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Vencedora do Prêmio Estímulo, a comédia LA NONNA, da Cangaral Produções Artísticas, estreia no Grande Teatro do Palácio das Artes

Pela primeira vez, uma categoria do Prêmio é contemplada com apresentações no mais tradicional palco de Minas Gerais

Espetáculo vencedor na categoria Prêmio Marcello Castilho Avelar, do Prêmio Fundação Clóvis Salgado de Estímulo às Artes Cênicas, La Nonna, da Cangaral Produções Artísticas, conta a trajetória de uma família italiana que vive em torno da matriarca Nonna, de 100 anos. Ela passa a vida comendo e, por causa da sua compulsão, coloca a família em enrascadas. Escrita nos anos 70 pelo argentino Roberto Cossa, a montagem mineira tem direção do também argentino Nestor Monastério e assistência de Ítalo Laureano.

A Nonna está permanentemente cercada por sua família e por um vizinho que, juntos, formam o perfeito retrato da típica família de descendentes italianos, sempre reunidos para comer, conversar e resolver as mais variadas questões. Tudo estaria tranquilo se os hábitos da Nonna não levassem a família Spadone a enfrentar sérios problemas financeiros. As condições forçam a Nonna (lIvio Amaral), sua filha Aniula (Selma Franco), seus bisnetos Chichio (Maurício Canguçu), e Carmelo (Beto Plascides), a esposa de Carmelo e a filha do casal, além do vizinho Senhor Francisco, a mudar os seus hábitos.

Mas as mudanças não acontecem sem protesto. “A família descobre que a avó é um câncer, e tentam expurga-la da vida familiar. Ninguém é bonzinho nessa história”, comenta Ilvio. Com muito bom humor, o malandro Chichio, o neto bom vivant, busca várias estratégias para sair dessa situação. Os planos envolvem sumir com a Nonna, casar a matriarca e até dar fim à sua vida. Apesar de elaboradas, as tentativas não resultam em sucesso. Sem solução, os Spadone entram em confronto, evidenciando todas as mazelas de uma família em decadência. A desordem e o mal trazidos pela avó levam todos os seus membros a questionarem seus papéis e a transgredir tabus.

Além da Comédia – La Nonna é uma das mais importantes obras do teatro argentino, inspirada no realismo fantástico da literatura hispano-americana. Considerado um dos melhores expoentes do grotesco é um trabalho que parte de um humor inteligente para fazer rir da miséria humana. Trata-se de uma avó centenária, interessante e burlesca, dotada de um apetite exagerado, que destrói uma família de imigrantes italianos.

Assim como os gigantes vorazes dos contos infantis, La Nonna pode ser percebida como uma figura mítica que remonta às origens humanas. No comportamento da matriarca é possível identificar poderes opostos, força de vida e de morte. A Nonna pode representar o retorno temido ao instinto elementar e horrível, a desordem absoluta em oposição à cultura e à ordem social.

Por sua crítica contundente à organização social, La Nonna pode também ser um drama, porém, Ilvio Amaral ressalta que se trata de uma comédia ácida “Na primeira leitura que fiz do texto, imaginei que fosse um drama, mas o diretor me chamou atenção, dizendo que é uma comédia ácida. No decorrer do espetáculo, as pessoas vão rindo de si próprias. É um texto para pensar muito. A gente ri, ri, ri, e sai do teatro refletindo sobre o sentido da vida”.

La Nonna, considerada um ‘monstro’ é capaz de proporcionar um prazer inacreditável. Ela se torna uma figura permanente da imaginação do espectador pela sua vitalidade, ainda que centenária, que encarna o arquétipo divino do exagero.

A CANGARAL - A Cangaral é uma das produtoras mais bem sucedidas do cenário teatral mineiro e nacional e, ao longo dos anos, vem desenvolvendo um teatro que alia rigor e popularidade. Os atores Ilvio Amaral e Maurício Canguçu em 25 anos de parceria trabalharam com diferentes atores e diretores convidados como Cininha de Paula, Ary Coslov, Marília Pêra, Guilherme Leme, Kalluh Araújo e Miguel Magno.

 

Sempre atentos aos novos dramaturgos e atores, encenaram textos de Raffy Shart, Samuel Benchetrit, Aristides Vargas, Daniel Botti, Ronaldo Ciambroni, Heloísa Perissé, Miguel Falabella e tantos outros. As diversas parcerias artísticas propiciaram a criação de espetáculos que dialogam com o popular e com o contemporâneo. A identidade visual composta pela iluminação, figurino, visagismo e auxiliada pela trilha sonora ocupa lugar importante no trabalho da Cangaral.

 

Assistidos por mais de três milhões de espectadores e mais de 20 espetáculos produzidos, Ilvio e Maurício estiveram presentes em festivais nacionais, recebendo mais de 70 prêmios em diversas categorias. Atualmente, a Cangaral conta com cinco espetáculos em repertório: Minha Mulher se Chama Maurício, A Idade da Ameixa, Os Sem Vergonhas, Acredite, Um Espírito Baixou Em Mim e Confissões das Mulheres de Quarenta. Estes espetáculos permitem encenações tanto em palcos italianos quanto em palcos adaptados.

 

Têm viajado por várias capitais brasileiras e, principalmente, pelas cidades do interior de Minas Gerais. As ações no interior ganharam reconhecimento de público, garantindo a expansão das ações e parcerias, proporcionando frutos como o projeto Cangaral Troca a Cena, em que os atores dirigiram um novo espetáculo encenado por grupos teatrais da cidade de Araxá.

 

Premiação ameaçada – Em 2015, a Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão, a Secretaria de Estado de Cultura e a Fundação Clóvis Salgado conseguiram reverter a delicada situação em que se encontrava o Prêmio Fundação Clóvis Salgado de Estímulo às Artes Cênicas. Sensibilizado com o problema, o Governo priorizou o pagamento de R$ 350 mil para cobrir as despesas previstas para as montagens. O secretário Angelo Oswaldo disse que esses recursos, que deveriam ter sido pagos ou liberados ainda em 2014, traduzem o esforço do Governo Fernando Pimentel no sentido de reconhecer e enfatizar a importância da produção cultural na vida de Minas Gerais.

 

Nesta edição, o edital contemplou projetos nas categorias Montagem (Dança e Teatro), Circulação do Interior (Dança e Teatro) e Montagem Marcello Castilho Avellar (Dança ou Teatro). A premiação também garante apoio em Assessoria de Imprensa, Mídias Digitais, impressão de programas e cartazes. Os projetos inscritos foram avaliados por uma comissão composta por profissionais das artes cênicas da sociedade civil e do Palácio das Artes.

 

O Prêmio Fundação Clóvis Salgado de Estímulo às Artes tem como objetivo o fomento ao teatro e à dança, buscando incentivar a criação, a montagem e a circulação de espetáculos. Importantes textos premiados obtiveram sucesso de público e crítica como Bolsa Amarela, da Zero Cia de Bonecos; Todas as Belezas do Mundo, da Companhia Clara; Amores Surdos, do grupo Espanca! e Isso é Para Dor, da Primeira Campainha, entre outros.

Foto: Nello Aun

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