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O Futebol como metáfora da vida

A ZAP 18 apresenta, de 9 a 26 de abril, seu mais recente trabalho no CCBB BH: “O Gol Não Valeu!”. Dirigido por Cida Falabella, o espetáculo coloca em cena um menino apaixonado por futebol. O universo do jogo é uma chave de entrada para os conflitos vividos pelo menino em sua formação. “O Gol Não Valeu!” será apresentado nas quintas às 20h, sextas às 19h, sábados e domingos às 18h.

 

“Voltar a produzir teatro para crianças e jovens é um prazer e uma grande responsabilidade. O texto tem poesia e humor, qualidades essenciais para falar com esse público. Nos ensaios o futebol traz o clima de jogo entre os atores e da brincadeira em cena”, afirma Cida Falabella, diretora da montagem e uma das fundadoras da ZAP 18.

 

“O GOL NÃO VALEU!” 

Sinopse

Rivelino é um menino apaixonado por futebol. Só que para seu desespero, o time que ele escolheu torcer, o time de seu pai, nunca ganha uma única partida. O universo do jogo é uma chave de entrada para os conflitos vividos pelo menino em sua formação e seus pais que divergem sobre o esporte. Enquanto, seu pai, um cronista esportivo, é aficionado, sua mãe não gosta nem um pouco e, além disso, acredita que o futebol, de fato, seja “o ópio do povo”. 

 

Ficha Técnica

Texto: Francisco F. Rocha

Direção: Cida Falabella

Em cena: Kely Anne, Gustavo Falabella, Thiago Macêdo, Renata Andréa e Lucas Costa

Cenografia: Projeto "O espaço en-cena: processos de criação em cenografia" com coordenação de Ed Andrade

Iluminação: Cris e Rogério Araújo

Figurino: Camila Morena da Luz

 

A montagem

No palco, cinco atores dão corpo à cena e se desdobram na interpretação das personagens e nos coros de torcedores, jogadores e comentaristas. Na montagem, o jogo aparece em diversos registros, como projeções de vídeos, cenário e figurino inspirados em ícones de épocas passadas, trechos de hinos de time, para retratar as derrotas sofridas dentro e fora de campo, tendo o futebol como metáfora do jogo da vida. 

 

Sempre presentes na trajetória da ZAP 18, as peças destinadas aos jovens ganham um reforço com a montagem do texto inédito, do dramaturgo estreante Francisco F. Rocha. "O Gol não Valeu!" é uma peça de classificação livre que poderá ser vista por públicos de várias idades. A ideia da montagem é traduzir a delicadeza do texto em diversos registros cênicos, que passam por projeções de vídeos marcantes, cenários e figurinos que remetem aos ícones do futebol das décadas de 70, 80 e 90: o futebol de botão, os álbuns de figurinhas, pôster de times e flâmulas são algumas das várias referências utilizadas no espetáculo.

 

Um dos destaques da montagem é seu cenário que faz parte de um projeto desenvolvido junto ao Núcleo de Cenografia da UFMG pelas alunas Branca Vasconcelos e Bruna C. Ferreira e orientado pelos professores Cristiano Cezarino e Ed Andrade. O projeto será um dos representantes do Brasil na Mostra dos Estudantes Brasileiros de Cenografia na Quadrienal de Praga que ocorrerá entre 18 e 28 de junho de 2015 em Praga, na Republica Tcheca.

 

O texto - O gol e o menino

Rivelino é um menino de nove anos de idade que só pensa em uma coisa: o futebol. Toda a sua curta existência é relacionada ao jogo e, principalmente, ao seu time. Para o seu azar, ele é o único menino em toda a escola que torce para esse time. O time do seu pai. Naquele ano, eles não ganharam um só jogo. Mesmo assim, Riva não tira a blusa do seu time. O menino acompanha diariamente o pai na sua função de jornalista esportivo. 

 

Sua mãe é professora e não gosta de futebol. Ela é uma mulher crítica que prefere discutir o impacto do esporte na sociedade. O futebol é abordado de uma maneira intimista e nostálgica, dentro do contexto familiar e da chegada da adolescência. Um humor poético transborda das cenas, construindo um olhar curioso sobre essa paixão nacional, mostrando tanto o lado B do futebol, as derrotas, os times de várzea e seus personagens, como as relações afetivas: as decepções amorosas, a doença do pai, a partida da mãe. O futebol é o tema que permeia a trajetória do menino Riva, e, como na vida, o jogo é marcado por vitórias e derrotas.

