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Casa Fiat de Cultura inaugura "Natureza Transformada: atravessamentos espaciais" e propõe um novo olhar sobre arte, arquitetura e paisagem

Com curadoria de Guilherme Wisnik, Casa Fiat de Cultura reúne pela primeira vez no Brasil obras dos artistas italianos Paolo Albertelli e Mariagrazia Abbaldo e da brasileira Marcia Xavier, que modificam seus espaços e integram o ambiente externo à galeria

A natureza se insinua pelos espaços, refaz caminhos e transforma tudo ao seu redor. É a partir desse fluxo incessante que nasce a exposição inédita "Natureza Transformada: atravessamentos espaciais na Casa Fiat de Cultura". Com curadoria de Guilherme Wisnik, a mostra reúne os artistas italianos Paolo Albertelli e Mariagrazia Abbaldo – que apresentam seus trabalhos pela primeira vez no Brasil – e a brasileira Marcia Xavier em um percurso que convida o público a repensar sua relação com o espaço e os elementos do mundo natural. Com aço, vidro, estruturas metálicas e água, as 25 obras em exibição criam um território onde arte, arquitetura e natureza se entrelaçam. Numa parceria entre a Casa Fiat de Cultura e o Museu do Jardim Botânico, no Rio de Janeiro, a obra digital “Copa, Casa Cosmos”, de Estêvão Ciavatta, com narração de Regina Casé, complementa a temática da exposição e transporta o público para o interior de uma árvore Sumaúma (Ceiba pentandra). A exposição proporciona uma experiência sensorial e interativa e fica em cartaz de 8 de abril a 8 de junho de 2025, com entrada gratuita.

Os artistas usam linguagens e materiais distintos em suas obras, mas convergem na busca por novas formas de perceber o meio ambiente, sobretudo a respeito da fragilidade do que chamamos de “recursos naturais”. Segundo o curador da exposição Guilherme Wisnik, transformação e atravessamento são os conceitos centrais da exposição. “Na conjunção entre as produções de Marcia Xavier e da dupla Mariagrazia Abbaldo e Paolo Albertelli, a fragilidade da vida humana é confrontada com a perenidade dos minérios e dos espelhos, porém, paradoxalmente, numa época em que toda essa noção de perenidade vai sendo corroída por dentro. Temos, como coletivo humano, obstáculos gigantes a atravessar, no presente e no futuro. E talvez ainda não saibamos ao certo em quais direções seguir. Mas aqui, estamos diante de artistas que nos põem em movimento e em permanente estado de transformação.”

As 16 obras dos italianos Paolo Albertelli e Mariagrazia Abbaldo combinam a poética da leveza com a rigidez do aço. O objetivo da dupla é justamente transformar o peso da matéria-prima usada nos trabalhos em formas etéreas e dinâmicas. Enquanto arquitetos e artistas, eles não se limitaram às paredes da galeria da Casa Fiat de Cultura, mas ultrapassaram os limites físicos dos espaços criando conexões entre o interior e o exterior.

Já os 8 trabalhos da brasileira Marcia Xavier, investigam a interação entre superfícies líquidas e sólidas. Espelhos d'agua, vidros e espelhos distorcem imagens e criam jogos visuais que ressignificam a percepção do espaço e do corpo do espectador. Sua produção propõe reflexões sobre a efemeridade e a constante metamorfose da natureza.

Para o presidente da Casa Fiat de Cultura, Massimo Cavallo, a mostra é um convite para sentir, refletir e se deixar atravessar pela arte. “Ao trazer para o Brasil essa exposição inédita, reafirmamos a vocação da Casa Fiat de Cultura para o intercâmbio cultural entre países e a experimentação, construindo pontes entre natureza e criação humana, presente e futuro”, reflete.

exposição "Natureza Transformada: atravessamentos espaciais na Casa Fiat de Cultura" é uma realização da Casa Fiat de Cultura e do Ministério da Cultura, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Conta com o patrocínio da Stellantis e da Fiat, copatrocínio da Stellantis Financiamento, do Banco Stellantis, do Banco Safra e da Sada. O evento tem apoio institucional do Circuito Liberdade, além do apoio do Governo de Minas, do Programa migos da Casa e do Consulado da Itália em Belo Horizonte.

Paolo Albertelli e Mariagrazia Abbaldo

Os artistas italianos Mariagrazia Abbaldo e Paolo Albertelli investigam as relações entre escultura e paisagem, utilizando principalmente o aço cortado a laser para criar formas leves e dinâmicas. Inspirados pela natureza e pelo movimento, eles transformam materiais rígidos em composições que evocam fluidez e leveza. A precisão técnica e a experimentação com diferentes texturas e acabamentos são características marcantes de seu trabalho.

