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3ª Mostra Tiradentes SP reuniu mais de 2 mil pessoas no Teatro Anchieta do SESC
A mostra teve a missão de ampliar olhares e possibilidades de formação, debate e difusão para cinema brasileiro independente
Durante seis dias, a 3ª Mostra Tiradentes SP reuniu mais de 2 mil pessoas no Teatro Anchieta do SESC Consolação para exibições e debates em torno do cinema brasileiro contemporâneo. O evento se encerrou nesse domingo, dia 22, após uma maratona de 16 sessões de cinema, com 29 filmes em exibição e três debates conceituais que versaram sobre o tema “O Lugar do Cinema” nas Artes, no Trânsito entre Telas e Na Política. Duas oficinas gratuitas – Assistência de Direção e Continuidade e O Documentário na TV: Novos Conteúdos e Novas Formas - certificaram XX alunos.
Considerada a principal plataforma do cinema nacional autoral, com 18 edições já realizadas em Minas Gerais, a Mostra Tiradentes vem pavimentando o mesmo caminho na versão realizada em São Paulo, abrindo mais uma janela de exibição e discussão da produção atual. Nessa edição, foram exibidos os sete filmes selecionados na Mostra Aurora, dedicada a diretores em seus primeiros longas-metragens, além de outras obras de destaque na cena contemporânea. A seleção, a cargo do curador Cléber Eduardo e do curador assistente Francis Vogner dos Reis, buscou maneiras de compreender e propor estilos e formas mais arriscadas no cinema brasileiro atual. Cinco estados foram representados na Mostra Aurora deste ano (Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Distrito Federal e Rio de Janeiro).
O público da Mostra Tiradentes SP pode conferir também uma sessão exclusiva dedicada ao curta-metragem paulista. A Cena Paulista apresentou temáticas e estéticas bastante variadas, filmes bem humorados e mais sérios, entre os quais comédia, filme de suspense, documentário, filme político. Para o curador Cléber Eduardo, o recorte representou a diversidade de proposta cinematográfica no curta-metragem produzido em São Paulo.
A Mostra Tiradentes SP também trouxe a pré-estreia do documentário “A Revolução do Ano”, do diretor Diogo Faggiano, que filmou três meses na Síria e Egito para compor um retrato dos jovens ativistas da Primavera Árabe.
Telas, Política e Artes
A temática “O Lugar do Cinema Hoje” aprofundou discussões iniciadas na versão mineira da Mostra, explorando novas vertentes. No primeiro debate do evento, “O Lugar do Cinema: Trânsito Entre Telas”, as possíveis janelas de exibição para filmes autorais brasileiros, dentro de suas potencialidades como experiência de se assistir cinema, foram problematizadas pelos convidados. Participaram da conversa o crítico e curador Cléber Eduardo, o cineasta Felipe Bragança e o professor e pesquisador Rubens Machado Jr..
Cléber Eduardo defendeu a importância da presença de um conjunto de pessoas dentro de um espaço, como naquela tarde, para vivenciar uma experiência estética. “O que, para mim, é muito diferente da experiência solitária de se assistir a um filme no computador”, concluiu. Felipe Bragança questionou não o papel do cinema, mas sim do cineasta no mundo contemporâneo, apontando um caminho de enfrentamento para com o mundo, não apenas de proteção. Rubens Machado Jr. ressaltou o papel histórico do cineclubismo para o cinema brasileiro como ferramenta de difusão dos filmes de autor, desde a década de 1920.
O debate “O Lugar do Cinema: Espaço da Política” foi precedido da exibição do filme “Retratos de Identificação”, da cineasta e professora Anita Leandro, que comentou sobre o vácuo de memória vivido pelo país e como isso se relaciona com o filme. “Acredito no cinema como construção de espaço; lugar de memória.”, ressaltou.
O pesquisador Hernani Heffner falou sobre a importância da documentação e preservação: “O arquivo é político. Serve à memória e ao esquecimento.", disse. Luiz Rosemberg Filho, realizador que começou a fazer cinema no inicio do período de repressão retratada pelo filme de Anita Leandro, leu um texto de sua autoria escrito especialmente para o debate. Começou contando como sofreu com a censura no período do regime militar “Meus filmes sempre foram impedidos de existir”.
A última mesa de debate, “O Lugar do Cinema: Trânsito Entre as Artes” reuniu o cineasta e dramaturgo Caetano Gotardo, o artista multimídia Tadeu Jungle e o cineasta e músico Dellani Lima. Os artistas falaram sobre seus processos de criação e da aproximação do cinema com outras artes, como poesia, teatro, música.
Foto: Divulgação
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