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Semana Santa: Espetáculo de fé e tradição nas ruas da histórica Mariana
Considerada o berço da religiosidade mineira, a cidade de Mariana – sede do primeiro bispado de Minas Gerais, criado há mais de 250 anos – prepara um verdadeiro espetáculo de devoção e fé para a Semana Santa 2015. A celebração é uma das mais tradicionais do estado, e atraem milhares de visitantes, este ano, a expectativa da Secretaria de Cultura e Turismo é receber mais de 15 mil turistas.
A cidade que nasceu sob o signo da fé, preserva uma maneira peculiar de reviver a Semana Santa. Por aqui, se mantêm tradições que datam dos séculos XVII e XVIII, ocasião em que podem ser admiradas imagens e peças sacras com mais de 300 anos. Essas peças ficam sob a tutela da Arquidiocese de Mariana, guardadas todo o ano no Museu de Arte Sacra anexa a Catedral Basílica da Sé.
Em Mariana, as celebrações começam mais cedo, no sábado (28/03), com a tradicional “Missa da Unidade”, na Catedral da Sé. Presidida pelo arcebispo dom Geraldo Lyrio Rocha, o rito marca Tríduo Pascal, com a consagração dos sacerdotes e a bênção dos santos óleos: batismo, crisma e unção dos enfermos.
Essa cerimônia costuma ocorrer na Quinta-feira Santa, há sete anos foi antecipada em Mariana para que os padres e as religiosas dos 79 municípios que integram a arquidiocese, e que ficam mais distantes, pudessem participar dessa cerimônia na Catedral da Sé e retornar a tempo para celebrar a Semana Santa em suas paróquias.
No Domingo de Ramos (29/03), os devotos saem em procissão, com ramos nas mãos, recebem as bênçãos do arcebispo. A celebração, que antecede a Páscoa, recorda a entrada de Jesus Cristo em Jerusalém, dias antes de sua morte.
Outra passagem que emociona os fiéis em Mariana é o Sermão do Encontro, na Terça-feira Santa (31/03). A cerimônia acontece na Praça Minas Gerais, um dos espaços públicos que reúne um dos mais belos conjuntos arquitetônicos brasileiros: as igrejas de Nossa Senhora do Carmo e a de São Francisco de Assis, construídas uma ao lado da outra.
Na Quinta-feira Santa (02/04), na noite em que os católicos relembram a última ceia do Senhor com os apóstolos, o arcebispo revive uma passagem bíblica em que Jesus Cristo, num gesto de humildade, lavou os pés dos apóstolos. Em Mariana, a cena é revivida na Catedral da Sé, com a lavagem dos pés de pessoas da comunidade.
A paixão e morte de Cristo, na Sexta-feira Santa (03/04), são recordadas pelo Sermão do Descendimento, na Praça Minas Gerais. A cerimônia que faz muita gente se emocionar e leva uma multidão para a procissão de enterro e o cortejo que segue pelo centro histórico. No Sábado de Aleluia (04/04), os fiéis se colocam em vigília, à espera da chegada da ressurreição do Senhor no Domingo de Páscoa.
É na Páscoa que a cidade se enche de cores com espetáculo de fé, uma tradição que perdura por séculos. Neste dia, as ruas voltam a ser enfeitadas e as janelas decoradas com colchas de retalho, toalhas bordadas e vasos de flores. A decoração este ano estará a cargo dos moradores e artistas locais. Ao som dos sinos, a igreja anuncia o início da procissão, tradição que remonta o século XVIII, acompanhadas de crianças vestidas de anjos, passando por ruas repletas de tapetes.
Almas saem em procissão na Sexta-feira
Uma das atrações da Semana Santa de Mariana é a “Procissão das Almas”, manifestação cultural popular única no estado de Minas Gerais, que ocorre na madrugada de Sexta-feira da Paixão para o Sábado de Aleluia. O evento é organizado pelo Movimento Renovador de Mariana e levam de moradores e turistas a reviverem a antiga lenda. Da porta de um cemitério, pessoas vestidas com túnicas brancas saem em procissão, caminhando pelas ruas, arrastando correntes numa procissão iluminada por velas, entoando cânticos e murmúrios, revivendo a antiga lenda, a “Procissão do Miserere”.
A professora emérita da UFOP, Hebe Rola, 80 anos, é uma das coordenadoras da procissão e destaca a importância da iniciativa para resgatar a cultura marianense. “A procissão é parte da memória marianense, é importante para as pessoas conhecerem a história da nossa cidade, contada pelo povo e uma forma de educação popular”, disse. Para a professora, a Procissão das Almas não é totalmente folclórica. Pelas suas pesquisas, ela descobriu que no século XVIII os franciscanos já faziam a procissão para recordar os fiéis da época que podiam morrer a qualquer hora e que os homens precisavam estar preparados para a morte.
Essa procissão foi narrada, pela primeira vez, pelo escritor e historiador Waldemar de Moura Santos, um dos fundadores da Casa de Cultura - Academia Marianense de Letras, no seu livro “Lendas Marianenes”, editado pela Imprensa Oficial do Estado de Minas Gerais, em 1966.
Foto: Douglas Couto
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