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Com o tema Cinema e Teatro, o Curta Circuito traz dois grandes clássicos que abordam a temática negra no cinema nacional

A Mostra de Cinema Permanente Curta Circuito segue comemorando seus 15 anos de história. Dando continuidade a programação, o projeto traz na próxima segunda-feira, dia 28 de março, uma sessão dupla, com a exibição do curta-metragem Alma no Olho (RJ, 1974) - dirigido pelo ator, cineasta e roteirista Zózimo Bulbul, falecido em 2013 - e do longa Compasso de Espera (SP, 1969-1973), único filme dirigido pelo diretor de teatro Antunes Filho. Os dois trabalhos, que foram filmados na conturbada década de 70, apresentam uma linguagem experimental e abordam a temática do negro no cinema, tendo como base a estrutura teatral. A sessão é às 20h, no Cine Humberto Mauro, como sempre, com entrada franca. Logo após a exibição, haverá um bate-papo com a presença do diretor e dramaturgo Luiz Paixão.

No primeiro bimestre, o Curta Circuito, que tem o Cinema de Afeto como tema do ano,  volta os olhos para filmes brasileiros que estabeleceram pontos de conexão entre Cinema e Teatro. Artes da representação, ambas se fundamentam na junção expressiva do corpo, espaço, texto e som. No cinema tal reunião é pautada pelo princípio tecnológico da imagem em movimento reunidas, aos fragmentos, pela montagem. No teatro, a base é outra: tudo acontece sobre um espaço único, o palco. O cinema é o tempo, o teatro, o espaço, ambos são o corpo e a luz. Nos filmes apresentados, dentro da linguagem cinematográfica, algo de teatral assomou na cena.

 

Depois do longa “Toda nudez será castigada”, adaptação da peça teatral de Nelson Rodrigues, que abriu a programação de 2016, a mostra exibirá “Compasso de Espera”, filme dirigido pelo célebre diretor teatral, Antunes Filho. Moderno, na forma e no tema, sendo pioneiro na discussão do racismo no Brasil, é um filme de montagem experimental, com esquetes atravessadas por imagens de outros instantes do filme e teatral em suas atuações, às vezes um tanto duras, e em algumas situações que são verdadeiros jogos cênicos, como a cena da entrevista. Outro filme que será exibido na próxima sessão, “Alma no olho”, curta de Zózimo Bulbul, ator de “Compasso de espera” e o primeiro negro a ser protagonista de uma novela brasileira, tem sua teatralidade guardada no simbolismo dos gestos de seu personagem-símbolo central. No levantar das mãos atadas, percebe-se a prisão do negro. Nas mãos soltas para além da corrente está a liberdade. A transição de uma a outra é feita pela montagem, pelo cinema.   

Sobre o Curta Circuito

Completando 15 anos de atividade em 2016, o Curta Circuito tem muito o que comemorar. Durante sua trajetória, a Mostra de Cinema Permanente, que exibe exclusivamente filmes nacionais, sempre com entrada franca, conseguiu reunir um público de mais de 70 mil pessoas, que estiveram presentes em quase cinco mil sessões. A mostra, que a partir deste ano é dirigida por Daniela Fernandes, da Le Petit Comunicação Visual e Editorial, é uma das referências em Minas e no Brasil como ação de formação qualificada de público, espaço de reflexão, debates sobre a cultura audiovisual e todos os aspectos que a envolvem, sejam técnicos, narrativos, estéticos, culturais e políticos. Tendo já atuado em 18 cidades de Minas Gerais, São Paulo, Bahia e Pará, a mostra hoje foca no público belo-horizontino e tem como “sede” de suas exibições o Cine Humberto Mauro. Já passaram pelo projeto convidados como Nelson Pereira dos Santos, Zé do Caixão, Sidney Magal, Othon Bastos, Antônio Pitanga, entre outros. O Curta Circuito atua também na preservação e memória do cinema brasileiro, trabalhando no restauro de filmes, em parceria com a Cinemateca do MAM RJ. A iniciativa recebeu Mention do D'Hounner em Milão, em 2013, pela restauração do filme “Tostão, a fera de Ouro”, da década de 1970.

 

Sobre Luiz Paixão
Iniciou sua carreira em 1977 e tem-se dedicado intensa e exclusivamente à atividade teatral. Sua presença e atuação são notadas tanto na direção teatral quanto na dramaturgia e no ensino das artes cênicas. Em 1993 criou, juntamente com a atriz Anália Marques a COMPANHIA DE TEATRO e, em 1996, também em parceria com Anália Marques, criou a COMPANHIA DE TEATRO-ESCOLA DE ARTE.

 

Sobre os filmes

 

Alma no Olho* l Zózimo Bulbul, RJ, 1974, 11’

Metáfora sobre a escravidão e a busca da liberdade pela transformação interna do ser, em um jogo de imagens de inspiração concretista.

 

Compasso de Espera* l Antunes Filho, SP, 1969-1973, 98’

Jorge, um poeta negro, é amante de uma empresária branca e rica. Mas em uma reunião de um círculo de intelectuais paulistanos ele conhece Cristina, outra moça branca de família rica, e se apaixona. O relacionamento deles enfrenta preconceitos de todos os lados e Jorge se vê brigando com as duas famílias e toda a sociedade, enquanto a ex-amante ainda o procura.

 

Foto: Divulgação

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