Um exemplo que pode ser apreciado na exposição é a obra “Cardume”, instalação site-specific que representa o movimento dos peixes. Esse movimento funciona como uma espécie de dança coletiva, em que tudo está em uma suspensão silenciosa. Para Paolo Albertelli, é como se os peixes saltassem para fora da água, flutuassem no ar e, de repente, se transformassem em som. Na obra é possível notar que apesar da coesão, cada peixe mantém uma distância mínima dos outros, um equilíbrio entre proximidade e espaço que garante a fluidez do movimento.

Segundo Guilherme Wisnik, a dupla aborda a natureza de maneira crítica, considerando as mudanças trazidas pelo antropoceno e pelas crises ambientais. “Em sua maneira de ver e trabalhar artisticamente as coisas, a matéria não é inerte, nem a relação entre sujeito e objeto é unilateral. Informada pela fenomenologia, a dupla de artistas italianos entende o processo de significação como uma troca entre espectador e obra, ou ser humano e ambiente circundante, no qual ambas as partes são ativas”, esclarece o curador.

Performance com estudantes

Antes da abertura da exposição, Paolo Albertelli e Mariagrazia Abbaldo promoveram uma experiência artística com cerca de 50 alunos da Fundação Helena Antipoff e da Fundação Torino Escola Internacional, em Belo Horizonte (MG). Os artistas realizaram, junto aos estudantes, uma performance na cobertura da Casa Fiat de Cultura, transformando o local em um palco de experimentações e trocas.

No chão da cobertura do espaço cultural, treze telas monocromáticas se desenrolaram como fotogramas de um filme, formando uma grande composição de mais de 30 metros de comprimento. Os adolescentes se tornaram coautores dessa paisagem, inserindo pedras de minério no desenho traçado pelos artistas, incorporando à obra a materialidade e o peso do tempo.

O resultado dessa performance é a instalação “Manguezal” — obra site-specific que se entrelaça ao percurso de pesquisa dos artistas Mariagrazia Abbaldo e Paolo Albertelli reforçando a possibilidade de novas leituras sobre a relação entre arte e natureza. Sua estrutura remete a um muro natural, típico dos manguezais presentes nos rios brasileiros. Impenetráveis e silenciosos, esses ecossistemas são um elo vital entre a matéria viva das plantas e as condições essenciais da existência humana.

A instalação também dialoga com um elemento arquitetônico conceitual: uma cisterna de aço perfurado, instalada na cobertura da Casa Fiat de Cultura. Por meio de pequenos furos, a água escapa, evaporando e atravessando os espaços da instituição, até desembocar na galeria, onde se integra, de forma metafórica, à obra “Gotas no Relicário” – uma bacia que recolhe gotas de água que caem do teto, numa metáfora da permanência e do ciclo incessante dos fluxos naturais.

Em ressonância com a performance Manguezal, a escultura “Raízes de Mangue”, localizada no centro da sala, se impõe como um elemento arquitetônico site-specific. Produzida no Brasil com aço corten oxidado, a obra divide o espaço expositivo do teto ao chão, como uma verdadeira raiz de mangue, conectando espaços.

Marcia Xavier

Desde seus primeiros trabalhos na década de 1990, Marcia Xavier explora a relação entre corpo, arquitetura e paisagem. Inicialmente, sua produção esteve centrada na fotografia, mas ao longo do tempo, expandiu-se para instalações interativas, em que a presença do público é essencial para a experiência da obra.

A água, elemento central da sua pesquisa, age como um espelho que revela realidades distorcidas. Em suas instalações, garrafas, superfícies espelhadas e reflexos instáveis criam composições que dissolvem a fronteira entre o visível e o imaginado. “Transitando dos fluxos aquosos às superfícies polidas, a artista sabe que a água é o espelho primordial, e que o corpo é o grande agente definidor dos espaços”, explica Wisnik.

Na exposição "Natureza Transformada: atravessamentos espaciais na Casa Fiat de Cultura", Marcia convida o público a uma experiência sensorial, na qual a imagem nunca é definitiva. A série “Horizonte Inebriante”, por exemplo, explora a distorção das imagens. Em garrafas – ora de gin, vinho santo ou limoncello –, o álcool é substituído pela água e elas são posicionadas diante da imagem, formando paisagens e horizontes que se deformam conforme o olhar do espectador percorre a obra.

