril, duas oficinas gratuitas voltadas à experimentação artística e à reflexão sobre o uso da arte como ferramenta de expressão, educação e ocupação dos territórios urbanos. As atividades serão presenciais, com vagas limitadas, e são voltadas a pessoas interessadas em arte, imagem, educação e intervenção urbana — não sendo necessário ter experiência prévia.
Na sexta e no sábado, dias 11 e 12 de abril, acontece a oficina “Colando ideias no mundo: impressões insubordinadas”, com o multiartista e arte-educadore Bê de Sá. A proposta é apresentar o lambe-lambe, tradicional técnica de cartaz de rua, como forma de expressão autoral, crítica e criativa. Durante os encontros, os participantes irão produzir cartazes a partir de colagem, fotografia, desenho e escrita, culminando em uma intervenção coletiva ou individual em algum espaço urbano escolhido pelo grupo.
A oficina será realizada presencialmente em dois encontros: na sexta (11/04), das 14h às 17h, na Fazendinha (Av. Arthur Bernardes, 3120 – Santa Lúcia, BH); e no sábado (12/04), das 15h às 18h, em local aberto da cidade a ser definido com os participantes.
Já nos dias 15 e 16 de abril, é a vez da oficina “Imagem, Educação e Territórios”, ministrada pelo cineasta e educador Gustavo Jardim. A atividade propõe uma imersão no cinema como linguagem capaz de articular experiências entre salas de aula, comunidades, espaços culturais e educativos. A partir de uma abordagem teórico-prática, os participantes irão desenvolver perguntas e reflexões que conectam arte, educação e território, culminando na criação de narrativas visuais e no compartilhamento das produções. A oficina será realizada no Cine Santa Tereza (R. Estrela do Sul, 89 – Santa Tereza, BH), das 10h às 12h30, nos dois dias.
Visitas Guiadas e Conversas com as Artistas
No sábado, 12 de abril, às 11hs, as fotógrafas Andressa Zumpano, Daniela Paoliello e Aziza Xavier estarão presentes no local da exposição para conversar com o público sobre seus processos criativos e práticas fotográficas. Além disso, mediadores culturais estarão presentes ao longo de todos os dias para estimular o pensamento e o diálogo com os espectadores.
Turmas escolares e outros grupos podem participar da mostra de forma espontânea, mas a coordenação do projeto sugere que marquem o horário da visita através do email interludica.arte@gmail.com.
Acessibilidade e inclusão
Para ampliar o debate e o acesso às obras, a exposição vai ter visita guiada para o público surdo, com intérprete de Libras, no dia 13 de abril (domingo) às 15h. Além disso, as imagens expostas terão recursos de audiodescrição, permitindo que um público mais diverso possa vivenciar a experiência artística.
O projeto Galeria Mundo foi fomentado pela Bolsa Funarte de Artes Visuais Marcantonio Vilaça 2023, e possui produção e realização de Interludica e Jurubeba.
Serviço: Galeria Mundo II – Exposição de Fotografia Feminina
Cidades e datas:
Belo Horizonte (9 a 15 de abril)
Salvador (28 de abril a 04 de maio)
Goiânia (9 a 15 de maio)
Belém (21 a 28 de maio)
Acesso: gratuito | Acessibilidade: Intérprete de Libras e Audiodescrição das imagens.
Foto: Divulgação
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