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Realizado pelo Sesc, Palco Giratório retorna a Minas Gerais em 2016

Três companhias mineiras participam do atual circuito, que realizará atividades em sete municípios do estado Saulo Penaforte, de Salvador (BA)

A 19ª edição do Palco Giratório já começou. A largada foi dada nesta quarta-feira (16/3) no Teatro Sesc Senac Pelourinho, em Salvador (BA), com a apresentação do espetáculo Why The Horse?, com Maria Alice Vergueiro. A atriz é a homenageada do festival, neste ano.  

Vinte companhias participam do Palco Giratório em 2016. Ao todo, serão 728 apresentações artísticas (todas gratuitas), 1.325 horas de oficinas teatrais e passagem por 145 municípios do país. Do total de grupos participantes, três são mineiros. São eles: a bailarina Dudude, a Cia. 5 Cabeças e Grupo Trampulim. O número é significativo considerando a representatividade nacional do circuito. Eles vão apresentar, respectivamente, os seguintes espetáculos: A projetista,Cachorros não sabem blefar e Manotas musicais.  

Além de Belo Horizonte, outros sete municípios realizarão atividades neste ano, em Minas Gerais: Araxá, Contagem, Juiz de Fora, Montes Claros, Poços de Caldas, Teófilo Otoni e Uberlândia. A abertura das atividades no estado será realizada em 2/6, no Sesc Palladium, na capital, também com a apresentação do espetáculo Why The Horse?     

Para a analista Técnico Social do Sesc em Minas e membro da curadoria do festival, Carol Fescina, a iniciativa segue ganhando espaço e notoriedade no estado. “Temos três grupos mineiros nessa edição. Isso é o reconhecimento de que Minas Gerais desenvolve um trabalho consistente nas artes cênicas. O Palco Giratório preza pela reflexão que o trabalho de grupo propõe. E é importante destacar que o teatro mineiro é, essencialmente, um teatro de grupo”. Para ela, conseguir realizar a iniciativa, com o mesmo porte, em um ano de crise econômica, é uma grande conquista. “Estamos felizes em manter as ações relacionadas ao projeto em uma escala crescente, envolvendo cada vez mais artistas e chegando cada vez mais próximo do público”, observou.

 Artistas de Minas  

Integrar a trupe do Palco Giratório é o sonho de muitos artistas em todas as regiões do país. O diretor do grupo belo-horizontino Trampulim, Tiago Mafra, confirma essa afirmação. Ele circulará pelo festival com o espetáculo Manotas Musicais. Tiago conta que participar da itinerância do projeto era um desejo antigo. Porém, ele recorda que já teve de recusar o convite, em outra ocasião, por conta dos dois filhos, ainda pequenos, que não podiam ficar sós, uma vez que a esposa, Adriana Morales, também atua na companhia. “Ficamos muito sentidos quando isso aconteceu, pois realmente era um grande sonho. Mas agora tivemos essa segunda chance e estamos prontos para mostrar a arte de Minas Gerais para todo o Brasil”, comemora.

Para ele, o Palco Giratório cumpre papel único de fomento às artes cênicas do país. “Levar o trabalho que desenvolvemos em Belo Horizonte a outras partes do país demandaria recursos que não temos além de uma logística muito complexa. Só conseguiremos fazer isso graças ao reconhecimento do Sesc. Do contrário, seria totalmente impraticável”, disse.   

Identidade artística  

Já consolidado no cenário cultural brasileiro, o Palco Giratório apresenta espetáculos simultâneos, percorrendo todos os estados brasileiros e contribuindo para uma política de descentralização e difusão das produções cênicas no país. A cada ano, novos grupos teatrais são avaliados para entrar no projeto, em um trabalho que envolve técnicos da área de cultura do Sesc em todo país.

Além das apresentações principais, o evento conta com atividades formativas junto ao público, como o Pensamento Giratório, espaço aberto ao público para reflexão e discussão sobre o trabalho e pesquisa dos grupos itinerantes; as Aldeias, mostras locais de artes cênicas e outras manifestações culturais, além de Oficinas e Intercâmbios, encontros de grupos locais com os grupos integrantes do circuito para troca de ideias.

De acordo com a gerente de Cultura do Departamento Nacional do Sesc, Márcia Rodrigues, a iniciativa preza pela mais ampla representatividade das artes cênicas do país na atualidade. “Há 19 anos que o Palco Giratório cumpre a função de disseminar o teatro, em diferentes manifestações e linguagens culturais. Trabalhamos a arte e a cultura em sentido amplo, apresentando desde a tradição mambembe, normalmente vinculada a gerações anteriores de atores que percorriam o Brasil, até espetáculos contemporâneos”, destaca.

O Palco em números

Este é o quinto ano consecutivo que Minas Gerais recebe o Festival Palco Giratório. Ao longo de seus 19 anos de existência, o projeto se consolidou no cenário cultural levando uma grande variedade de gêneros e linguagens artísticas para um público diversificado de mais de 4,5 milhões de pessoas. 

Ao todo, já foram 7.696 apresentações com 253 grupos de teatro de rua, circo, dança entre outras linguagens artísticas — em instalações do Sesc, praças e outros espaços urbanos. Mais do que entretenimento, essa iniciativa tem como objetivo não só a troca de experiências e vivências entre os artistas, mas também a difusão de montagens regionais pelo país afora, além de criar oportunidades de inserção de artistas, produtores e técnicos no mercado de trabalho. 

 

Homenagem a Maria Alice Vergueiro

A atriz Maria Alice Vergueiro, que também é pedagoga e professora, é a homenageada especial do Palco Giratório neste ano. Integrante do grupo Teatro Oficina, ela participou de suas montagens consideradas mais radicais, como O Rei da Vela.Ao lado de Cacá Rosset fundou o irreverente grupo Ornitorrinco. Interpretou as principais peças de Brecht (Mãe Coragem) e fez um extraordinário Beckett (Katastrophé, 1986), elogiado por críticos do porte de Alfredo Mesquita (1907-1986), que classificou sua atuação na peça de “espantosa”.

“A história da atriz se confunde com a própria história do moderno teatro brasileiro. Ela é, sem dúvida, um dos grandes nomes das artes cênicas nacional e nada mais justo que prestarmos a nossa homenagem e reconhecimento”, reforça Márcia Rodrigues.

Após, seis meses no hospital, instigada pelo tema da morte e reconhecendo seu próprio e natural receio diante do fim, Maria Alice Vergueiro convocou seus parceiros de grupo Pândega de Teatro para a criação de um espetáculo em que pudesse ensaiar seu derradeiro momento. Surgiu, então, o Why The Horse? nos palcos. “Mas o que eu acho interessante é que, mesmo quando eu estou lá no velório, eu não fico propriamente querendo imitar a morta. Eu gosto de me tornar acessível às pessoas que vão me ver, que vão perto, que às vezes cantam músicas no meu ouvido”, revela Vergueiro.

Em 2006, Maria Alice ganhou destaque após o vídeo Tapa Na Pantera ter mais de 6 milhões de visualizações no YouTube. No curta, ela retrata a história de uma senhora que fuma maconha há 30 anos e nunca ficou viciada.

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