Em outras obras, como “Prisma”, o horizonte aparece como um ponto de referência sempre mutável, que se dobra, se desfaz e se reorganiza conforme o ângulo do observador. A instalação site-specific é composta por uma parede transparente que divide dois ambientes: dentro e fora. Uma estrutura de ferro e vidro comporta 300 garrafas cheias de água, criando uma “estante-óculos" que deforma a paisagem. O corpo do espectador determina a velocidade da visão, criando um cinema dinâmico por meio da interação entre a água e o movimento de quem percorre o ambiente. Algo semelhante ocorre em “Prisma Praça Raul Soares”. A obra, composta por um cubo espelhado, convida o visitante a interagir por meio da manipulação de peças transparentes – lentes em forma de cilindros de acrílico maciço – que deslizam sobre a imagem, criando anamorfoses.

Instalação imersiva

A experiência do público se completa com “Copa, Casa, Cosmos”, uma obra imersiva criada por Estêvão Ciavatta e narrada por Regina Casé especialmente para o Museu do Jardim Botânico, no Rio de Janeiro. Pela primeira vez, a instalação sai do Museu e desembarca em Belo Horizonte, convidando o público a mergulhar no interior da Sumaúma (Ceiba pentandra), uma das árvores mais emblemáticas da Amazônia.

Projetada em um ambiente circular, a obra conduz os visitantes por uma jornada visual e sonora que acompanha o crescimento da árvore desde a semente até atingir seu porte monumental. A experiência imersiva destaca as raízes que se espalham pelo solo, os sistemas internos da árvore e sua simbólica conexão entre o céu e a terra. Com exemplares que podem ultrapassar 80 metros de altura, a Sumaúma é reverenciada por diferentes povos indígenas como um elo entre mundos, um lar de entidades divinas e um portal para outras dimensões.

“A obra é um convite à contemplação e à conexão com a grandiosidade da natureza. Queremos que o visitante sinta o ciclo da vida dessa árvore e sua importância para os ecossistemas tropicais e para as culturas que habitam a Amazônia”, explica Estêvão Ciavatta.

Bate-papo de abertura

Para marcar a abertura de "Natureza Transformada: atravessamentos espaciais na Casa Fiat de Cultura" será realizado um bate-papo com os artistas italianos Mariagrazia Abbaldo e Paolo Albertelli, no dia 9 de abril, às 19h30. O evento é aberto ao público, com entrada gratuita e inscrição pela Sympla.

A conversa com os artistas convidará à reflexão sobre uma natureza que se traveste, se reconstrói e se reconfigura para habitar novos espaços. A ocasião também permitirá aprofundar a relação poética entre as paisagens presentes em suas obras, das superfícies geladas do Norte da Itália às texturas tropicais do Brasil e de Minas Gerais.

O bate-papo será conduzido por Claudia M. de Abreu, jornalista e mestre em Curadoria de Museus pelo Instituto Europeo di Design de Roma, e estará focado nessa arte, que insiste em revelar fluxos invisíveis da matéria, ao mesmo tempo que abre caminho para processos de escuta, nos quais tempo e forma se encontram para compor novas paisagens.

Visitas temáticas e atividades educativas

Durante o período em que "Natureza Transformada: atravessamentos espaciais na Casa Fiat de Cultura" estiver em cartaz, o Programa Educativo da Casa Fiat de Cultura vai realizar várias ações educativas, dentre elas, visitas mediadas e acessíveis, para grupos e instituições, utilizando recursos táteis e sensoriais.

Durante os sábados e domingos (dias 12 e 13, 18 a 20, 26 e 27 de abril), sempre às 16h30, serão oferecidas visitas temáticas abordando aspectos técnicos-estéticos e de concepção das obras.

Os artistas Paolo Albertelli, Mariagrazia Abaldo e Marcia Xavier trabalham rompendo com as técnicas tradicionais de escultura para criar instalações espaciais diversas, que confrontam o público com encantamento técnico, reflexões inquietantes e deslumbre estético. A proposta da visita temática é conversar sobre as ideias propostas pela exposição, as técnicas e a biografia dos artistas. Os interessados em participar devem comparecer na recepção da Casa Fiat de Cultura para retirar sua senha.

A programação paralela também contempla o Ateliê Aberto Escultura em expansão. O Ateliê vai explorar a experiência de criar arte a partir das ousadas propostas sobre escultura apresentadas por artistas nas décadas de 1960 e 1970 – período em que a escultura ultrapassou seus limites tradicionais. Nessa atividade, o público construirá uma obra por meio da técnica da assemblagem, interagindo com o espaço externo da Casa Fiat de Cultura. A atividade é aberta para todos. Para participar não é necessário se inscrever. As senhas serão distribuídas na recepção da Casa Fiat de Cultura, por ordem de chegada.

