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Ministério da Cultura, Banco do Brasil, Eletrobras e Vivo EnCena apresentam "Hora Amarela"

Após grande sucesso no Rio de Janeiro e São Paulo, “Hora Amarela” estreia no Centro Cultural Banco do Brasil (BH), com temporada do dia 3 de abril a 04 de maio

Dois reencontros marcam a montagem brasileira de Hora Amarela (Through the Yellow Hour), do dramaturgo norte-americano Adam Rapp. Dez anos após o sucesso de ‘Baque’ (2005), Monique Gardenberg volta a dirigir Deborah Evelyn, além de ter a segunda experiência com a dramaturgia de Rapp, autor de ‘Inverno da Luz Vermelha’, encenado por ela, em 2011. O texto ganhou tradução de Isabel Wilker, que também está no elenco. A atriz Mônica Torres, que assistiu à montagem original e adquiriu os direitos do texto, é a idealizadora do projeto. O espetáculo faz temporada do dia 03 de abril até o dia 04 de maio, sempre de sexta a segunda-feira, às 20h, no Teatro I, do Centro Cultural Banco do Brasil de Belo Horizonte (CCBB-BH), espaço que integra o Circuito Cultural Praça da Liberdade.

 

A ação do espetáculo se passa em uma Nova York sitiada e arrasada por uma guerra misteriosa e violenta. “Hora Amarela é diferente de tudo que já fiz.  Logo que recebi o convite de Deborah e Mônica fiquei resistente.  Nunca havia imaginado encenar uma ficção científica.  Mas aos poucos fui me dando conta que, embora a história se passe no futuro, tudo o que acontece em cena já foi, de uma forma ou de outra, produzido pelo homem, tem uma base real que a torna assustadora e nos faz refletir sobre os caminhos da humanidade’, contaMonique sobre o texto. 

 

“Quando assisti à montagem americana, me despertou novamente a vontade de produzir, adormecida há quase duas décadas. Quis trazer para cá esta discussão que o Adam Rapp propõe sobre intolerância, religião, fanatismo e preconceito. É um momento muito oportuno”, explica Mônica Torres, que logo mandou o texto para Deborah e as duas convidaram Monique para assumir a direção da empreitada.

 

Hora Amarela

Escondida há três meses no porão de seu prédio, Ellen (Deborah Evelyn) faz de tudo para sobreviver e não perder a esperança de rever o marido desaparecido. No desenrolar da peça, ela é surpreendida com a chegada de diferentes personagens, como Maude (Isabel Wilker), jovem viciada em drogas à procura de abrigo, o professor Hakim (Michel Bercovitch), que traz notícias do mundo externo e um fugitivo Sírio (Daniel Infantini) que não consegue se comunicar por não falar outra língua. A situação se torna cada vez mais desoladora e Ellen tenta desesperadamente seguir em frente e se manter viva.

 

Para recriar este ambiente de extrema destruição, Monique convidou Daniela Thomas (cenografia), Cassio Brasil (figurinos) e Maneco Quinderé(iluminação), parceiros da diretora em ‘Inverno da Luz Vermelha’ (2010). “Estamos em um bunker fechado e claustrofóbico. Daniela trabalhou em cima desta ideia, a de um porão fechado abaixo do solo. A vida se passa, portanto, sobre a cabeça dos atores”, diz Monique, ressaltando que a luz virá quase sempre de fontes em cena, como luminárias, lanternas e resistências.

 

Outro ponto fundamental para o desenvolvimento dos conflitos é a trilha sonora, composta especialmente para o espetáculo pelo músico paulista Lourenço Rebetez. Segundo Monique, o som ‘comenta’ toda a peça: “Quando li o texto, pensei: tem que ser rápido, doloroso e muito tenso. A forma de criar esta tensão seria através da trilha sonora, algo que precisaria ser composto. Por coincidência, antes de começarem os ensaios, assisti a um ballet do coreógrafo Ricardo Linhares musicado pelo Lourenço. Além de um profundo conhecimento musical, ele é um pensador inquieto. Eu precisava desta combinação”, explica a diretora.