 

O tema - O Jogo do Coração 

Sérgio Buarque de Hollanda, em seu livro “Raízes do Brasil”, diz que nós brasileiros somos um povo cordial (no seu sentido exato e estritamente etimológico, referente ao coração, ao afeto). Eliminando todos os juízes éticos de “bondade” ou “homem bom”, o autor aponta que agimos pelo coração e que, diferente de outros povos, colocamos a emoção em frente à razão.

 

Um fundo emotivo extremamente rico expressado em nossa linguagem, religião, em nossas relações. Não por acaso, o futebol se encaixou nessa sociedade como quase em nenhuma outra. Um jogo apaixonante, de rivalidade, técnica e emoção. Logo identificado no estilo de jogo que consagrou o país: um jogo moleque, descontraído, habilidoso, criativo, com lances imprevisíveis. 

 

Contudo, Buarque adverte: “não abrange, por outro, apenas e obrigatoriamente, sentimentos positivos e de concórdia. A inimizade bem pode ser tão cordial como a amizade, nisto que uma e outra nascem do coração...”

 

Até mesmo nos desvios de caráter, o futebol e a sociedade mostram o seu lado emotivo. Para o seu próprio time tudo, para o adversário a leitura mais rigorosa da regra ou simplesmente a falta dela. O erro que beneficia o próprio time logo é entoado no grito, em tom de chacota: “Roubado é mais gostoso!” 

 

O lado passional move os milhões de torcedores espalhados pelo país. É raríssimo encontrar alguém que, mesmo não acompanhando semanalmente, não tenha um time de sua preferência. Este é normalmente herdado de familiares e depois influenciado pelos amigos de infância. Essas relações cordiais são levadas para todas as esferas. O torcedor carrega o seu time para onde for. Sofre com as derrotas e vibra com as vitórias. Não seguindo nenhuma lógica racional para tal.

 

No espetáculo “O gol não valeu!” o pai de Rivelino é o coração, a mãe; a razão. Para a tristeza do menino, eles não conseguem se entender. O jogo e a vida estão intrinsecamente ligados. Trazer tema tão amplo para a cena não tem a pretensão de responder todas as perguntas, mas levantar questões. E mostrar também o avesso do jogo, saindo do campo do esporte para tocar na natureza sensível do futebol. A história do menino Riva é apenas um espelho da sociedade que vivemos.

 

Sobre a ZAP 18

A ZONA DE ARTE DA PERIFERIA – ZAP 18 é um espaço artístico e cultural que além de montagens teatrais se dedica à formação de atores e educação de jovens através da arte. A associação é um desdobramento da Cia. Sonho & Drama, grupo que se tornou conhecido por produzir sua própria dramaturgia, inspirada em textos da literatura universal. O Grupo desenvolve, desde 2002, o projeto ZAP TEATRO ESCOLA & AFINS, que oferece oficinas de iniciação teatral para crianças e adolescentes e de capacitação para atores da periferia, além de receber diversos artistas para mostras, debates e trocas.

 

Na sua produção artística constam "O Sonho de Uma Noite de Verão" de Shakespeare,“A menina e o Vento” de Maria Clara Machado, “Uma balada... Uma parábola”, baseado em Brecht, Baudelaire e Niezstche, “SuperZéroi”, infantil dirigido por Carlos Rocha, “Esta Noite Mãe Coragem”, contemplado com o Prêmio de Teatro Myriam Muniz da Funarte e “1961-2015 – ano VI”, que aborda cinco décadas de história do Brasil. Além dos solos “O Ano em que Virei Adulto”, de Gustavo Falabella Rocha, “Memórias Póstumas de um Neguinho”, de Lucas Costa e o recém estreado “Domingo”, de Cida Falabella. 

 

O grupo participa ativamente das lutas do setor, sendo um dos fundadores do Movimento Teatro de Grupo de Minas Gerais (MTG) no início da década de 90 e integrando o Movimento Brasileiro de Teatro de Grupo e Redemoinho (Rede Brasileira de Espaços de Criação, Compartilhamento e Pesquisa Teatral). Participou ainda do Projeto Cena Coletiva, junto com os grupos Trama e Atrás do Pano, desenvolvendo ações integradas de formação, circulação e intercâmbio nas sedes e no interior mineiro entre 2009 e 2011. Publica desde 2008 a revista Cadernos da Zap, sobre teatro, cultura, filosofia e sociedade.

 

Foto: Guto Muniz

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