Os artistas

Mariagrazia Abbaldo e Paolo Albertelli são arquitetos e artistas italianos que exploram os limites entre escultura, arquitetura e natureza. Fundadores do Studio C&C, em Turim, na Itália, unem pesquisa e experimentação para criar obras que dialogam com o espaço e desafiam a percepção. Desde 1997, desenvolvem esculturas e instalações marcadas pelo equilíbrio entre materialidade e leveza, utilizando técnicas como corte a laser e fusão de metais. Suas criações já foram expostas em museus e galerias da Itália, França, Suíça e Estados Unidos, integrando acervos de instituições como o Museo Nazionale della Montagna e o Messner Mountain Museum.

Marcia Xavier é uma artista brasileira cuja obra transita entre fotografia, escultura e dispositivos ópticos. Nascida em Belo Horizonte e formada em Comunicação Visual pela FAAP, iniciou sua trajetória nos anos 1990 com séries de autorretratos fragmentados. Seu trabalho evoluiu para a criação de aparelhos que exploram luz, espelhos e refração da água, desafiando a percepção do espectador. Com exposições individuais e coletivas no Brasil e no exterior, suas obras integram acervos como os do MAM-SP, MAR-RJ e Maison Européenne de la Photographie, em Paris.

O curador

Guilherme Wisnik é professor livre-docente e vice-diretor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, além de curador do MuBE (Museu Brasileiro de Escultura e Ecologia), em São Paulo. Autor de diversos livros sobre arquitetura, arte e urbanismo, incluindo Espaço em Obra (2018) e Lançar Mundos no Mundo (2022), recebeu prêmios como o Jabuti e o “Destaque ABCA”. Foi curador da 10ª Bienal de Arquitetura de São Paulo (2013) e do Pavilhão do Brasil na Expo 2020, em Dubai. Seu trabalho crítico e acadêmico é amplamente publicado em revistas nacionais e internacionais.

Casa Fiat de Cultura

A Casa Fiat de Cultura cumpre importante papel na transformação do cenário cultural brasileiro, ao realizar prestigiadas exposições. A programação estimula a reflexão e interação do público com várias linguagens e movimentos artísticos, desde a arte clássica até a arte digital e contemporânea. Por meio do Programa Educativo, a instituição articula ações para ampliar a acessibilidade às exposições, desenvolvendo réplicas de obras de arte em 3D, materiais em braille e atendimento em libras. Mais de 90 mostras, de consagrados artistas brasileiros e internacionais, já foram expostas na Casa Fiat de Cultura, entre os quais Caravaggio, Rodin, Chagall, Tarsila, Portinari entre outros. Há 18 anos, o espaço apresenta uma programação diversificada, com música, palestras, residência artística, além do Ateliê Aberto – espaço de experimentação artística – e de programas de visitas com abordagem voltada para a valorização do patrimônio cultural e artístico. A Casa Fiat de Cultura é situada no histórico edifício do Palácio dos Despachos e apresenta, em caráter permanente, o painel de Portinari, Civilização Mineira, de 1959. O espaço integra um dos mais expressivos corredores culturais do país, o Circuito Liberdade, em Belo Horizonte. Mais de 4,5 milhões de pessoas já visitaram suas exposições e 700 mil participaram de suas atividades educativas.

SERVIÇO: Exposição | Natureza Transformada: atravessamentos espaciais na Casa Fiat de Cultura
Período expositivo: 8 de abril a 8 de junho de 2025
Visitação presencial: terça-feira a sexta-feira das 10h às 21h; sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h (exceto segundas-feiras)
Tour virtual no site: www.casafiatdecultura.com.br

Bate-papo com os artistas Mariagrazia Abbaldo e Paolo Albertelli
9 de abril, quarta-feira, às 19h30
Inscrições gratuitas pela Sympla: https://bit.ly/BatePapoAlemdaObra

Casa Fiat de Cultura
Praça da Liberdade, 10, Funcionários – BH/MG
Circuito Liberdade

Horário de Funcionamento
Terça-feira a sexta-feira, das 10h às 21h
Sábado, domingo e feriado, das 10h às 18h

Informações
www.casafiatdecultura.com.br
casafiatdecultura@stellantis.com
facebook.com.br/casafiatdecultura
Instagram: @casafiatdecultura
X: @casafiat
YouTube: Casa Fiat de Cultura

Foto: Jackson_Romanelli

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