 

O texto

‘Through the Yellow Hour’ estreou em 2012 em Nova York e surpreendeu público e crítica com a terrível visão de um futuro possível para o país. A guerra apresentada – entre uma potência desconhecida e os Estados Unidos – atinge proporções aterradoras. O espectador pode até supor que o exército invasor seja muçulmano – os soldados usam turbantes, tem a barba comprida e rezam ao amanhecer –, mas a intenção de Adam Rapp é mostrar que, na hora de tentar saber quem nos apavora, lidamos apenas com as nossas próprias suposições.

 

Em entrevista recente, Rapp revelou que quis escrever o texto depois de ler sobre a guerra civil na Síria e sobre os conflitos recentes no Egito e em todo o Oriente Médio. “São lugares onde há tanta incerteza e caos que pensei: ‘e se trouxéssemos isso tudo de uma maneira estranha e misteriosa para cá? Como lidaríamos com isso? Como se sobrevive em um mundo como este? Como se manter vivo? Como se manter são”, disse o autor.

 

Ao imaginar o cenário de destruição, guerra e ruína de ‘Hora Amarela’, Rappparece sugerir que a humanidade caminha para um futuro sombrio. No entanto, a resiliência de sua protagonista diz o contrário. É uma qualidade de nossa espécie: a força de lutar, como Ellen, para sobreviver dentro de uma realidade aterradora. 

 

O teatro de Adam Rapp

(“Adam writes like nobody else, his fierce poetic power as inescapable as the doom that waits for his characters. The work is bleak and true, his touch that of a master in the making”) “Adam escreve como nenhum outro, suas palavras têm um poder poético feroz tão inescapável quanto a ruína que aguarda seus personagens. Seu trabalho é sombrio e verdadeiro, tem o traço de um mestre em formação”. As palavras de Marsha Norman, co-diretora do programa de dramaturgia da Julliard School, NY, nos dão a dimensão da obra de Adam Rapp. Nascido no Illinois, Adam Rapp é um dos dramaturgos mais proeminentes de sua geração. 

 

É formado em dramaturgia pela Julliard School em Nova Iorque, uma das escolas de maior prestígio na área. Aos 45 anos, já escreveu mais de 25 peças teatrais e publicou oito livros, além de trabalhar também como diretor, roteirista e ator. Em 2006, seu texto “O Inverno da Luz Vermelha” foi vencedor do prêmio Obie (importante premiação da comunidade teatral Off Broadway em Nova Iorque) e finalista do prêmio Pulitzer. Em outubro de 2012, Rapp foi vencedor do prestigioso PEN Literary Award. “Hora Amarela” é seu trabalho mais recente. 

 

A montagem norte americana de “Hora Amarela”, dirigida pelo próprio autor e que estreou em 2012 no Rattlestick Playwrights Theatre em Nova Iorque, foi bastante elogiada pela crítica especializada, e recebeu algumas indicações a prêmios. “A Hora Amarela é sensacional de se ver e ouvir - 4 estrelas!” (Time Out, NY); “Entusiasmante!” (Backstage); “Um sucesso inegável” (Huffington Post); “’Hora Amarela’ é o trabalho mais poderoso de Rapp” (Lighting and Sound) ; “Uma sociedade distópica completa e assustadoramente concebível”( Curtain Up). 

 

No ano de 2013, a montagem original recebeu duas indicações ao prêmio Henry Hewes Design Awards, nas categorias de cenário e iluminação, e uma indicação ao prêmio Drama Desk Awards – este ano em sua 58a edição – na categoria de desenho de som. De maneira semelhante a outros trabalhos do autor, os personagens se encontram num cenário apertado, quase claustrofóbico e em uma situação limite. 

 

Foto: Divulgação 

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